Diferenças entre edições de "Anticoagulação oral"

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A anticoagulação oral é utilizada numa variedade de situações clínicas com o objetivo de diminuir a coagulação sanguínea.<br>
 
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Atualmente existem diferentes grupos de anticoagulantes orais: os antagonistas da vitamina K, como o Varfine® (Varfarina) e o Sintrom® (Acenocumarol), e os novos anticoagulantes orais (Dabigatrano, Rivaroxabano, Apixabano e Edoxabano). No grupo dos antagonistas da vitamina K é necessário uma análise laboratorial periódica, cuidados alimentares e precaução com interações medicamentosas. Relativamente aos novos anticoagulantes orais não há necessidade de qualquer controlo laboratorial. <br>
 
Atualmente existem diferentes grupos de anticoagulantes orais: os antagonistas da vitamina K, como o Varfine® (Varfarina) e o Sintrom® (Acenocumarol), e os novos anticoagulantes orais (Dabigatrano, Rivaroxabano, Apixabano e Edoxabano). No grupo dos antagonistas da vitamina K é necessário uma análise laboratorial periódica, cuidados alimentares e precaução com interações medicamentosas. Relativamente aos novos anticoagulantes orais não há necessidade de qualquer controlo laboratorial. <br>
A diminuição dos episódios de trombose salva vidas mas existe o risco de hemorragias que podem ser graves. Estabelecer o equilíbrio entre as duas situações é fundamental. |}
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* [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15911722 Holbrook AM, Pereira JA, Labiris R, McDonald H, Douketis JD, Crowther M, Wells PS. Systematic overview of warfarin and its drug and food interactions. Arch Intern Med. 2005 May 23;165(10):1095-1106]
 
* [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15911722 Holbrook AM, Pereira JA, Labiris R, McDonald H, Douketis JD, Crowther M, Wells PS. Systematic overview of warfarin and its drug and food interactions. Arch Intern Med. 2005 May 23;165(10):1095-1106]
 
* [http://www.spc.pt/spc/ Sociedade Portuguesa de Cardiologia]
 
* [http://www.spc.pt/spc/ Sociedade Portuguesa de Cardiologia]
* [http://www.uptodate.com/contents/warfarin-and-other-vkas-dosing-and-adverse-effects?source=search_result&search=warfarin&selectedTitle=1~150 UpToDate]
 
 
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Revisão das 18h09min de 30 de junho de 2018

Autor: Catarina Macedo, Manuela Araújo, Mélina Lopes, Rita Fontes Oliveira

Última atualização: 2016/04/26

Palavras-chave: Anticoagulantes orais, Varfarina, Acenocumarol, Interações medicamentosas



Resumo


A anticoagulação oral é utilizada numa variedade de situações clínicas com o objetivo de diminuir a coagulação sanguínea.
Atualmente existem diferentes grupos de anticoagulantes orais: os antagonistas da vitamina K, como o Varfine® (Varfarina) e o Sintrom® (Acenocumarol), e os novos anticoagulantes orais (Dabigatrano, Rivaroxabano, Apixabano e Edoxabano). No grupo dos antagonistas da vitamina K é necessário uma análise laboratorial periódica, cuidados alimentares e precaução com interações medicamentosas. Relativamente aos novos anticoagulantes orais não há necessidade de qualquer controlo laboratorial.
A diminuição dos episódios de trombose salva vidas mas existe o risco de hemorragias que podem ser graves. Estabelecer o equilíbrio entre as duas situações é fundamental.




O que é a anticoagulação oral?


A anticoagulação oral é um tratamento que permite, através da administração de medicamentos, diminuir a capacidade de coagulação do sangue. Estes medicamentos atuam inibindo os fatores da coagulação, fazendo com que o sangue se torne mais “fino”. A diminuição da capacidade de coagulação tem como objetivo reduzir a possibilidade de formação de coágulos, vulgarmente denominados “trombos”, na circulação sanguínea. Assim se evitam as tromboses e as embolias.
A anticoagulação oral é utilizada nos doentes com:

  • Alterações do ritmo cardíaco (a mais comum das quais é a fibrilhação auricular);
  • Doenças das válvulas cardíacas;
  • Prótese valvular cardíaca mecânica;
  • Trombose venosa profunda (muitas vezes associadas a varizes dos membros inferiores);
  • Algumas doenças genéticas;
  • Algumas doenças oncológicas.


Que medicamentos se usam?


Atualmente existem dois grupos de anticoagulantes orais: os antagonistas da vitamina K (Varfarina e Acenocumoral) e os novos anticoagulantes orais (Dabigatrano, Rivaroxabano, Apixabano e Edoxabano). Ambos os grupos têm indicações específicas aprovadas. Estes novos anticoagulantes orais, apesar dos custos elevados, não requerem monitorização laboratorial e têm menos interações com alimentos e outros medicamentos, pelo que oferecem mais segurança no tratamento. Os antagonistas da vitamina K por necessitarem de uma análise laboratorial periódica, cuidados dietéticos e precaução com possíveis interações medicamentosas, constituem um grande desafio na sua utilização crónica.
A escolha terapêutica destes medicamentos deve ser individualizada.

Como se controla a anticoagulação oral?


