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Revisão das 01h02min de 26 de novembro de 2018
Autor: Marisa Barros
Última atualização: 2018/11/25
Palavras-chave: Esclerose Múltipla; Doença neurológica degenerativa
Resumo
Esclerose Múltipla é uma doença crónica, inflamatória, desmielinizante e degenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central. Em Portugal, estima-se que mais de 8000 portugueses sejam portadores desta doença.
A grande maioria dos casos manifesta-se entre os 20 e os 40 anos, com um pico de incidência por volta dos 30 anos.
É uma doença muito incapacitante. A evolução é muito variável e impossível de prever.
A esclerose múltipla não tem cura, no entanto, as terapêuticas têm sofrido uma evolução notória.
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Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa. Afeta com maior incidência as mulheres e adultos jovens (surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade).
É uma doença onde o sistema imunitário não tem capacidade de distinguir as células do seu próprio corpo de células estranhas a ele, acabando por destruir os seus próprios tecidos, sendo o principal “alvo” a mielina, uma camada de gordura protetora das fibras nervosas. Quando a mielina é danificada, os nervos não são capazes de enviar e receber os estímulos nervosos como deveriam e deixam de funcionar corretamente.
A denominação de esclerose múltipla deriva de quando ocorre um “surto” se formarem cicatrizes endurecidas que se agrupam formando as “escleroses” ou “placas”, sendo afetadas inúmeras áreas do cérebro e da medula espinhal.
Quais são as causas desta doença?
Ainda não são conhecidas as causas da Esclerose Múltipla. Porém, podem estar envolvidos:
- A Esclerose Múltipla afeta sobretudo pessoas de raça branca, na Europa, América do Norte e Austrália. Verifica-se que esta doença é mais frequente nos países mais afastados do Equador. As crianças que emigram têm as mesmas probabilidades de vir a apresentar a doença que as pessoas que sempre viveram no país para o qual as crianças emigraram.
- Membros de uma família com Esclerose Múltipla têm um risco maior de apresentar a doença do que alguém sem familiares com Esclerose Múltipla
- Foram realizados estudos sobre a possível associação entre Esclerose Múltipla e algum tipo de doença viral, porém até ao momento não existe evidência de um vírus específico ser responsável pela Esclerose Múltipla.
- Multifatorial (combinação de vários factores)
- Por fatores hereditários, os doentes com Esclerose Múltipla podem estar propensos a desenvolver a doença. Um fator ambiental desconhecido poderá ativar o sistema imunológico (sistema de defesa do organismo), conduzindo a uma doença autoimune (ou seja, um conjunto de reações inflamatórias contra o seu próprio tecido nervoso) e levando ao aparecimento da doença.
Quais são as manifestações clínicas desta doença?
Os sintomas dependem dos locais onde aparece a inflamação e se forma as placas de esclerose. Podem ser muito variados:
- Fadiga - sintoma muito frequente. Pode persistir por um longo período de tempo.
- Perda de força muscular nos braços e pernas e espasticidade (caraterizada por músculos tensos e incapacidade de controlar os músculos)
- Alterações da sensibilidade – sensação de “encortiçamento” nas pernas; formigueiros, picadas
- Alterações visuais - Neurite ótica – Inflamação do nervo ótimo (nervo da visão). Carateriza-se por perda da acuidade visual, dor ocular e perceção anormal das cores. Pode surgir visão turva.
- Disartria – alterações da articulação da fala devido a uma dificuldade na coordenação de estruturas como: faringe, laringe, língua e/ou músculos faciais.
- Alterações urinárias e intestinais. Pode ocorrer “urgência urinária”, ou seja, expulsão da urina mal se sentem os primeiros sinais da bexiga estar cheia (mais frequente) ou “retenção urinária”, dificuldade em urinar/esvaziar completamente a bexiga. Pode também surgir obstipação.
- Equilíbrio/coordenação – Dificuldade no equilíbrio (cambalear enquanto caminha, por exemplo) e/ou de coordenação (agarrar pequenos objetos ou escrever com letra legível)
- Alterações psicológicas e cognitivas – alterações da memória recente (em pessoas que já sofrem de EM há bastante tempo); dificuldade de concentração e atenção.
