Autor: Andreia Amaral Pinto, Eduarda Alves, Joana Lamas
Última atualização: 2019/07/31
Palavras-chave: Doença de Dupuytren; Contratura de Dupuytren; Dedos; Mão; Fibrose
ÍndiceResumoA Doença de Dupuytren é uma doença benigna que pode afetar os dedos e a palma da mão. A causa não está totalmente esclarecida, mas sabe-se que fatores genéticos e ambientais contribuem para o seu aparecimento. É mais comum nos homens e à medida que a idade avança. |
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A Doença de Dupuytren, também designada por contratura de Dupuytren, é uma doença benigna que afeta os dedos e a palma da mão. Caracteriza-se pela formação progressiva de fibrose, com espessamento anormal, ao nível da fáscia palmar (camada de tecido que existe na mão, por baixo da pele, mas acima dos tendões). A evolução é, geralmente, lenta.
A causa não está totalmente esclarecida, contudo fatores genéticos, ambientais (abuso de álcool, tabaco e diabetes mellitus) e profissionais contribuem para o seu aparecimento.
Pode existir um processo semelhante noutras partes do corpo, nomeadamente, na planta do pé (designado por Doença de Ledderhose) e no pénis (designada por Doença de Peyronie).
A sua prevalência aumenta com a idade, tornando-se mais frequente a partir dos 40 anos, com predomínio nos homens.
Inicialmente surge um aspeto enrugado na mão devido ao espessamento e retração da pele, a que se segue o aparecimento de um nódulo na palma da mão junto à base do dedo (mais comum no dedo anelar). Algumas pessoas referem dor no local. Estes nódulos podem progredir e formar bandas, semelhante a cordas. À medida que a doença evolui, verifica-se uma curvatura progressiva dos dedos envolvidos em direção à palma da mão (“Contratura de Dupuytren”). Com o tempo, a limitação é mais notória, principalmente quando as pessoas não conseguem colocar a mão esticada sobre uma mesa, ou têm dificuldade em colocar a mão no bolso ou calçar umas luvas.
Atinge mais frequentemente o 4º e o 5º dedos (anelar e mindinho). Pode surgir em ambas as mãos, embora habitualmente uma delas seja mais afetada do que a outra.
Habitualmente não são necessários outros exames para confirmar o diagnóstico.
O tratamento depende da severidade da doença, das limitações causadas e da interferência nas atividades da vida diária de cada pessoa. O objetivo é restabelecer a capacidade funcional habitual dos dedos e da mão afetada. Nos casos mais ligeiros pode não ser necessário qualquer tipo de tratamento.
A imobilização, os exercícios específicos, os tratamentos de fisioterapia e outras medicações não parecem ter qualquer benefício na prevenção da contratura.
As injeções com medicamentos anti-inflamatórios (corticoides) no local onde se forma o nódulo na tentativa de evitar a progressão podem ajudar, mas não estão demonstrados efeitos a longo prazo. Tem sido utilizada também uma injeção de colagenase (derivada do Clostridium histolyticum) nas cordas que se formaram, levando à sua destruição e tendo por objetivo recuperar a amplitude dos movimentos.
A cirurgia deve ser considerada em fases avançadas da doença, nomeadamente, quando existe uma contratura significativa e progressiva, comprometimento da função ou dores permanentes. O objetivo é remover ou reduzir a contratura e melhorar a funcionalidade. As opções cirúrgicas disponíveis são:
Apesar do tratamento cirúrgico, por regra, ser bem-sucedido, a recidiva é frequente, havendo estudos que apontam para recorrências superiores a 50% cerca de 5-10 anos após a cirurgia.
A evolução da doença é variável. Em alguns pessoas a evolução vai ser lenta, sem grande incapacidade enquanto que outras irão sofrer de formas mais severas que podem levar a limitações mais acentuadas das mãos.
A Doença de Dupuytren é uma situação benigna, muitas vezes assintomática, mas que pode evoluir e causar limitações da funcionalidade da mão.