Otite média aguda

Revisão das 12h19min de 18 de janeiro de 2024 por Paulo Santos (Discussão | contribs)

Autor: Carla R. Martins

Última atualização: 2024/01/18

Palavras-chave: otite média; vírus sincicial respiratório, Streptococcus pneumoniae; dor de ouvido



Resumo


A otite média aguda é uma doença frequente nas crianças, e uma das principais causas de prescrição de antibióticos nesta faixa etária. Associa-se frequentemente a uma infeção respiratória, que causa acumulação de secreções e um ambiente propício para o crescimento de microrganismos causadores de doença, levando à infeção.
O diagnóstico é feito na presença de alterações quando se examina o ouvido, nomeadamente, alterações na estrutura, cor e aspeto do tímpano, existência de líquido abundante no ouvido, dor e/ou outros sintomas gerais, como febre, perda de apetite, irritabilidade, choro, entre outros.
O tratamento varia conforme a idade da criança, os antecedentes e a gravidade, podendo consistir apenas em alívio da dor e inflamação com analgésicos ou anti-inflamatórios, ou necessidade de antibiótico.




Otite Média Aguda


A otite média aguda (OMA) é uma das infeções mais comuns em idade pediátrica, estimando-se que cerca de cerca de 80-90% das crianças até aos 3 anos de idade terão pelo menos um episódio, sendo motivo frequente da necessidade de utilização de antibióticos.

Causa


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A otite média aguda é a infeção do ouvido médio que se situa entre o tímpano e o ouvido interno.
A maioria das situações de otite média aguda (65%) devem-se a uma infeção simultânea (co-infeção) por vírus e bactérias. Em 20% das situações, no entanto, esta infeção é unicamente devida a vírus (vírus sincicial respiratório, adenovíros, rinovírus, influenza e parainfluenza). As bactérias mais frequentemente envolvida na OMA são o Streptococcus pneumoniae (25-50% dos casos), Haemophilus influenzae (15-30%, mais frequentes quando há OMA nos dois ouvidos) e a Moraxella catarrhalis (3-20%).

Fatores de risco:


  • Idade: dois picos de aparecimento entre os 6-18 meses e os 5-6 anos;
  • História familiar de otites;
  • Sexo masculino;
  • Frequentar creche/infantário
  • Fatores peri-natais: muito baixo peso ao nascimento (< 1500g), pré-termo com < 33 semanas, ausência de aleitamento materno;
  • Exposição a fumo de tabaco ou poluição;
  • Uso de chupeta
  • Outono-Inverno: pela associação com as infeções respiratórias;
  • Imunodepressão e malformações.



Diagnóstico e sintomas


Pode-se classificar a otite média aguda em 3 tipos:

  • OMA esporádica,
  • OMA de repetição-persistente (quando há uma otite menos de 7 dias após tratamento e cura de outa otite e, portanto, trata-se da mesma infeção)
  • OMA de repetição-recorrente (quando há mais de 3 otites em 6 meses ou mais de 4 em 1 ano separadas entre si por mais de 7 dias, sendo, portanto, infeções diferentes).


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Os sintomas de suspeição variam com a idade da criança. No bebé existe frequentemente: febre, perda de apetite, sonolência maior, choro, irritabilidade, despertar noturno com choro, vómitos, diarreia e colocação da mão frequentemente no ouvido. Enquanto que na criança e adolescente é mais frequente: dor de ouvido, líquido/corrimento do ouvido, febre, diminuição da capacidade de ouvir, dor de cabeça e maior cansaço/sonolência. Em todas as idades existem alguns sinais de maior gravidade, que não devem ser esquecidos: otite bilateral, otite recorrente, febre superior a 39ºC, sonolência marcada, mau estado geral e persistência dos sintomas após 48h.

Tratamento


O tratamento da otite, tal como os sintomas, varia com a idade da criança.

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Em todas as faixas etárias, em caso de dor de ouvido ou febre, é importante a criança ser medicada com analgésico e antipirético (do tipo do paracetamol, do ibuprofeno ou de outros com a mesma finalidade). Este tratamento pode mesmo ser iniciado pelos pais, no domicílio, de forma a dar conforto e aliviar os sintomas da criança.
Na maioria das crianças com mais de 6 meses de idade, que não apresentem sinais de gravidade, pode optar-se pelo tratamento de alívio sintomático, com reavaliação médica após 48-72h. Nos lactentes e em casos com maior gravidade pode ser necessária a introdução de antibiótico mais precocemente.

Prevenção


As medidas preventivas são essencialmente a evicção de alguns fatores que fazem aumentar o risco, nomeadamente:

  • Amamentar com leite materno (que contém compostos nutritivos e de defesa que protegem as crianças de muitas doenças infeciosas);
  • Evitar exposição a poluição e fumo de tabaco;
  • Evitar/minimizar o contacto com outras pessoas que tenham infeção respiratória;
  • Diminuir a utilização da chupeta.
  • A existência de uma vacina contra o Streptococcus penumoniae, atualmente já inserida no Plano Nacional de Vacinação (PNV), veio diminuir os casos de OMA a nível mundial, diminuir a gravidade e possivelmente alterar nos próximos anos o agente causador mais frequente.

Complicações


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Embora a otite média aguda seja maioritariamente uma doença com uma evolução benigna e resolução rápida, algumas vezes podem surgir complicações associadas, nomeadamente: otite média crónica; mastoidite; parésia do nervo facial (nervo principal responsável pelos movimentos da face); labirintite; abcesso temporal; e meningite. Estas situações podem ter gravidade e exigem a atuação médica especializada.

Conclusão


A otite média aguda é uma infeção frequente nas crianças. O tratamento é simples, dependendo dos sintomas e idade do doente. A maior parte das vezes a evolução é boa. A prevenção é importante e eficaz a reduzir esta situação.

Referências recomendadas



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