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Nas '''mulheres''', inicialmente, o hipotálamo (cérebro) produz uma hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), cuja função é fazer a hipófise produzir a hormona estimuladora de folículos (FSH). Esta atua diretamente no ovário promovendo o desenvolvimento de diversos folículos, dos quais um se desenvolverá de forma dominante. O folículo dominante produz estrogénios, cuja ação se reflete diretamente no aumento da espessura do endométrio, preparando assim o útero para a implantação de uma possível gravidez. A meio do ciclo, vai haver um pico de hormona luteinizante (LH), também segregada na hipófise, que vai levar à libertação do oócito para a trompa uterina, onde se encontra preparado para ser fertilizado pelo espermatozóide.<br><br> | Nas '''mulheres''', inicialmente, o hipotálamo (cérebro) produz uma hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), cuja função é fazer a hipófise produzir a hormona estimuladora de folículos (FSH). Esta atua diretamente no ovário promovendo o desenvolvimento de diversos folículos, dos quais um se desenvolverá de forma dominante. O folículo dominante produz estrogénios, cuja ação se reflete diretamente no aumento da espessura do endométrio, preparando assim o útero para a implantação de uma possível gravidez. A meio do ciclo, vai haver um pico de hormona luteinizante (LH), também segregada na hipófise, que vai levar à libertação do oócito para a trompa uterina, onde se encontra preparado para ser fertilizado pelo espermatozóide.<br><br> | ||
Da mesma forma, nos '''homens''', a produção de sémen inicia-se no cérebro pela secreção de GnRH no hipotálamo e de FSH e LH na hipófise. Mas ao invés da mulher, a sua ação nos túbulos seminíferos é contínua, levando ao desenvolvimento diário de milhões de gâmetas masculinos, os espermatozóides. Estes são armazenados e maturados nos epidídimos e, migram através dos canais deferentes. As glândulas seminais secretam o líquido seminal e, a próstata segrega o líquido prostático que, juntamente com os espermatozóides constituem o esperma. Este é finalmente lançado na uretra, na ejaculação. Estima-se que cada espermatozoide necessite de cerca de 3 meses para completar o seu ciclo de desenvolvimento.<br> | Da mesma forma, nos '''homens''', a produção de sémen inicia-se no cérebro pela secreção de GnRH no hipotálamo e de FSH e LH na hipófise. Mas ao invés da mulher, a sua ação nos túbulos seminíferos é contínua, levando ao desenvolvimento diário de milhões de gâmetas masculinos, os espermatozóides. Estes são armazenados e maturados nos epidídimos e, migram através dos canais deferentes. As glândulas seminais secretam o líquido seminal e, a próstata segrega o líquido prostático que, juntamente com os espermatozóides constituem o esperma. Este é finalmente lançado na uretra, na ejaculação. Estima-se que cada espermatozoide necessite de cerca de 3 meses para completar o seu ciclo de desenvolvimento.<br> | ||
− | Em cada ejaculado serão lançados mais de 39 milhões de espermatozoides que irão ascender num percurso que passa pela vagina, colo e fundo do útero, até à trompa, onde o oócito pode ser fertilizado.<br> | + | Em cada ejaculado serão lançados mais de 39 milhões de espermatozoides que irão ascender num percurso que passa pela vagina, colo e fundo do útero, até à trompa, onde o oócito pode ser fertilizado.<br><br> |
O processo é complexo e uma falha a qualquer nível pode levar à infertilidade<br> | O processo é complexo e uma falha a qualquer nível pode levar à infertilidade<br> | ||
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====Qual a prevalência da infertilidade?==== | ====Qual a prevalência da infertilidade?==== | ||
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+ | A prevalência da infertilidade é difícil de determinar. <br> | ||
Os estudos nesta área apontam uma grande variabilidade com prevalências de infertilidade ao longo da vida variar entre 6,6% na Noruega e 26,4% no Reino Unido. Em Portugal os dados são escassos mas parecem apontar para cerca de 12% de infertilidade ao longo da vida.<br> | Os estudos nesta área apontam uma grande variabilidade com prevalências de infertilidade ao longo da vida variar entre 6,6% na Noruega e 26,4% no Reino Unido. Em Portugal os dados são escassos mas parecem apontar para cerca de 12% de infertilidade ao longo da vida.<br> | ||
