(Criou página com: '{{Artigos |Autor=Ana Sousa Oliveira |Última atualização=2018/01/12 }}') |
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|Autor=Ana Sousa Oliveira | |Autor=Ana Sousa Oliveira | ||
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+ | ===Resumo=== | ||
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+ | A malária é uma doença causada por diferentes espécies do parasita ''Plasmodium''. Pode ser transmitida através do contacto com sangue infetado, sendo o principal meio de transmissão a picada pelo mosquito Anopheles em certas regiões quentes, perto da linha do equador.<br> | ||
+ | Há tratamento disponível. <br> | ||
+ | No entanto, a principal estratégia para o seu controlo passa pela prevenção através de regimes profiláticos com medicamentos específicos e pela adoção de medidas de proteção contra a picada do inseto. <br> | ||
+ | Todas as pessoas que se desloquem para locais onde existe probabilidade de haver transmissão de malária devem consultar o seu médico para se informar nesse sentido e iniciar o processo profilático que ocorre antes, durante e após a viagem. | ||
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+ | <br><br> | ||
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+ | ===Malária=== | ||
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+ | A malária é uma doença infeciosa causada por parasitas do género ''Plasmodium'': ''Plasmodium falciparum'' (o mais comum), ''Plasmodium vivax'', ''Plasmodium ovale'', ''Plasmodium malariae'' e ''Plasmodium knowlesi''. <br><br> | ||
+ | ====Transmissão==== | ||
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+ | [[Ficheiro: Anopheles_gambiae.jpg|300px|right]] | ||
+ | A transmissão de malária ocorre através do contacto com sangue infetado, sendo exemplos disso: | ||
+ | * picada pela fêmea infetada do mosquito ''Anopheles'' (meio de transmissão mais frequente); | ||
+ | * transfusões sanguíneas; | ||
+ | * transplante de órgãos; | ||
+ | * partilha de agulhas; | ||
+ | * mãe infetada para o feto (durante a gravidez). | ||
+ | <br><br> | ||
+ | ====Onde ocorre a transmissão ==== | ||
+ | ---- | ||
+ | Estima-se que a malária tenha atingido 216 milhões de pessoas em todo o mundo em 2016: 90% na '''África sub-Sariana''', 7% no '''sudeste asiático''', e 2% no '''Mediterrâneo Oriental'''. Geralmente a transmissão é mais intensa nas regiões mais quentes perto do Equador, estando reportados maior número de casos em África (a sul do Sahara) e em algumas regiões da Oceânia (como Papua Nova Guiné).<br> | ||
+ | A transmissão da malária não ocorre a altitudes elevadas, durante as estações frias (em algumas zonas), nos desertos (exceto nos oásis) e em alguns países com programas eficazes de controlo/eliminação. <br><br> | ||
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+ | ====Manifestações clínicas==== | ||
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+ | Quando o ''Plasmodium'' entra na corrente sanguínea, cresce e multiplica-se dentro dos glóbulos vermelhos, provocando o seu rebentamento a cada 48-72h. Esta periodicidade justifica o aparecimento dos sintomas como '''febre''', '''calafrios''' e '''suores''' de forma cíclica. <br> | ||
+ | Desde o contacto até ao aparecimento da doença vai demorar entre 7 a 15 dias, correspondentes ao período de incubação. Em algumas pessoas e dependendo da espécie do ''Plasmodium'' envolvido, pode-se prolongar até vários meses. <br> | ||
+ | A malária apresenta sintomas geralmente idênticos aos de uma gripe comum, incluindo a febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vómitos. A infeções causadas por Plasmodium falciparum podem estar associadas a confusão mental, falência renal, coma e eventualmente morte, sobretudo em crianças. <br> | ||
+ | Qualquer pessoa que apresente este tipo de sintomas depois de ter estado recentemente num país endémico deve procurar apoio médico. <br><br> | ||
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+ | ====Diagnóstico==== | ||
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+ | Perante a suspeita de malária, o médico poderá fazer uma observação ao microscópio de uma gota de sangue do doente, que confirma o diagnóstico. Raramente poderão ser necessários outros testes de confirmação. <br><br> | ||
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+ | ====Grupos de Risco==== | ||
