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Autor: Ana João Soares, Ana Rita Rocha, Diogo Marques, Gabriel Ferreira, Gonçalo Araújo, Inês Ferreira, Ivo Silva, Manuel António Cruz, Manuel Martins, Maria João Almeida, Mariana Manique, Mariana Patrício, Nuno Gonçalves, Ricardo Vila Real, Tiago Santos, Luísa Sá
Última atualização: 2016/12/05
Palavras-chave: Demência, Cuidadores, Impacto na saúde psicológica, Stress
Cuidar de uma pessoa com demência tem tanto de desafiante como de stressante.
Ser cuidador é uma atividade de grande valor que atrai inúmeros e inegáveis aspetos positivos. Contudo, a verdade é que os cuidadores estão expostos diariamente a um intenso stress que tende a aumentar com a progressão do estado do doente que está à sua responsabilidade.
Reconhecido o impacto negativo que esta atividade pode suportar, é imperativa a necessidade de criação de estratégias que garantam ao cuidador a manutenção do seu bem-estar físico e psicológico, e contrariarem as exigências que se lhe impõem.
Ser cuidador de uma pessoa com demência tem impacto a vários níveis da vida, quer pessoais quer interpessoais. Nota-se desde logo uma mudança nos seus relacionamentos, sobretudo familiares. Vai perdendo o contacto com amigos e familiares pela sobrecarga de trabalho ficando exposto a um crescente stress emocional. Desenvolve-se um sentimento de incompreensão no cuidador porque sente que os seus familiares não entendem totalmente a pressão física e psicológica em que se encontra, nem tão pouco o tempo e dedicação investidos.
Como consequência, resta-lhe muito pouca energia e entusiasmo para realizar as atividades que lhe apraz. Acaba mesmo por priorizar as suas responsabilidades de cuidador em relação ao tempo pessoal, férias ou até relações afetivas.
Por outro lado, a noção de estar a “perder” gradualmente o seu ente querido afeta negativamente o cuidador, agravado pelo aumento de custos, nomeadamente financeiros, relacionados com a progressão da doença.
É claro que todos estes fatores contribuem para a exaustão observada nos cuidadores com impacto ao nível do bem-estar psicológico e físico.
É importante que pessoas que cuidam diariamente de alguém com demência façam um intervalo na prestação de cuidados. Estas pausas são fundamentais quer para o doente quer para o cuidador – ao doente permite-lhe conhecer outras pessoas e habituar-se a que outras pessoas lhes prestem apoio; e ao cuidador, permite-lhe fazer atividades que de outra forma não faria.
Contudo, estas pausas não devem ser motivo para que o cuidador se sinta culpado por abandonar o seu doente aos cuidados de outra pessoa ou por desfrutar de outras atividades sem ele, devem sim, ser o carregar de novas energias.
De igual modo, o cuidador deve saber reconhecer quando está em apuros e com dificuldade em lidar com os seus sentimentos. Nestas situações não devem hesitar em pedir ajuda, quer aos seus familiares diretos quer em grupos de apoio para pessoas na mesma situação.
A atividade de cuidador, muito embora possa parecer simples, acarreta elevadas exigências físicas e psicológicas. Por essa razão, os cuidadores devem ter sempre ter presente a ideia de que primeiramente devem cuidar de si próprios.
Ninguém vai conseguir ajudar se não estiver bem consigo próprio!