Ao contrário da crença comum de que a infertilidade é um problema sobretudo da mulher, podem estar envolvidos fatores masculinos em 20-30% dos casos, fatores femininos (30-40% dos casos), e de ambos os elementos do casal em 30%. Em 10% dos casais inférteis não se encontra uma causa específica.<br><br> | Ao contrário da crença comum de que a infertilidade é um problema sobretudo da mulher, podem estar envolvidos fatores masculinos em 20-30% dos casos, fatores femininos (30-40% dos casos), e de ambos os elementos do casal em 30%. Em 10% dos casais inférteis não se encontra uma causa específica.<br><br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;" |'''Falência da ovulação''' |
! style="width: 600px;" |Pelo menos 20 a 25% dos casos de infertilidade são devidos a falência da ovulação (incapacidade de libertação de oócito maduro pelo ovário).<br>Peso excessivo/obesidade ou baixo peso, bem como a síndrome dos ovários poliquísticos podem estar na base desta causa.<br> | ! style="width: 600px;" |Pelo menos 20 a 25% dos casos de infertilidade são devidos a falência da ovulação (incapacidade de libertação de oócito maduro pelo ovário).<br>Peso excessivo/obesidade ou baixo peso, bem como a síndrome dos ovários poliquísticos podem estar na base desta causa.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Obstrução das trompas''' |
! style="width: 600px;" |É responsável por 30% dos casos de infertilidade. Encontra-se relacionada com infeções dos órgãos genitais no passado, que podem não ter dado sintomas.<br>Muitas vezes, as trompas não estão totalmente obstruídas, apresentando adesões ou fixações que dificultam a captação do oócito libertado pelo ovário.<br> | ! style="width: 600px;" |É responsável por 30% dos casos de infertilidade. Encontra-se relacionada com infeções dos órgãos genitais no passado, que podem não ter dado sintomas.<br>Muitas vezes, as trompas não estão totalmente obstruídas, apresentando adesões ou fixações que dificultam a captação do oócito libertado pelo ovário.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;" |'''Doenças do útero''' |
! style="width: 600px;" |Em cerca de 5% das mulheres, a infertilidade está associada a doenças do útero. Fibromiomas, pólipos do endométrio ou alterações congénitas da configuração do útero provocam mudanças da normal anatomia que dificultam a implantação do embrião.<br>Podem não dar sintomas ou, pelo contrário manifestar-se como menstruações abundantes e dolorosas.<br> | ! style="width: 600px;" |Em cerca de 5% das mulheres, a infertilidade está associada a doenças do útero. Fibromiomas, pólipos do endométrio ou alterações congénitas da configuração do útero provocam mudanças da normal anatomia que dificultam a implantação do embrião.<br>Podem não dar sintomas ou, pelo contrário manifestar-se como menstruações abundantes e dolorosas.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;" |'''Muco cervical desfavorável''' |
! style="width: 600px;" |O muco cervical reveste e protege a cavidade uterina, bem como o colo do útero. A sua função é a seleção de espermatozóides, permitindo a migração dos mesmos até ao encontro do oócito.<br>Alterações da viscosidade ou da composição química do muco podem imobilizar os espermatozóides, não permitindo a sua entrada no colo uterino.<br> | ! style="width: 600px;" |O muco cervical reveste e protege a cavidade uterina, bem como o colo do útero. A sua função é a seleção de espermatozóides, permitindo a migração dos mesmos até ao encontro do oócito.<br>Alterações da viscosidade ou da composição química do muco podem imobilizar os espermatozóides, não permitindo a sua entrada no colo uterino.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Endometriose''' |
! style="width: 600px;" |A endometriose é uma doença congénita, em que ocorre a deposição de endométrio (tecido que reveste a cavidade uterina) em locais anómalos, como ovários, trompas, região abdominal, entre outras.<br>Afeta a capacidade de ovulação e, pode conduzir a alterações da normal anatomia do aparelho genital feminino.<br> | ! style="width: 600px;" |A endometriose é uma doença congénita, em que ocorre a deposição de endométrio (tecido que reveste a cavidade uterina) em locais anómalos, como ovários, trompas, região abdominal, entre outras.<br>Afeta a capacidade de ovulação e, pode conduzir a alterações da normal anatomia do aparelho genital feminino.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Abortos de repetição''' |
