Diferenças entre edições de "Pediculose púbica"

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Revisão das 19h29min de 11 de fevereiro de 2018

Autor: Eduarda Cerdeira, Patrícia Zlamalik, Joana Queiroz-Machado

Última atualização: 2018/02/11

Palavras-chave: Pediculose púbica, Doenças da pele, Parasitas, Infeções sexualmente transmissíveis

Resumo


A pediculose púbica é um problema de saúde causado pelo parasita Phthirus pubis (nomes populares: “piolhos púbicos”, “chatos”). É habitualmente transmitida por contacto sexual ou íntimo com pessoa infestada, e está muitas vezes associado a condições socioeconómicas precárias.
O principal sintoma é a comichão (prurido) na região púbica, mas outras zonas do corpo com presença de pelos podem também ser afetadas (membros, tronco, face). É possível observar a olho nu a presença de lêndeas e piolhos nas áreas afetadas e manchas azuladas na pele, causadas pelo parasita.
O tratamento é eficaz, deve ser extensível aos parceiros sexuais dos últimos 3 meses e inclui medicamentos (a maior parte das vezes de aplicação tópica na pele), cuidados específicos com as roupas e reavaliação 1 semana após o fim do tratamento. Deve ser realizada a pesquisa de infeções sexualmente transmissíveis nos indivíduos com pediculose púbica.




Pediculose púbica


A pediculose púbica é uma doença infeciosa causada pela infestação com o parasita Phthirus pubis, também conhecida por “piolhos púbicos” ou ”chatos”. A infeção é transmitida por contacto sexual, corporal íntimo ou, menos frequentemente, pelo contacto com objetos infestados como peças de vestuário ou toalhas.
O parasita infesta os pelos terminais da região púbica e à volta do ânus. Tipicamente, o parasita não está adaptado para rastejar mas pode ser encontrado nos pelos das pernas, antebraços, peito ou face (incluindo pestanas). O tempo de vida do parasita adulto é inferior a 1 mês. Durante esse tempo, a fêmea deposita ovos, que, em média, requerem 1 semana de incubação. O parasita adulto não consegue sobreviver mais do que 24 horas sem se alimentar de sangue.

Sintomas


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A principal queixa é a comichão (prurido) na região púbica. As lêndeas e/ou piolhos localizados nos pelos são visíveis a olho nu. Podem ser observadas manchas de cor azul clara (“maculae cerulae”) com < 1 cm, pápulas vermelhas no local das picadas, para além de crostas e manchas cor de ferrugem derivadas dos excrementos do parasita. Os piolhos adultos infestam o pelo terminal da área genital e podem também estar presentes no pelo corporal e facial, incluindo sobrancelhas e pestanas (típico nas crianças). Pequenas nódoas de sangue poderão ser observadas na roupa interior.

Diagnóstico


Geralmente, o diagnóstico é feito atendendo às queixas do doente e ao exame objetivo realizado pelo médico. As infeções sexualmente transmissíveis (IST) coexistem em 30% dos casos, pelo que é fortemente recomendado o rastreio, incluindo o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Tratamento


O tratamento inicial consiste na aplicação do creme de permetrina a 1% ou Piretrinas com butóxido piperonilo, em todas as regiões com suspeita de infestação: áreas genital e anal, coxas, tronco, axilas, áreas do bigode e barba, enxaguando após 10 minutos. As lêndeas devem ser removidas dos pelos, usando pentes finos ou pinças. O tratamento é repetido passados 7 a 10 dias devido aos parasitas adultos que entretanto possam ter eclodido dos ovos pré-existentes.

Quando é iniciado o tratamento, os doentes devem usar vestuário e roupa interior lavadas. As peças de vestuário, roupa de cama, toalhas e outros artigos devem ser lavados à máquina (a 50º C ou mais), a seco ou seladas e armazenadas num saco plástico por 3 dias.

A depilação da zona púbica não é necessária.

É fundamental a reavaliação 1 semana após o fim do tratamento: a infestação é considerada resolvida se, nessa altura, não existir infestação ativa (ausência de piolhos vivos). As lêndeas mortas deverão ser removidas.
Após 10 dias do fim do tratamento é encontrada infestação persistente em 40% dos casos. Existem medicamentos usados em 2ª linha, em loção ou comprimidos (ivermectina), que deverão ser utilizados conforme recomendação médica.
Situações especiais, como a gravidez (apesar da permetrina ser segura) ou a infeção localizada nas pestanas, podem ter recomendações médicas mais específicas.

Tratamento dos contactos e parceiros sexuais


Os parceiros sexuais dos últimos 3 meses devem também ser tratados. O doente infestado e o(s) seu(s) contacto(s) sexual(ais) devem evitar contacto íntimo e sexual até todos os indivíduos terem tratado a infestação. A presença de piolhos púbicos nas crianças não é necessariamente indicador de atividade sexual, pois podem ser transmitidos por contacto físico não genital entre conviventes próximos.
Estes piolhos podem também ter utilidade forense, como por exemplo em casos de abuso sexual, pelo conteúdo de sangue e consequentemente material genético (ADN) do(s) hospedeiro(s).

Medidas preventivas


Os indivíduos com pediculose púbica não devem partilhar peças de vestuário, roupa de cama ou objetos de higiene pessoal.
A transmissão por contacto no assento da sanita não é possível.
A doença não se previne pelo uso de preservativo.
Deve ser dada especial atenção às condições sanitárias, nos casos de grupos de pessoas vivendo em condições de sobrelotação.

Conclusão


A pediculose púbica é uma doença infeciosa causada por um parasita, habitualmente transmitida por contacto sexual. Pode causar prurido genital. O tratamento deve ser estendido aos parceiros sexuais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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