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Autor: Marisa Barros
Última atualização: 2018/05/23
Palavras-chave: Toxinfeção alimentar; Infeção alimentar; Intoxicação alimentar; Segurança alimentar; Alimentação
ResumoTodos os dias, em todo o mundo, há pessoas que ficam doentes devido a algo que comeram. |
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As toxinfeções alimentares englobam as infeções alimentares e as intoxicações alimentares.
As infeções alimentares ocorrem quando se ingere um alimento contaminado com um microrganismo que é capaz de se multiplicar no tubo digestivo, nomeadamente ao nível do intestino, provocando doença. Eventualmente, os microrganismos podem passar para a corrente sanguínea e invadir outros tecidos do corpo.
Por outro lado, as intoxicações alimentares resultam da ingestão de alimentos onde existem toxinas, que podem ter origem em contaminação química ou terem sido produzidas por microrganismos presentes nos alimentos.
Vários microrganismos podem originar doenças através dos alimentos ou água contaminados, como as bactérias (Ex: Salmonella, Shigella, cólera), os parasitas (Ex: Giardia, Toxoplasma) e os vírus (Ex: vírus da hepatite A, rotavírus, poliovírus).
Outro aspeto importante é que muitas vezes a transmissão dos agentes patogénicos é feita através das mãos, que são responsáveis pela maior disseminação dos microrganismos de uns locais para outros. Um centímetro quadrado de pele humana pode apresentar em média 100.000 bactérias, tornando fácil a disseminação ao preparar ou manipular os alimentos.
Os sintomas podem surgir logo após a ingestão do alimento, mas é mais comum aparecerem nas 24-72 horas após, podendo demorar mais dias até semanas.
Na maioria das vezes existe uma ordem de aparecimento dos sintomas, começando pelas dores de estômago e vómitos, e, mais tarde, a diarreia. Nos casos mais graves, pode também surgir dor de cabeça, febre, fadiga, dificuldade respiratória, alterações da visão ou fala, meningite, e, em situações extremas, provocar a morte.
A febre superior a 38,5ºC, a presença de sangue nas fezes e o aparecimento de sinais de desidratação, como boca e pele seca, diminuição da produção de urina, poucas ou nenhumas lágrimas ao chorar, sonolência ou cansaço excessivos e tonturas, são sinais de alerta que devem fazer recorrer a assistência médica.
É importante perceber o horário de aparecimento dos primeiros sintomas e relacioná-lo com a ingestão de alimentos, nomeadamente se houver algum alimento suspeito. Também é importante perceber se existem outras pessoas afetadas entre os contactos, ou se houve viagens para locais de risco.
A maioria das vezes, um inquérito sobre a alimentação das últimas horas chega para estabelecer o diagnóstico, mas pode ser necessária a realização de uma análise às fezes para identificar o microrganismo responsável.
Como em muitas outras situações, a prevenção é a melhor estratégia para evitar as toxinfeções alimentares:
A diarreia do viajante é a situação clínica mais frequente nos viajantes, sobretudo quando se viaja para algumas zonas menos desenvolvidas de África, América Central e do Sul, Médio Oriente e Ásia.
Geralmente é autolimitada, e resolve espontaneamente, mas pode ser muito incomodativa e estragar completamente uma viagem, seja de lazer ou de trabalho.
Caracteriza-se por diarreia frequentemente associada a outros sintomas, como náuseas, vómitos e cólicas abdominais. Os microrganismos mais frequentemente envolvidos são a Escherichia coli, Campylobacter jejuni, Shigella spp., Salmonella spp, os Vírus e a Giardia.
As regras de ouro da prevenção passam por:
Os antidiarreicos não apresentam eficácia na prevenção da Diarreia do Viajante, assim como a utilização de antibióticos ou probióticos. Além disso, o uso de antibióticos de uma forma preventiva pode mesmo contribuir para o aparecimento de resistências, dificultando o tratamento em caso de desenvolvimento desta situação clínica.
A maioria dos casos são autolimitados, melhorando espontaneamente no espaço de dias. A recuperação irá depender da idade, estado físico da pessoa doente e tipo de infeção. É importante ter alguns cuidados:
As toxinfeções alimentares são uma importante causa de doença em todo o mundo, sobretudo em grupos de risco. A prevenção é uma estratégia útil e pode fazer a diferença na gravidade da doença e na forma como evolui, quando aparece.