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+ | As populações com maior risco de apresentar casos severos de malária são as '''grávidas''' e as '''crianças com menos de 5 anos de idade'''. Estão também reportados muitos casos associados a descendentes de emigrantes provenientes de zonas endémicas, quando regressam à região para visitar família e amigos. Este maior risco poderá estar sobretudo associado à falsa ideia de que poderão estar imunizados por terem crescido em regiões endémicas. Assim, é importante referir que qualquer imunidade parcial adquirida durante o crescimento num país endémico facilmente se perde e torna as pessoas tão vulneráveis como qualquer outra que cresceu em regiões não endémicas. <br><br> | ||
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+ | ====Prevenção==== | ||
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+ | A prevenção da malária pode ser feita através da profilaxia com medicamentos específicos e da adoção de medidas preventivas das picadas de mosquitos. <br> | ||
+ | A '''profilaxia medicamentosa''' faz-se através da toma de medicamentos contra a malária. Estes medicamentos devem ser tomados antes, durante e depois da viagem. As alternativas existentes em Portugal são a cloroquina, a mefloquina, a hidroxicloroquina e a associação de atovaquona + proguanilo. A escolha do medicamento mais indicado para cada caso é feita pelo médico, de acordo com o país destino e com as recomendações que a Organização Mundial de Saúde (OMS) publica regularmente. <br> | ||
+ | Quanto à '''prevenção de picadas do mosquito''', existem algumas estratégias que devem ser adotadas quando alguém se desloca para países endémicos, nomeadamente: <br> | ||
+ | * evitar ter a pele exposta utilizando roupa comprida (camisolas e calças) e chapéus. | ||
+ | * aplicar um repelente adequado. Ter em atenção que os repelentes são colocados após o protetor solar e devem ser repetidos de cada vez que se lava a pele ou que se reforça o protetor solar. | ||
+ | * repousar em locais com ar condicionado ou com janelas devidamente protegidas e com redes mosquiteiras. | ||
+ | Caso seja picado por um mosquito deve evitar coçar e aplicar um creme calmante (exemplo: contendo calamina). <br><br> | ||
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+ | ====Tratamento==== | ||
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+ | O controlo eficaz da malária passa pelo diagnóstico e tratamento precoces. O objetivo do tratamento é eliminar o parasita do sangue de forma a evitar a progressão da doença, possíveis complicações e a sua transmissão. Não existe um esquema terapêutico universal para o tratamento, existem sim algumas alternativas que devem ser ponderadas e ajustadas em função da resistência da espécie e outros aspetos clínicos individuais do doente. <br><br> | ||
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+ | ===Conclusão=== | ||
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+ | A malária é uma doença endémica sobretudo de países tropicais sendo que devem ser adotadas medidas para a sua prevenção. Antes de viajar, recomenda-se que se aconselhe junto do seu médico, e numa Consulta de Saúde do Viajante. <br><br> | ||
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+ | ===Referências recomendadas=== | ||
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+ | * [https://wwwnc.cdc.gov/travel Centers for Disease Control and Prevention, “Traveler’s Health”] | ||
+ | * [https://www.cdc.gov/malaria/index.html Centers for Disease Control and Prevention, “Malaria”] | ||
+ | * [https://www.cdc.gov/malaria/travelers/country_table/a.html Centers for Disease Control and Prevention, “Malaria Information and Prophylaxis by Country”] | ||
+ | * [https://ecdc.europa.eu/en/malaria/facts/factsheet European Centre for Disease Prevention and Control, “Factsheet about malaria”] | ||
+ | * [http://www.who.int/malaria/en/ World Health Organization: Malaria] | ||
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+ | [[Categoria:Medicina do viajante]] | ||
+ | [[Categoria:Parasitas]] | ||
+ | [[Categoria:Prevenção primária]] | ||
+ | [[Categoria:Prevenção secundária]] |
Autor: Ana Sousa Oliveira
Última atualização: 2018/01/12
Palavras-chave: Malária, Paludismo, Plasmodium spp, Mosquito
ÍndiceResumoA malária é uma doença causada por diferentes espécies do parasita Plasmodium. Pode ser transmitida através do contacto com sangue infetado, sendo o principal meio de transmissão a picada pelo mosquito Anopheles em certas regiões quentes, perto da linha do equador. |
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A malária é uma doença infeciosa causada por parasitas do género Plasmodium: Plasmodium falciparum (o mais comum), Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium malariae e Plasmodium knowlesi.
