Diferenças entre edições de "Vaginose bacteriana"

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[[Categoria:Prevenção secundária]]

Edição atual desde as 23h55min de 2 de maio de 2018

Autor: Sofia Marçalo, Daniel Beirão

Última atualização: 2018/04/16

Palavras-chave: Vaginose bacteriana, Bactérias anaeróbias, Infeções sexualmente transmissíveis, Mulher sexualmente ativa



Resumo


A vaginose bacteriana é uma condição clínica caraterizada pela substituição da flora vaginal normal, por elevadas concentrações de bactérias anaeróbias.
A par com a candidíase vulvovaginal, a vaginose bacteriana é a causa mais comum de corrimento e mau odor vaginal nas mulheres sexualmente ativas em idade fértil.
A presença de outras infeções sexualmente transmissíveis parece estar associada a uma maior prevalência de vaginose bacteriana.
O tratamento tem como objetivo o alívio dos sintomas e sinais de infeção e a redução do risco de adquirir uma infeção sexualmente transmissível.




Vaginose bacteriana


A vaginose bacteriana é uma doença caraterizada pela substituição da flora vaginal normal, constituída de bactérias aeróbias como os lactobacilos vaginais (Lactobacillus sp.), por elevadas concentrações de bactérias anaeróbias (Gardnerella vaginalis, Prevotella sp., Mobiluncus sp., Ureaplasma, Mycoplasma hominis, entre outras).
Esta alteração da flora leva à produção de aminas voláteis e a um aumento do pH vaginal, que são responsáveis pelo aparecimento de sintomas.
A par com a candidíase vulvovaginal, a vaginose bacteriana é a causa mais comum de corrimento e mau odor vaginal nas mulheres sexualmente ativas em idade fértil.
Pode atingir 5 a 15% das mulheres caucasianas. Nas mulheres asiáticas e nas afro-americanas a prevalência é superior, podendo atingir, respetivamente, os 20 a 30% e os 45 a 55%.

Causas de vaginose bacteriana


A vaginose bacteriana pode surgir e resolver espontaneamente. Embora não seja considerada uma infeção sexualmente transmissível (IST), está muitas vezes associada à frequência da atividade sexual.
Verifica-se uma maior prevalência em mulheres com múltiplos parceiros sexuais, e naquelas com novo parceiro sexual (se não for utilizado preservativo). Também há um risco aumentado nas mulheres que têm relações sexuais com outras mulheres. No entanto, as mulheres que nunca foram sexualmente ativas podem também ser afetadas.
A presença de outras IST - como a tricomoníase, a gonorreia, a infeção por herpes ou a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) -, parece estar associada a um aumento do risco de vaginose bacteriana.
O uso exagerado de duche vaginal, com eliminação de lactobacilos vaginais, é outro fator de risco.
Também o tabagismo e a dieta rica em gorduras foram associados a maior risco desta condição clínica.

Sintomas de vaginose bacteriana


Cerca de metade das mulheres afetadas não apresentam quaisquer sintomas.
Nas restantes, normalmente pode aparecer um corrimento vaginal branco-acinzentado, fino e homogéneo, não irritativo, com odor intenso a “peixe”, que pode ser mais notório depois das relações sexuais e durante a menstruação.

Consequências de vaginose bacteriana


Nas mulheres grávidas aumenta o risco de:

  • Parto prematuro.
  • Febre pós-parto

Nas mulheres não grávidas aumenta o risco de:

  • Inflamação do colo do útero (cervicite), com aparecimento de secreção mucopurulenta ou sangramento fácil;
  • Inflamação do endométrio (endometrite);
  • Complicações após cirurgia de remoção do útero (histerectomia);
  • Lesões pré-cancerígenas do colo do útero.



Diagnóstico de vaginose bacteriana


O diagnóstico baseia-se na presença dos critérios de Amsel:

Clue cell.png
  • Corrimento vaginal homogéneo, branco-acinzentado;
  • pH vaginal superior a 4.5;
  • Corrimento vaginal com cheiro fétido a peixe;
  • Presença de clue cells ao exame microscópico a fresco (células vaginais com aspeto pontuado por estarem cobertas por bactérias)

Em alguns casos poderá ser necessária a observação do corrimento ao microscópio:

  • Exame microscópico a fresco - uma amostra do corrimento vaginal é colhida das paredes da vagina com um cotonete e analisada diretamente na lâmina;
  • Exame Gram – análise específica de uma amostra do corrimento vaginal, sendo considerado o melhor método laboratorial para o diagnóstico.



Tratamento de vaginose bacteriana


O objetivo do tratamento é o alívio dos sintomas e sinais de infeção, bem como a redução do risco de adquirir uma IST.
Devem ser tratadas as mulheres que apresentem com sintomas e aquelas que vão ser submetidas a cirurgia ginecológica.
Não é recomendado o tratamento dos parceiros sexuais.
O tratamento pode ser efetuado por via oral com comprimidos mas, muitas vezes, é suficiente a utilização de formulações para aplicação vaginal (creme ou óvulos). Cabe ao médico assistente a prescrição do tratamento recomendado em cada caso.

Conclusão


Apesar de não ser propriamente uma infeção de transmissão sexual, a vaginose bacteriana pode interferir numa vida sexual saudável e satisfatória. O tratamento é relativamente simples na maior parte dos casos, e pode evitar complicações futuras.

Referências recomendadas


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