Doença celíaca

Autor: Maria Miguel Lopes, Mafalda Ferreira da Silva

Última atualização: 2016/11/06

Palavras-chave: Doença Celíaca; Glúten; Desnutrição; Doença auto-imune; Dieta sem glúten



Resumo


A doença celíaca surge em pessoas suscetíveis geneticamente, e carateriza-se pela presença de inflamação e atrofia ao nível do intestino delgado, desencadeados pela ingestão de glúten (proteína presente no trigo, centeio e cevada e aveia).
Provoca alterações intestinais (dor, diarreia, prisão de ventre), alteração do crescimento, entre outros sintomas e surge normalmente nas crianças entre os 6 e os 24 meses, após a introdução de glúten na alimentação. O tratamento passa por uma alimentação com alimentos sem glúten, para sempre. A identificação precoce desta doença permite prevenir inúmeras complicações.




Doença celíaca


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A doença celíaca é uma doença em que pessoas suscetíveis geneticamente, apresentam inflamação e atrofia ao nível do intestino delgado, desencadeados pela ingestão de glúten (proteína de origem vegetal, presente no trigo, centeio, cevada e aveia). Estas alterações condicionam uma diminuição da absorção dos nutrientes, principal causa dos sintomas que aparecem.

Qual a causa?


Normalmente, o sistema imunitário está orientado para a proteção do organismo contra microrganismos estranhos. Nesta doença, desenvolvem-se anticorpos contra o glúten que depois agridem a mucosa do intestino delgado, provocando inflamação destes tecidos e alterações da sua estrutura e função. Há um carácter genético nesta doença sendo comum haver mais casos na família (risco de 10%).

Quais os sintomas?


A doença celíaca pode manifestar-se em qualquer idade, mas surge, mais tipicamente nas crianças entre os 6 e os 24 meses, após a introdução do glúten na alimentação.
Quando esta doença se manifesta na idade adulta pode surgir com formas mais atípicas.

Sinais e sintomas da doença celíaca
Forma típica (crianças)
Forma atípica (adultos)
Diarreia ou obstipação Anemia
Dor abdominal Osteoporose
Distensão abdominal Alterações neurológicas
Vómitos Alterações do comportamento (irritabilidade)
Atraso de crescimento Alterações da pele
Perda de peso e/ou ganho insuficiente de peso Infertilidade


Como se faz o diagnóstico?


Perante a suspeita, a confirmação do baseia-se na deteção, em análises sanguíneas, da presença de três auto-anticorpos (anti-transglutaminase, anti-gliadina e anti-endomísio), que normalmente não existem.
Será necessário também realizar uma biópsia do intestino delgado através de uma endoscopia digestiva alta que irá confirmar as alterações de inflamação e atrofia da parede do intestino, típicas desta doença.
Pessoas com outras doenças auto-imunes, como a diabetes mellitus tipo 1, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistémico e tiroidite auto-imune apresentam um risco aumentado de desenvolver esta doença.

Tratamento


O único tratamento realmente eficaz é a instituição de uma alimentação sem glúten, indefinidamente.
Os doentes sentem, normalmente, alivio dos sintomas em poucos dias, mas as alterações intestinais podem demorar meses a normalizar.
É importante saber identificar os alimentos que possuem glúten, pelo que a procura da designação “sem glúten” ou, em inglês, “gluten free” pode ajudar.

Alimentos que o doente celíaco deve evitar e os que pode comer
Alimentos com glúten
Alimentos sem glúten
Trigo, ceveia, centeio, malte, aveia Batata, arroz, alfarroba
Pão, produtos de pastelaria e confeitaria, bolachas e biscoitos Açúcar, mel, compotas caseiras
Queijo creme e queijos comerciais de composição desconhecida Carne, peixe, ovos
Farinheira e alheira e outros enchidos Legumes e frutas
Compotas ou sumos industriais com espessantes desconhecidos Leguminosas (grão de bico, feijão, favas, lentilhas, soja, etc)
Sobremesas instantâneas, gelados comerciais de composição desconhecida Azeite e óleos vegetais
Salgados (rissóis, croquetes, etc.) e panados Água, leite, chá, infusões, café ou café descafeinado
Cerveja, whisky, gin Vinho, vinho do Porto, espumante, champanhe


Prognóstico


Esta é uma doença crónica, que implica uma dieta sem glúten para toda a vida. Se mantiver os cuidados na alimentação, o prognóstico é bom e poderá ter uma vida longa e com qualidade quaisquer complicações. Há um risco embora pequeno de poder desenvolver alguns cancros intestinais, que praticamente desaparece com a eliminação do glúten na alimentação.

Conclusão


A doença celíaca é uma doença com grande impacto, cujas complicações podem ser prevenidas pela sua identificação precoce. O mais comum é os sintomas aparecerem nas crianças, onde o diagnóstico é mais fácil. Mas pode aparecer nos adultos. Se suspeitar de que não tolera bem os cereais, sobretudo com sintomas a nível intestinal, aconselhe-se com o seu médico.

Referências recomendadas


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