! style="width: 600px;" |Algumas mulheres não apresentam problemas em engravidar, mas sim na manutenção da gravidez.<br>Estes casos devem-se, muitas vezes a doenças do sistema imunitário/defesa (como síndrome antifosfolipídico, doença celíaca), a alterações congénitas (no número de cromossomas ou doenças genéticas), a idade materna avançada (pelo maior número de erros genéticos nos oócitos), ou seja, a alterações genéticas dos pais.<br> | ! style="width: 600px;" |Algumas mulheres não apresentam problemas em engravidar, mas sim na manutenção da gravidez.<br>Estes casos devem-se, muitas vezes a doenças do sistema imunitário/defesa (como síndrome antifosfolipídico, doença celíaca), a alterações congénitas (no número de cromossomas ou doenças genéticas), a idade materna avançada (pelo maior número de erros genéticos nos oócitos), ou seja, a alterações genéticas dos pais.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Causa inexplicada''' |
! style="width: 600px;" |Cerca de 10% dos casos de infertilidade ocorrem na ausência de alterações evidentes do aparelho reprodutor. Muitas vezes, podem acontecer mutações genéticas nos próprios oócitos ou embriões que só conseguem ser descobertas durante a fertilização in vitro.<br> | ! style="width: 600px;" |Cerca de 10% dos casos de infertilidade ocorrem na ausência de alterações evidentes do aparelho reprodutor. Muitas vezes, podem acontecer mutações genéticas nos próprios oócitos ou embriões que só conseguem ser descobertas durante a fertilização in vitro.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Diminuição do número de espermatozoides<br>(oligospermia ou oligozoospermia)''' |
! style="width: 600px;"|Caso o ejaculado não apresente pelo menos 20 milhões de espermatozóides, a fertilidade do homem é considerada diminuída e, a capacidade para engravidar é menor.<br>A sua origem pode ser genética, ambiental, hormonal ou infecciosa (como criptorquidia, tabagismo, papeira, gonorreia, VIH).<br> | ! style="width: 600px;"|Caso o ejaculado não apresente pelo menos 20 milhões de espermatozóides, a fertilidade do homem é considerada diminuída e, a capacidade para engravidar é menor.<br>A sua origem pode ser genética, ambiental, hormonal ou infecciosa (como criptorquidia, tabagismo, papeira, gonorreia, VIH).<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Diminuição da mobilidade dos espermatozoides<br>(astenospermia ou astenozoospermia) ''' |
! style="width: 600px;"|A mobilidade dos espermatozóides é de extrema importância, à necessidade de migrar desde a vagina até à trompa para fertilização do oócito.<br>O esperma é considerado normal, se apresentar pelo menos 50% espermatozóides com mobilidade adequada. <br> | ! style="width: 600px;"|A mobilidade dos espermatozóides é de extrema importância, à necessidade de migrar desde a vagina até à trompa para fertilização do oócito.<br>O esperma é considerado normal, se apresentar pelo menos 50% espermatozóides com mobilidade adequada. <br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Espermatozóides com configuração anormal''' |
! style="width: 600px;" |A morfologia/forma normal dos espermatozóides deve ser igual ou superior a 15%. Os espermatozóides com configuração inadequada são simplesmente não fecundantes, ou seja, incapazes de fertilizar o oócito e originar uma gravidez.<br> | ! style="width: 600px;" |A morfologia/forma normal dos espermatozóides deve ser igual ou superior a 15%. Os espermatozóides com configuração inadequada são simplesmente não fecundantes, ou seja, incapazes de fertilizar o oócito e originar uma gravidez.<br> | ||
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− | ! style="background: #b0e0e6; width: | + | ! style="background: #b0e0e6; width: 300px;"|'''Ausência de espermatozoides<br>(azoospermia)''' |
! style="width: 600px;" |Em certos casos, não ocorre produção de espermatozóides no testículo ou, os canais que permitem o seu transporte (canais deferentes) encontram-se obstruídos, devido a doenças genéticas (como o síndrome de Klinefelter, ou a fibrose quística). <br> | ! style="width: 600px;" |Em certos casos, não ocorre produção de espermatozóides no testículo ou, os canais que permitem o seu transporte (canais deferentes) encontram-se obstruídos, devido a doenças genéticas (como o síndrome de Klinefelter, ou a fibrose quística). <br> | ||
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Autor: Joana Lascasas
Última atualização: 2018/10/12
Palavras-chave: Infertilidade, esterilidade, reprodução
ResumoA infertilidade consiste na incapacidade do casal conceber ou levar a bom termo uma gravidez. |
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A infertilidade é definida como a incapacidade de um casal conceber ou levar a bom termo uma gravidez:
Pode ser dividida em: infertilidade primária (incapacidade do casal alcançar o primeiro filho-vivo) e infertilidade secundária (incapacidade do casal alcançar um nado-vivo, após primeiro filho).
