Chupeta

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Autor: Catarina Ramos Rodrigues, Fernando Diogo Milheiro, Francisca Castro Lopes, Manuel Pedro Guedes, Pedro Peixoto, Sara Daniela Peixoto

Última atualização: 2018/12/19

Palavras-chave: Chupeta, Sucção nos dedos, Desenvolvimento orofacial, Síndrome morte súbita do atente, Amamentação.



Resumo


Hábitos de sucção não nutritiva, como a sucção na chupeta ou nos dedos, são adquiridos durante a infância e apresentam benefícios como o efeito calmante e a diminuição do risco de Síndrome de morte súbita do lactente. No entanto, podem ter consequências adversas para a saúde e desenvolvimento da criança, como problemas do desenvolvimento da face e boca, da saúde oral, e do risco de parar a amamentação.
Nesta ponderação o benefício parece ser superior ao risco, pelo que não há motivo real para combater a sua utilização, tendo, porém, o cuidado de estar atento a alguns fatores que possam condicionar a sua correta utilização, com eventuais consequências a longo prazo.




Hábitos de sucção não nutritiva


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Os hábitos de sucção não nutritiva, como a sucção da chupeta ou dos dedos, fazem parte do desenvolvimento normal do bebé. Ocorre em 70-90% das crianças e a sua prevalência tende a diminuir com o avanço da idade. A sucção nos dedos tem maior probabilidade de persistir após os 4-5 anos de idade do que a chupeta. A decisão de oferecer a chupeta é dos pais. Entender os benefícios e os riscos ajuda a ponderar a opção de uma forma consciente, livre e esclarecida.

Quais são as consequências que podem advir?


Efeito calmante

A chupeta pode ajudar a acalmar o bebé quando está mais agitado. Oferece uma distração durante manobras como administrar uma vacina ou uma colheita de sangue. Ajuda o bebé a adormecer, mas não parece ter qualquer efeito na duração do sono ou nos despertares noturnos.

Síndrome da morte súbita do lactente

O uso de chupeta está associado a uma redução do risco de Síndrome de morte súbita do lactente, pelo que esta deve ser oferecida ao bebé para dormir. Não existe necessidade de a reintroduzir após adormecer, nem deve ser forçado o uso da mesma, caso seja rejeitada. Não existe evidência de efeitos benéficos da sucção nos dedos na diminuição do risco de morte súbita.

Orofaciais
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A utilização de chupeta pode contribuir para uma má-oclusão dentária devido ao aumento da distância entre os dentes incisivos de ambas as arcadas, ao incorreto posicionamento dos molares e pré-molares superiores e inferiores e ao estreitamento/arqueamento do palato. Estas alterações impedem o normal desenvolvimento das estruturas que compõem a face e boca. Os seus efeitos são dependentes da duração e frequência de uso. Usar a chupeta por mais de dois anos e durante o dia e a noite aumenta o risco de alterações da oclusão. A chupeta está ainda relacionada com dificuldades de deglutição e com o aumento do risco de cáries dentárias. Estes problemas podem-se repercutir na vida adulta com alteração das estruturas da face e problemas ligados à dinâmica da boca e à mastigação dos alimentos.

Amamentação

A relação entre o uso de chupeta e a amamentação não está completamente esclarecida. Embora existam estudos que associem o seu uso a um maior risco de interrupção precoce da amamentação e menor duração da mamada, não se encontra estabelecida uma relação causa-efeito. De qualquer forma, recomenda-se que a introdução da chupeta seja feita apenas a partir da 3.ª semana de vida, altura em que a adaptação à mama está perfeitamente estabilizada Relativamente à sucção nos dedos, não estão descritas consequências para a amamentação.

Conselhos e precauções


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  • As chupetas de peça única são mais seguras, uma vez que reduzem o risco de aspiração devido a peças soltas.
  • Todas as chupetas devem ser avaliadas periodicamente de modo a verificar eventuais sinais de deterioração. As de borracha devem ser trocadas com maior frequência, pelo risco de fragmentação de partículas.
  • O aro à volta da tetina deve ser suficientemente grande de modo a impedir a sua completa introdução na boca da criança, com consequente risco de asfixia. Este deve igualmente apresentar pequenos orifícios na superfície, de modo a permitir a passagem de ar, caso ocorra aspiração. Pela mesma razão, o uso da tetina do biberão como substituto da chupeta não é recomendado.
  • A chupeta não deve ser usada como substituto de refeições ou para atrasar as mesmas. Apenas deve ser oferecida à criança quando esta não tem fome.
  • Não deve ser forçado o uso da chupeta quando a criança não a quer.
  • Deve ter atenção ao comprimento do fio da chupeta. Este não deve ser longo o suficiente para ficar preso à volta do pescoço do bebé.
  • Não deve colocar substâncias açucaradas na chupeta.



Quando introduzir a chupeta?


Caso o bebé esteja a ser amamentado, é aconselhável que a introdução da chupeta apenas seja feita após este ter aprendido a mamar corretamente, o que geralmente ocorre até às 3-4 semanas de vida.

Como quebrar o hábito?


O risco de complicações aumenta significativamente quando as crianças utilizam a chupeta ou chucham nos dedos para além dos 2 anos de idade e, portanto, esta será a altura limite para quebrar o hábito.
Na maioria dos casos, a interrupção é espontânea e não necessita de grande intervenção. É importante não sobrevalorizar nem dar demasiada atenção. Exercer pressão psicológica ou punir a criança, não são estratégias eficazes, podendo mesmo ser prejudiciais. Ao invés, a criança deve ser elogiada quando não os praticar. E perceber Nos casos em que recorre a este hábito nos momentos de aborrecimento, deve-se mantê-la com as mãos ocupadas, ou tentar entretê-la.

Conclusão


A chupeta pode ser um bom aliado, essencialmente pelo efeito calmante que tem para o bebé. Deve ser introduzida depois da adaptação à mama e retirada por volta dos 2 anos de uso.

Referências recomendadas



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