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Autor: Dalila Teixeira, Ana Coelho Rodrigues
Última atualização: 2016/03/22
Palavras-chave: Blues pós-parto, Puerpério
O blues pós-parto é uma alteração frequente no puerpério imediato, caracterizando-se por um estado de instabilidade emocional com tristeza súbita, introversão, irritabilidade e cansaço fácil. Manifesta-se habitualmente na primeira semana após o parto e resolve espontaneamente no primeiro mês.
A sua abordagem não requer qualquer intervenção medicamentosa, sendo apenas recomendada uma atitude de compreensão e apoio por parte dos que convivem com a puérpera (recém-mãe).
Se os sintomas se prolongarem no tempo ou se apresentarem com maior intensidade poderá estar perante uma depressão pós-parto pelo que deverá ser observada pelo seu médico assistente.
O nascimento de um filho traduz habitualmente uma das experiências de maior alegria e exaltação para o casal. Contudo, este evento representa, na verdade, um momento de crise, propício ao aparecimento de problemas emocionais, como é exemplo a melancolia da maternidade (ou blues pós-parto) que pode afetar até 50% das recém-mães. O blues pós-parto caracteriza-se por sintomas depressivos leves e transitórios que surgem tipicamente nos primeiros dias após o parto e que evoluem no sentido da resolução espontânea.
O conhecimento antecipado das alterações psicológicas e emocionais possíveis e esperadas nas recém-mães permite que estas e as suas famílias se adaptem a esta nova fase, sem sobressaltos ou receios. O sofrimento emocional da puérpera (num momento geralmente considerado de grande alegria) não deve confundir a família e os amigos, mas antes incentivá-los a prestar um maior apoio e suporte.
A literatura científica descreve múltiplos fatores na origem desta alteração:
Os sintomas mais frequentes incluem choro fácil, flutuação de humor, irritabilidade, fadiga, tristeza, insónia, dificuldade de concentração, ansiedade relacionada com o bebé e comportamento agressivo em relação a familiares e amigos.
O blues pós-parto é uma alteração autolimitada e de curta duração, resolvendo habitualmente de forma espontânea no período de um mês. Não tem impacto negativo no desenvolvimento do recém-nascido e não compromete a funcionalidade materna no dia-a-dia.
Mulheres com blues pós-parto não têm indicação para tratamento farmacológico ou psicoterapia formal. A abordagem centra-se no suporte emocional adequado, na cooperação nos cuidados ao bebé e na tranquilização relativamente à natureza transitória e benigna do quadro.
A procura de cuidados médicos está apenas recomendada nos casos em que a sintomatologia se intensifica e persiste além das 3-4 semanas, situação que pode configurar um quadro de depressão pós-parto que, pela sua maior gravidade, implica orientação adequada.
O blues pós-parto consiste numa condição fisiológica e adaptativa ao novo papel de mãe. De facto, não sendo o exercício da maternidade uma aptidão inata do ser humano, o nascimento de uma criança exige reorganização e aprendizagem, muitas vezes condicionante de sofrimento emocional.
Na abordagem desta entidade assume relevância o adequado esclarecimento e suporte à mulher, família e amigos, no sentido de facilitar o ajustamento à nova etapa de vida. O excesso de intervenção médica ou psicológica não ajuda pois trata-se de um fenómeno normal e transitório.