O cérebro (hipotálamo e hipófise) e o ovário estão interligados numa rede complexa para que todos os meses a mulher consiga produzir um oócito pronto a ser fecundado.
Nas mulheres, inicialmente, o hipotálamo (cérebro) produz uma hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), cuja função é fazer a hipófise produzir a hormona estimuladora de folículos (FSH). Esta atua diretamente no ovário promovendo o desenvolvimento de diversos folículos, dos quais um se desenvolverá de forma dominante. O folículo dominante produz estrogénios, cuja ação se reflete diretamente no aumento da espessura do endométrio, preparando assim o útero para a implantação de uma possível gravidez. A meio do ciclo, vai haver um pico de hormona luteinizante (LH), também segregada na hipófise, que vai levar à libertação do oócito para a trompa uterina, onde se encontra preparado para ser fertilizado pelo espermatozóide.
Da mesma forma, nos homens, a produção de sémen inicia-se no cérebro pela secreção de GnRH no hipotálamo e de FSH e LH na hipófise. Mas ao invés da mulher, a sua ação nos túbulos seminíferos é contínua, levando ao desenvolvimento diário de milhões de gâmetas masculinos, os espermatozóides. Estes são armazenados e maturados nos epidídimos e, migram através dos canais deferentes. As glândulas seminais secretam o líquido seminal e, a próstata segrega o líquido prostático que, juntamente com os espermatozóides constituem o esperma. Este é finalmente lançado na uretra, na ejaculação. Estima-se que cada espermatozoide necessite de cerca de 3 meses para completar o seu ciclo de desenvolvimento.
Em cada ejaculado serão lançados mais de 39 milhões de espermatozoides que irão ascender num percurso que passa pela vagina, colo e fundo do útero, até à trompa, onde o oócito pode ser fertilizado.
O processo é complexo e uma falha a qualquer nível pode levar à infertilidade
A prevalência da infertilidade é difícil de determinar.
Os estudos nesta área apontam uma grande variabilidade com prevalências de infertilidade ao longo da vida variar entre 6,6% na Noruega e 26,4% no Reino Unido. Em Portugal os dados são escassos mas parecem apontar para cerca de 12% de infertilidade ao longo da vida.
Ao contrário da crença comum de que a infertilidade é um problema sobretudo da mulher, podem estar envolvidos fatores masculinos em 20-30% dos casos, fatores femininos (30-40% dos casos), e de ambos os elementos do casal em 30%. Em 10% dos casais inférteis não se encontra uma causa específica.