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O controlo da anticoagulação oral é necessário com os antagonistas da vitamina K (Varfine® e Sintrom®). Pressupõe a manutenção dos níveis de coagulação entre um nível mínimo e um máximo. Se a coagulação se encontrar abaixo dos níveis mínimos (sangue mais “grosso”) continua a existir risco de trombose. Se estiver acima dos níveis máximos (sangue mais “fino”) existe o risco de hemorragias espontâneas ou como resultado de pequenos traumatismos.
O tratamento necessita de um controlo muito cuidadoso. Cada pessoa requer a sua própria dose. Necessitará de realizar análises ao sangue a cada 4-6 semanas. Neles mede-se o grau de coagulação do sangue e calcula-se um valor chamado INR. Segundo o resultado do INR, define-se a quantidade de medicamento diário. O valor alvo depende da situação clínica. Na maioria dos casos, recomenda-se o valor de INR entre 2 e 3.

O que deve fazer?


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  • Tome o medicamento todos os dias e à mesma hora.
  • Tome a quantidade exata de comprimidos. Não altere a dose por sua conta.
  • É melhor fora das refeições, 1 hora antes do almoço ou jantar.
  • Respeite o dia e a hora das suas análises de controlo. Pode tomar o pequeno-almoço antes.
  • Evite mudanças bruscas na sua alimentação.
  • Pode beber vinho ou cerveja em pequenas quantidades, com a refeição. Evite bebidas mais fortes.
  • Não tome nenhum medicamento novo, nem pare nenhum tratamento crónico, sem antes consultar o seu médico.
  • Quando é atendido por profissionais de saúde informe sempre que toma anticoagulantes. Também o deve fazer em caso de extrações dentárias, endoscopias e intervenções cirúrgicas.
  • Se tiver febre ou dor, pode tomar paracetamol.
  • Pode realizar análises ao sangue e radiografias com contraste.


Quais os alimentos que interferem no controlo da coagulação?


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Uma alimentação rica em vitamina K vai ter um efeito contrário à ação do Varfine ® e do Sintrom ®.
Nenhum alimento está proibido, mas sabe-se que a vitamina k está distribuída de forma irregular pelos diferentes alimentos, o que implica que quem estiver a tomar esta medicação deva considerar as diferentes opções no sentido de manter a ingestão de vitamina K regular e sem excessos.

Alimentos que interferem com o Varfine ® e Sintrom ®
Fruta Uva, Kiwi, Figo, Pera abacate, Ameixa preta, Mamão
Chás Chá verde, Chá de Hipericão, Camomila, Ginseng
Cereais Pão integral
Legumes Batata, Couve-lombarda, Couve-galega, Pepino, Couve-flor, Espinafre, Salsa, Espargos, Alface, Nabo, Beterraba. Bróculos
Óleos Óleo de soja, Óleo de peixe
Carnes e ovos Gema de ovo, Fígado de vaca
Leguminosas Grão de bico, Soja, Lentilha, Ervilha
Plantas Açafrão, Alho, Aloe Vera, Cardo Mariano, Catanheiro-da-índia, Pirliteiro, Funcho, Ginkgo biloba, Gilbardeira, Mostarda
Esta lista não é definitiva. Vários outros alimentos podem interferir com os anticoagulantes orais. Pode consultar a lista atualizada aqui.



Interferência com álcool


As bebidas alcoólicas são permitidas até 1 medida nas mulheres e 2 nos homens (uma medida corresponde a 1 copo de vinho maduro de 150 ml ou equivalente). No entanto, o excesso crónico pode diminuir o INR e o excesso agudo pode elevar o INR, contribuindo para um mau controlo e risco de complicações.

Que medicamentos interferem com o Varfine® e o Sintrom®?



Medicamentos que potenciam o efeito anticoagulante Medicamentos que diminuem o efeito anticoagulante
Paracetamol Coltestiramina
Amiodarona Sucralfato
Androgénios Estrogénios
Ácido acetilsalicílico (Aspirina®) Medicamentos antiepiléticos (barbitúricos, carbamazepina)
Medicamentos para o colesterol (fibratos, Estatinas) Algumas vitaminas contendo vitamina K
Alguns antibióticos (ciprofloxacina, tetraciclinas, eritromicina, cotrimoxazol)
Antifúngicos (metronidazol, itraconazol)
Anti-inflamatórios (celecoxib, indometacina)
Analgésicos (tramadol)
Hormona Tiroideia



Deve consultar o seu médico


  • Se suspeita que está grávida.
  • Se apresenta hemorragias ligeiras. Por exemplo sangrar do nariz, menstruações mais abundantes que o habitual e equimoses na pele.

Deve recorrer ao serviço de urgência em caso de


  • Hemorragias mais importantes, hematomas grandes, expetoração e urina com sangue.
  • Fezes negras como alcatrão.
  • Dor de cabeça muito intensa e repentina.
  • Dificuldade em falar.
  • Problemas de visão.

Conclusão


A anticoagulação oral pode salvar vidas, mas tem riscos que importa conhecer.
Nenhum alimento está proibido!
Deve ser capaz de gerir a sua própria alimentação, evitando mudanças bruscas.
Se detetar algum sinal de hemorragia ou trombose consulte o seu médico.



Referências recomendadas





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Catarina Macedo, Manuela Araújo, Mélina Lopes, Rita Fontes Oliveira



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