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Autor: Francisco Saraiva Gil; Isa Cruz
Última atualização: 2017/03/12
Palavras-chave: pele, fotoenvelhecimento, radiação ultravioleta, proteção solar, tratamento do fotoenvelhecimento
ÍndiceResumoA exposição crónica à radiação solar contribui para o envelhecimento precoce da pele, num processo mediado pela radiação ultravioleta e designado por fotoenvelhecimento. |
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O fotoenvelhecimento da pele é um problema cosmético frequente e motivo crescente de procura de cuidados de saúde.
Consiste no conjunto de alterações cutâneas induzido pela exposição crónica à radiação ultravioleta (UV), amplificando o envelhecimento cronológico da pele. É uma forma de envelhecimento cutâneo precoce, num processo dinâmico influenciado pelo fototipo da pessoa, fatores geográficos e étnicos, e com impacto na autoimagem.
Na Europa e América do Norte o fotoenvelhecimento pode atingir 80-90% da população, com uma prevalência rapidamente crescente após os 30 anos de idade. Relacionado com a exposição solar cumulativa, o fotoenvelhecimento afeta sobretudo pessoas de pele mais clara, que estão predispostas a alterações mais graves.
A classificação da pele quanto ao fototipo baseia-se na sua cor e na reação à exposição solar em termos de capacidade de bronzeamento e risco de queimaduras solares. Definido geneticamente, o fototipo de uma pessoa depende da quantidade de melanina produzida, que funciona como o pigmento natural da pele. A classificação mais utilizada divide o fototipo em 6 categorias:
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A exposição crónica à radiação UV, nomeadamente a UV-A, pela superior capacidade de penetração dérmica, é o principal fator causador. O dano oxidativo e a resposta inflamatória subsequente concorrem para a degradação do colagénio e perda da integridade estrutural da matriz extracelular da derme e vasos sanguíneos. A resposta reparadora após a radiação UV é imperfeita, daí que a exposição crónica conduza à acumulação de dano, manifestando-se sob a forma de alterações cutâneas.
As manifestações clínicas são muito variáveis, refletindo diferenças intrínsecas na vulnerabilidade e capacidade reparadora da pele. Variam também consoante o fototipo da pessoa e o seu ‘background’ genético:
As alterações tendem a acentuar-se com o tempo, podendo conduzir a atrofia e/ou espessamento cutâneo. Pelo efeito fotoprotetor da melanina, populações com pele mais escura experimentam os efeitos do fotoenvelhecimento mais tardiamente e com menor gravidade.
As manifestações e gravidade do fotoenvelhecimento são altamente influenciadas por medidas preventivas e até revertidas em certo grau por um conjunto de tratamentos farmacológicos e cosméticos.
A prevenção primária é crucial na abordagem ao fotoenvelhecimento.
Deve ser estimulada a adoção sistemática de medidas protetoras em relação à radiação solar:
O tratamento do fotoenvelhecimento inclui tratamentos tópicos e procedimentos mais invasivos. A decisão terapêutica deve ter em conta a gravidade das manifestações e o impacto que têm no bem-estar e expectativas do doente e ser orientada por um profissional com experiência no manuseio destes agentes.
Antes de qualquer intervenção importa avaliar a gravidade do fotoenvelhecimento no doente em questão e o impacto que este tem no seu bem-estar e expectativas.
Os retinoides de aplicação local (tretinoina, tazaroteno), compostos derivados da vitamina A, são a primeira linha, podendo utilizar-se em pessoas de todos os fototipos, com concentrações e frequências de aplicação crescentes, de acordo com a tolerância do doente. Aumentam a síntese de colagénio e reduzem o aparecimento de rugas, melhoram a textura e elasticidade da pele e abrandam a progressão do fotoenvelhecimento. Irritação cutânea localizada com eritema, descamação, secura e ardor são efeitos secundários comuns, tendendo a melhorar com o tempo. Várias semanas ou meses de tratamento poderão ser necessários até se objetivar melhoria clínica.
Os produtos cosméticos tópicos (‘cosmecêuticos’) contêm ingredientes biológicos, como antioxidantes ou vitaminas, e têm sido progressivamente utilizados com os retinoides tópicos no tratamento do fotoenvelhecimento. De evidência para já limitada, desconhece-se quais de entre eles serão mais eficazes ou apropriados a cada situação.
‘Peelings’ químicos, pela aplicação de substâncias cáusticas, procuram obter uma superfície homogénea e uma distribuição uniforme da cor, pela regeneração após indução de uma lesão controlada.
A toxina botulínica (botox) tem aplicação no tratamento das rugas das regiões frontal e periocular, com uma duração média de 3-6 meses por aplicação.
Substâncias de preenchimento ou ‘fillers’ de tecidos moles melhoram as rugas pela expansão de volume e indução da produção de colagénio.
Existem ainda terapêuticas com fontes de luz/laser, nomeadamente técnicas de ‘resurfacing’.
A aplicabilidade destas modalidades terapêuticas depende das preferências e características do doente. Implicam uma avaliação clínica cuidada e o conhecimento dos riscos associados, nomeadamente infeciosos e cicatriciais.
O fotoenvelhecimento decorre da exposição crónica à radiação UV.
Apesar das abordagens terapêuticas que têm surgido, a principal intervenção continua a ser a prevenção da exposição solar excessiva.