A transmissão de malária ocorre através do contacto com sangue infetado, sendo exemplos disso:
Estima-se que a malária tenha atingido 216 milhões de pessoas em todo o mundo em 2016: 90% na África sub-Sariana, 7% no sudeste asiático, e 2% no Mediterrâneo Oriental. Geralmente a transmissão é mais intensa nas regiões mais quentes perto do Equador, estando reportados maior número de casos em África (a sul do Sahara) e em algumas regiões da Oceânia (como Papua Nova Guiné).
A transmissão da malária não ocorre a altitudes elevadas, durante as estações frias (em algumas zonas), nos desertos (exceto nos oásis) e em alguns países com programas eficazes de controlo/eliminação.
Quando o Plasmodium entra na corrente sanguínea, cresce e multiplica-se dentro dos glóbulos vermelhos, provocando o seu rebentamento a cada 48-72h. Esta periodicidade justifica o aparecimento dos sintomas como febre, calafrios e suores de forma cíclica.
Desde o contacto até ao aparecimento da doença vai demorar entre 7 a 15 dias, correspondentes ao período de incubação. Em algumas pessoas e dependendo da espécie do Plasmodium envolvido, pode-se prolongar até vários meses.
A malária apresenta sintomas geralmente idênticos aos de uma gripe comum, incluindo a febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vómitos. A infeções causadas por Plasmodium falciparum podem estar associadas a confusão mental, falência renal, coma e eventualmente morte, sobretudo em crianças.
Qualquer pessoa que apresente este tipo de sintomas depois de ter estado recentemente num país endémico deve procurar apoio médico.
Perante a suspeita de malária, o médico poderá fazer uma observação ao microscópio de uma gota de sangue do doente, que confirma o diagnóstico. Raramente poderão ser necessários outros testes de confirmação.
As populações com maior risco de apresentar casos severos de malária são as grávidas e as crianças com menos de 5 anos de idade. Estão também reportados muitos casos associados a descendentes de emigrantes provenientes de zonas endémicas, quando regressam à região para visitar família e amigos. Este maior risco poderá estar sobretudo associado à falsa ideia de que poderão estar imunizados por terem crescido em regiões endémicas. Assim, é importante referir que qualquer imunidade parcial adquirida durante o crescimento num país endémico facilmente se perde e torna as pessoas tão vulneráveis como qualquer outra que cresceu em regiões não endémicas.
A prevenção da malária pode ser feita através da profilaxia com medicamentos específicos e da adoção de medidas preventivas das picadas de mosquitos.
A profilaxia medicamentosa faz-se através da toma de medicamentos contra a malária. Estes medicamentos devem ser tomados antes, durante e depois da viagem. As alternativas existentes em Portugal são a cloroquina, a mefloquina, a hidroxicloroquina e a associação de atovaquona + proguanilo. A escolha do medicamento mais indicado para cada caso é feita pelo médico, de acordo com o país destino e com as recomendações que a Organização Mundial de Saúde (OMS) publica regularmente.
Quanto à prevenção de picadas do mosquito, existem algumas estratégias que devem ser adotadas quando alguém se desloca para países endémicos, nomeadamente:
Caso seja picado por um mosquito deve evitar coçar e aplicar um creme calmante (exemplo: contendo calamina).
O controlo eficaz da malária passa pelo diagnóstico e tratamento precoces. O objetivo do tratamento é eliminar o parasita do sangue de forma a evitar a progressão da doença, possíveis complicações e a sua transmissão. Não existe um esquema terapêutico universal para o tratamento, existem sim algumas alternativas que devem ser ponderadas e ajustadas em função da resistência da espécie e outros aspetos clínicos individuais do doente.
A malária é uma doença endémica sobretudo de países tropicais sendo que devem ser adotadas medidas para a sua prevenção. Antes de viajar, recomenda-se que se aconselhe junto do seu médico, e numa Consulta de Saúde do Viajante.