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Esta malformação caracteriza-se pela ausência de um ou ambos os testículos no saco escrotal devido a um qualquer evento durante o desenvolvimento fetal que impede a sua descida, desde a cavidade abdominal até ao saco escrotal. <br> | Esta malformação caracteriza-se pela ausência de um ou ambos os testículos no saco escrotal devido a um qualquer evento durante o desenvolvimento fetal que impede a sua descida, desde a cavidade abdominal até ao saco escrotal. <br> | ||
Há casos em que se verifica a inexistência do testículo, variante designada por agenesia testicular. | Há casos em que se verifica a inexistência do testículo, variante designada por agenesia testicular. |
Autor: Luís Melo, Constança Oliveira, Inês Trigo
Última atualização: 2019/07/18
Palavras-chave: Criptorquidia, Infertilidade, Cancro testicular, Bolsa escrotal, Orquidopexia.
ResumoA descida dos testículos para a bolsa escrotal nos primeiros seis meses de vida constitui uma das etapas do normal desenvolvimento do recém-nascido. |
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Criptorquidia é um termo com origem grega que significa “testículo escondido” (cripto = escondido; orquis = testículo).
Esta malformação caracteriza-se pela ausência de um ou ambos os testículos no saco escrotal devido a um qualquer evento durante o desenvolvimento fetal que impede a sua descida, desde a cavidade abdominal até ao saco escrotal.
Há casos em que se verifica a inexistência do testículo, variante designada por agenesia testicular.
Qualquer fator que interfira com o normal trajeto do testículo até à sua bolsa anatómica, seja ele ambiental, hormonal, hereditário, anatómico ou social. Os principais fatores de risco envolvidos podem verificar-se na fecundação, gravidez, parto e recém-nascido:
A criptorquidia é o problema genital mais comum em idade pediátrica, afetando 1 a 2% dos recém-nascidos de termo entre os 3 e os 12 meses de vida, sendo mais frequente em crianças prematuras, podendo atingir 20% a 35%.
O diagnóstico de criptorquidia nem sempre é fácil. Pode-se dividir em dois grandes grupos: criptorquidia com testículo não palpável e criptorquidia com testículo palpável.
No recém-nascido pode ser normal não se palparem os testículos aproximadamente até aos 6 meses de idade. Existem situações normais que podem contribuir para a sua subida, como a exposição ao frio e irritabilidade aumentada, sendo estes palpáveis durante o banho de água quente.
O testículo retrátil é uma condição benigna e frequentemente bilateral, causada pelo reflexo cremastérico que puxa o testículo para o abdómen.
Nos casos em que o testículo não é palpável de forma consistente podem ser realizados exames complementares de diagnóstico para uma melhor caracterização.
Os testículos não palpáveis podem encontrar-se ao longo de todo o trajeto, desde a virilha até à cavidade abdominal. São mais difíceis de detetar na palpação, podendo em algumas situações verificar-se mesmo a ausência de formação testicular.
Outra diferenciação importante é se a criptorquidia ocorre num ou nos 2 testículos, parecendo existir uma maior associação entre os casos em que os 2 testículos estão afetados e infertilidade após tratamento.
O normal funcionamento dos testículos depende de uma temperatura ambiente mais baixa da verificada na cavidade abdominal havendo assim a sua migração para o saco escrotal (temperatura próxima dos 34ºC).
Na criptorquidia, devido à localização testicular na zona da virilha ou na cavidade abdominal, o testículo está exposto a temperaturas mais elevadas, o que poderá levar à redução da fertilidade, risco aumentado para cancro testicular, maior probabilidade de torção testicular e traumatismo, além da possível perturbação psicológica relacionada com a imagem.
Uma das formas de abordagem consiste no tratamento hormonal com beta HCG. No entanto, tem taxas de sucesso máximas de 20%, sendo utilizado apenas em casos específicos.
Atualmente a cirurgia é a melhor forma de intervenção na maioria dos casos de criptorquidia, sendo designada por orquidopexia (fixação do testículo).
Se o testículo não concluiu a sua descida até aos 6 meses de idade, a cirurgia deve ser feita no espaço de um ano, até um máximo de 18 meses, apresentando taxas de sucesso de 92%.
A criptorquidia é uma malformação comum que, apesar de ter tratamento estabelecido, a longo termo continua a estar associada a consequências graves como cancro testicular e infertilidade masculina.