Sífilis

Revisão das 21h59min de 9 de julho de 2017 por Paulo Santos (Discussão | contribs)

Autor: Paulo Santos

Última atualização: 2017/07/09

Palavras-chave: Sífilis, Doenças Sexualmente Transmissíveis; Preservativo



Resumo


A sífilis é uma infeção de transmissão sexual provocada por uma bactéria. É tratável com antibióticos.
Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento do número de novos casos, relacionado com a diminuição do cuidado necessário na prevenção da sua transmissão.
As práticas sexuais seguras incluem a diminuição do número de parceiros e a utilização do preservativo (método eficaz para diminuir o risco de transmissão).
Uma aspeto muito importante é informar o parceiro(a) de que tem o diagnóstico no sentido de poder fazer os testes e o respetivo tratamento, se necessário.



Sífilis


Treponema pallidum.jpg

A sífilis é uma infeção de transmissão sexual provocada por uma bactéria, o Treponema pallidum.
A epidemia de sífilis terá entrado na Europa por Itália no século XV, transportada do Novo Mundo pelos navegadores de Cristóvão Colombo. O primeiro surto bem conhecido aconteceu em Nápoles em 1494 com grande mortalidade, e tem-se mantido ao longo do tempo com atingimento de maior ou menor quantidade de pessoas.
Parece haver um aumento do número de novos casos nos últimos anos. Num trabalho envolvendo dadores de sangue em Portugal entre 2010 e 2014, encontrou-se uma prevalência de 239 casos/100.000 dadores. Nos Estados Unidos foram detetados mais de 20.000 novos casos em 2015, representando um crescimento de quase 20% em relação ao ano anterior.

Como evolui a sífilis?


A sífilis é uma doença indolente que pode evoluir durante anos sem dar grandes sintomas. Caracteristicamente desenvolve-se em três fases sequenciais que, no entanto, podem sobrepor-se ao longo do tempo.

Sífilis primária
Úlcera sifilítica num dedo

Na primeira fase, que vai desde 3 semanas após o contágio e que pode durar até 1 a 2 meses, aparece uma ferida (úlcera), dura e não dolorosa no local de contágio, mais frequentemente na região genital mas pode envolver qualquer região do corpo: pele, boca, garganta ou recto. Muitas vezes passa despercebida. Podem aparecer também gânglios aumentados de tamanho na região.
Esta ferida vai desaparecer espontaneamente. Isso não significa a cura da doença mas a evolução para a fase seguinte.

Sífilis secundária

Na sífilis secundária desaparece a ferida e aparece um vermelhão no tronco que pode progredir para todo o corpo, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés. Pode-se acompanhar de sintomas gerais de febre, mal estar e dores musculares, e aparecer episodicamente ao longo dos meses seguintes.

Sífilis latente

Na fase latente, a sífilis pode evoluir ao longo de anos sem qualquer sintoma. A pessoa pode contagiar os seus parceiros.

Sífilis tardia

Até 30% dos doentes não tratados podem vir a desenvolver sintomas de atingimento cerebral, cardiovascular, no fígado, ou nas articulações. Esta forma é muito grave e nesta fase o tratamento pode não ser completamente eficaz.

Sífilis congénita

Se a grávida for portadora de sífilis pode transmitir a infeção ao bebé, através da placenta ou no momento do parto, que nascerá com uma sífilis congénita. Trata-se de uma forma extremamente grave de sífilis que pode provocar parto pretermo e morte fetal, e cursar com surdez e problemas dentários no futuro.

Quem está em risco de contrair a infeção?


Os fatores de risco para a sífilis são comuns às infeções de transmissão sexual:

  • Início precoce da atividade sexual
  • Utilização não adequada dos métodos de barreira
  • Ter múltiplos parceiros sexuais
  • Pessoas que têm relações sexuais a troco de dinheiro ou drogas
  • Pessoas ligadas à prostituição (masculino e feminino)
  • Pessoas com perturbação mental ou cognitiva, que interfira na capacidade de discernimento
  • Utilizadores de drogas por via parentérica ou pessoas que têm relações sexuais sob o efeito de drogas.
  • Pessoas com passado de abuso sexual
  • Reclusos e ex-reclusos
  • Pessoas em risco de exclusão social
  • Pessoas que passam longos períodos de tempo fora do agregado familiar
  • Portadores de outras Infeções Sexualmente Transmissíveis, principalmente o Vírus da Imunodeficiência Adquirida (VIH)



Diagnóstico


O diagnóstico da sífilis é feito com base nos sintomas e em análises específicas.
O VDRL é o teste usado no rastreio. É positivo nas pessoas que têm sífilis, mas também noutros casos pelo que carece de confirmação com outros testes.
Nas pessoas que tiveram sífilis, os testes mais específicos, chamados treponémicos, (TPHA e FTA-ABS) podem permanecer positivos indefinidamente.

Tratamento


O tratamento da sífilis é feito com antibióticos. A penicilina numa única dose é a primeira opção terapêutica, mas o médico prescreverá a melhor opção para cada caso.
Todos os doentes que fizeram tratamento devem fazer um seguimento específico com análises e evitar relações sexuais sem proteção até comprovar a cura.
A sífilis é transmissível pelas relações sexuais. Todos os doentes têm o dever de informar os parceiros(as) de forma a que eles também possam fazer os testes e, sendo positivos, aceder atempadamente aos tratamentos. É a melhor forma de cortar a cadeia de transmissão e fazer com que os relacionamentos sejam mais seguros. Também é recomendado que todos os doentes façam o rastreio do VIH.
Ter tido sífilis no passado não protege de novas infeções. Uma pessoa que tenha tido a doença e que tenha feito tratamento, pode vir a ser novamente contagiado no futuro, pelo que a prevenção é sempre necessária.

Prevenção


Ask for condom.jpg

A prevenção da sífilis passa pela abordagem das situações de risco.
A única forma de não adquirir uma infeção sexualmente transmissível é não ter relações sexuais, ou manter uma relação monogâmica com um(a) parceiro(a) negativo(a).
A utilização correta do preservativo é uma forma de prevenir a transmissão ao evitar o contacto com fluídos infetados (sémen ou secreções vaginais). No entanto há a possibilidade de contágio se houver contacto da bactéria com áreas da pele e mucosas não protegidas pelo preservativo.
O rastreio é proposto às mulheres durante a gravidez e a todas as pessoas com risco aumentado de poder ter a doença (como pessoas com múltiplos parceiros sexuais, infeção por VIH, homens que têm relações sexuais com outros homens, ter um parceiro(a) com sífilis ativa).

Conclusão


A sífilis é uma doença de transmissão sexual, tratável com antibióticos e prevenível pela adoção de comportamentos sexuais seguros.
Mais vale prevenir do que remediar!

Referências recomendadas



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