- Problemas sexuais – Problemas de incontinência urinária, de esfínteres ou de sensibilidade podem levar a problemas sexuais, como a disfunção eréctil ou a dificuldade em atingir o orgasmo.
Como é feito o diagnóstico?
Estes sintomas são semelhantes a muitas outras doenças do Sistema Nervoso Central. Para o diagnóstico será necessário que se conjuguem alguns outros achados, nomeadamente de análises e exames de imagem:
- Ressonância Magnética Nuclear - cria imagens do cérebro e da medula espinal. Mostra lesões da substância branca.
- Punção Lombar - utiliza-se uma agulha para recolher uma amostra de um líquido que envolve o cérebro e a medula espinal - o líquido céfalo-raquidiano. Nos doentes com Esclerose Múltipla, este líquido apresenta alterações específicas que traduzem a presença de inflamação.
- Potenciais evocados – permite ver se a condução de certos impulsos nervosos se encontra lentificada nas fibras nervosas (devido à desmielinização). Quanto maior for a desmielinização, mais lenta é a transmissão dos impulsos.
No entanto, não existe nenhum teste laboratorial que seja específico para a esclerose múltipla, o que faz com que por vezes demore muito tempo até se estabelecer o diagnóstico.
Diferentes tipos clínicos de esclerose múltipla
- Surto-Remissão (Caracteriza-se por surtos, seguidos por períodos de remissão com recuperação total ou parcial dos efeitos sentidos)
- Primária Progressiva (Perda gradual das funções do corpo, sem surtos)
- Secundária Progressiva (Inicia-se com a forma clínica de surtos e com o tempo instala-se uma perda gradual das funções)
- Benigna (inicialmente suto-remissão mas depois de muitos anos a incapacidade continua praticamente inexistente ou muito reduzida).
Qual é o tratamento da Esclerose Múltipla?
A esclerose múltipla não tem cura, porém existem tratamentos disponíveis que melhoram o doente:
- Medicamentos que alteram o curso da doença: diminuem a atividade das células do sistema imunitários, reduzindo assim os efeitos dos processos imunológicos danificados
- Medicamentos que tratam o surto agudo: aliviam os sintomas sem modificar o curso da doença.
- Medicamentos que tratam sintomas específicos
Estes tratamentos podem ser complementados com outros tipos de apoio, que são definidos em função das dificuldades sentidas em cada caso.
Alguns conselhos úteis para os doentes com Esclerose Múltipla
- Fazer uma alimentação saudável e equilibrada
- Praticar exercício físico, de forma regular, de baixa intensidade e por curtos períodos de tempo, de forma a melhorar a condição física e aumentar a força muscular. Permite também melhorar a espasticidade, os problemas de equilíbrio, a função intestinal, o cansaço e o humor.
- Realizar intervalos de descanso entre as várias tarefas do dia-a-dia.
- Planear sempre uma futura gravidez em consulta de planeamento familiar/ ginecologia/ neurologia
Prognóstico
Há 20 anos atrás, mais de metade dos doentes apresentavam perda significativa da autonomia motora e muscular apenas 10 anos após o diagnóstico, obrigando-os a abandonar as suas atividades de rotina, passando a ter dependência direta de um cuidador para auxílio nas suas tarefas. Os tratamentos atuais, porém, alteraram esta situação, que não ultrapassa hoje os 4% dos doentes com esclerose múltipla.
O prognóstico de uma pessoa com esclerose múltipla depende do subtipo da doença, das caraterísticas individuais como o sexo, idade e sintomas iniciais, e do grau de incapacidade que afeta essa pessoa. Têm sido associados a um prognóstico mais favorável o sexo feminino, um número reduzido de ataques nos primeiros anos, e o início da doença em idade mais jovem.
Uma questão muito impactante na qualidade de vida destes doentes é o estigma social face à doença, que acaba por condicionar ainda mais a incapacidade dos doentes.
Apesar da melhoria verificada, a esperança de vida ainda é cinco a dez anos inferior à média da população não afetada.
Conclusão
A esclerose múltipla uma doença muito incapacitante, que interfere significativamente na qualidade a vida. Devido ao desconhecimento da doença, o estigma social é uma das dificuldades que os doentes têm de lidar.
Referências Recomendadas