Falência da ovulação | Pelo menos 20 a 25% dos casos de infertilidade são devidos a falência da ovulação (incapacidade de libertação de oócito maduro pelo ovário). Peso excessivo/obesidade ou baixo peso, bem como a síndrome dos ovários poliquísticos podem estar na base desta causa. |
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Obstrução das trompas | É responsável por 30% dos casos de infertilidade. Encontra-se relacionada com infeções dos órgãos genitais no passado, que podem não ter dado sintomas. Muitas vezes, as trompas não estão totalmente obstruídas, apresentando adesões ou fixações que dificultam a captação do oócito libertado pelo ovário. |
Doenças do útero | Em cerca de 5% das mulheres, a infertilidade está associada a doenças do útero. Fibromiomas, pólipos do endométrio ou alterações congénitas da configuração do útero provocam mudanças da normal anatomia que dificultam a implantação do embrião. Podem não dar sintomas ou, pelo contrário manifestar-se como menstruações abundantes e dolorosas. |
Muco cervical desfavorável | O muco cervical reveste e protege a cavidade uterina, bem como o colo do útero. A sua função é a seleção de espermatozóides, permitindo a migração dos mesmos até ao encontro do oócito. Alterações da viscosidade ou da composição química do muco podem imobilizar os espermatozóides, não permitindo a sua entrada no colo uterino. |
Endometriose | A endometriose é uma doença congénita, em que ocorre a deposição de endométrio (tecido que reveste a cavidade uterina) em locais anómalos, como ovários, trompas, região abdominal, entre outras. Afeta a capacidade de ovulação e, pode conduzir a alterações da normal anatomia do aparelho genital feminino. |
Abortos de repetição | Algumas mulheres não apresentam problemas em engravidar, mas sim na manutenção da gravidez. Estes casos devem-se, muitas vezes a doenças do sistema imunitário/defesa (como síndrome antifosfolipídico, doença celíaca), a alterações congénitas (no número de cromossomas ou doenças genéticas), a idade materna avançada (pelo maior número de erros genéticos nos oócitos), ou seja, a alterações genéticas dos pais. |
Causa inexplicada | Cerca de 10% dos casos de infertilidade ocorrem na ausência de alterações evidentes do aparelho reprodutor. Muitas vezes, podem acontecer mutações genéticas nos próprios oócitos ou embriões que só conseguem ser descobertas durante a fertilização in vitro. |
Diminuição do número de espermatozoides (oligospermia ou oligozoospermia) |
Caso o ejaculado não apresente pelo menos 20 milhões de espermatozóides, a fertilidade do homem é considerada diminuída e, a capacidade para engravidar é menor. A sua origem pode ser genética, ambiental, hormonal ou infecciosa (como criptorquidia, tabagismo, papeira, gonorreia, VIH). |
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Diminuição da mobilidade dos espermatozoides (astenospermia ou astenozoospermia) |
A mobilidade dos espermatozóides é de extrema importância, à necessidade de migrar desde a vagina até à trompa para fertilização do oócito. O esperma é considerado normal, se apresentar pelo menos 50% espermatozóides com mobilidade adequada. |
Espermatozóides com configuração anormal | A morfologia/forma normal dos espermatozóides deve ser igual ou superior a 15%. Os espermatozóides com configuração inadequada são simplesmente não fecundantes, ou seja, incapazes de fertilizar o oócito e originar uma gravidez. |
Ausência de espermatozoides (azoospermia) |
Em certos casos, não ocorre produção de espermatozóides no testículo ou, os canais que permitem o seu transporte (canais deferentes) encontram-se obstruídos, devido a doenças genéticas (como o síndrome de Klinefelter, ou a fibrose quística). |
De uma forma geral, a saúde dos espermatozoides e dos oócitos depende dos mesmos fatores que a saúde de todo o restante corpo. Optar por estilos de vida saudáveis é fundamental para uma boa saúde reprodutiva. A alimentação adequada, a atividade física regular, não fumar ou beber bebidas alcoólicas em excesso, e saber gerir o stress diário são medidas fundamentais.
No homem, sabe-se que a alimentação influencia predominantemente a qualidade do esperma, enquanto na mulher pode ter impacto na ovulação. De acordo com estudos existentes, ambos elementos do casal devem ser incentivados a aumentar o consumo de cereais integrais, ácidos gordos ómega-3 (peixe, nozes) e, a reduzir a ingestão de gorduras trans (bolachas, bolos, batatas fritas) e carnes vermelhas (vaca, porco, borrego). Os alimentos mais adequados e doses recomendadas ainda não se encontram definidos, mas sabe-se que melhoram a eficácia dos tratamentos de infertilidade, sobretudo no homem.
A suplementação com ácido fólico nas mulheres antes e durante a gravidez pode não só prevenir defeitos congénitos do tubo neural, mas também melhorar a probabilidade de fecundação e manutenção da gravidez.
Ainda em investigação encontra-se o potencial efeito negativo dos produtos químicos – pesticidas, bisfenol A (empregue na produção de plástico) e outros contaminantes – existentes em produtos agrícolas, frutas e carnes nos gâmetas femininos e masculinos.
O consumo de tabaco, álcool, drogas, alguns medicamentos (esteróides, imunossupressores, fármacos usados na quimioterapia) e a exposição a radiações podem influenciar negativamente a fertilidade do indivíduo.
A infertilidade representa a incapacidade do casal alcançar um filho-vivo. Múltiplos fatores podem estar na sua base, dada a ampla rede de interligações necessária à fecundação e implantação do embrião.