Diferenças entre edições de "Infeção pelo Helicobacter pylori"

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Revisão das 13h12min de 10 de janeiro de 2019

Autor: Ana Ramos, Sílvia Camões

Última atualização: 2016/09/27

Palavras-chave: Helicobacter pylori; Infeção; Erradicação; Gastrite



Resumo


O Helicobacter pylori (Hp) é uma bactéria que infeta o estômago humano e está associada a alterações gástricas importantes. A infeção é adquirida durante a infância e está intimamente relacionada com más condições higieno-sanitárias.
Os sintomas são pouco comuns e inespecíficos. O mais frequente é a dor localizada à região do estômago, podendo ser importante a realização de alguns exame para confirmar o diagnóstico.
A infeção por Hp constitui um desafio terapêutico, muito devido à elevada resistência antibiótica. A decisão de tratar deverá ser baseada em critérios claros, apesar da controvérsia existente. O regime terapêutico, apesar das diferenças, consiste sempre na associação de um inibidor da bomba de protões e vários antibióticos. A eficácia é, em geral, superior a 80%. No adulto, uma vez confirmada a erradicação da bactéria, a reinfeção é pouco comum.




O que é a infeção pelo Helicobacter pylori?


EMpylori.jpg

O Helicobacter pylori (Hp) é uma bactéria com formato em espiral que infeta o estômago humano e origina uma reação inflamatória local, estando associada com o aparecimento de gastrite crónica, úlcera péptica e cancro gástrico.
Tipicamente a infeção é adquirida durante a infância (quer por contacto direto, quer por ingestão de produtos contaminados) e está intimamente relacionada com más condições higieno-sanitárias. Permanece como uma das infeções humanas mais prevalentes em todo o Mundo, atingindo cerca de 50% da população. É mais frequente nos países em vias de desenvolvimento do que nos países desenvolvidos, onde a taxa de infeção diminuiu substancialmente na última década muito devido à melhoria das condições de higiene.

Em Portugal, são poucos os estudos realizados mas, os resultados existentes indicam uma elevada prevalência, com valores superiores a 80% da população (Porto, 2013).

Como suspeitar?


Frequentemente, a infeção não dá sintomas, a não ser que surjam complicações como a gastrite ou a úlcera no estômago ou no duodeno, capazes de causar dor localizada à região do estômago - sintoma dominante. Dificuldade na digestão, plenitude e desconforto abdominal, sensação de saciedade precoce, azia e eructação excessiva são alguns dos sintomas que podem acompanhar.

Fatores de risco


Digestive anatomy.png
  • Baixo nível socioeconómico;
  • Más condições sanitárias;
  • Baixo nível de instrução;
  • Viver num país em desenvolvimento;
  • Famílias numerosas;
  • Contaminação de alimentos e água;
  • Contacto com secreções gástricas contaminadas.



Como é feito o diagnóstico?


Em função dos sintomas que apresenta e da avaliação do seu estado físico, o médico poderá aconselhar a realização de outros exames.
Os métodos diagnósticos para Hp podem ser divididos em 2 grupos: métodos não-invasivos e métodos invasivos que se baseiam em biópsias colhidas por endoscopia digestiva alta.

Métodos não invasivos para diagnóstico da Infeção por Helicobacter pylori
Teste
Descrição
Vantagens
Desvantagens
Teste respiratório com ureia
(Carbono-13/Carbono-14)
Ingestão de ureia marcada com carbono radioativo (C-13/C-14), forma de comprimido.
Se Hp presente no estômago, há reação e o carbono é libertado e absorvido pelo estômago, sendo depois eliminado pela respiração. O ar expirado é analisado para a presença e quantidade de carbono.
Muito eficaz
Simples
Diagnóstico e Monitorização da eficácia terapêutica pós-erradicação
Dispendioso
Não comparticipado
Jejum de 6 horas
Interrupção IBP 2 semanas antes
Teste do antigénio fecal Deteção de antigénios fecais do Hp em amostra de fezes usando anticorpos monoclonais (técnica mais acessível). Eficaz
Diagnóstico e Monitorização da eficácia terapêutica pós-erradicação
Dispendioso, mas mais acessível
Não comparticipado
Interrupção IBP 2 semanas antes
Dependente do laboratório onde é realizado – técnica acreditada
Teste serológico Deteção de anticorpos IgG específicos para o Hp, no sangue. Económico
Acessível
Comparticipado
Sem necessidade interrupção IBP
Baixa acuidade diagnóstica
Diagnóstico de infeção, mas não monitorização da erradicação



Métodos invasivos para diagnóstico da Infeção por Helicobacter pylori
Teste
Descrição
Vantagens
Desvantagens
Teste da urease rápida Durante a endoscopia, é colhido um fragmento da mucosa gástrica que é colocado num meio liquido contendo ureia e um indicador colorido de pH. Se Hp presente, e por ação de uma enzima – urease – vai haver libertação de amónia com aumento do pH e alteração da cor do liquido.
Resultado em 1 minuto.
Eficaz
Económico
Acessível
Rápido
Interrupção IBP 2 semanas antes
INVASIVO
Histologia Durante a endoscopia, é realizada biópsia de mucosa gástrica que posteriormente é analisada. Muito eficaz
Fornece um conjunto de informações relevantes
Não necessita de interrupção IBP
Dispendioso
INVASIVO
Cultura Durante a endoscopia, é realizada biópsia de mucosa gástrica que posteriormente é cultivada em meio próprio para estimular o crescimento de Hp e realizar testes de suscetibilidade antimicrobiana. Muito eficaz
Possibilita a determinação dos antibióticos mais eficazes (antibiograma)
Dispendioso
Difícil execução
Raramente disponível
Demorado
INVASIVO
Testes moleculares Durante a endoscopia, é realizada biópsia de mucosa gástrica que vai ser analisada. Testes laboratoriais, recentes, para detetar o Hp e a resistência à claritromicina e/ou fluoroquinolonas. Muito eficaz
Possibilita a determinação dos antibióticos mais eficazes (antibiograma)
Dispendioso
Raramente disponível
INVASIVO



A opção pelo método mais indicado para cada caso dependerá de um conjunto de fatores que têm a ver com aspetos clínicos, da preferência do doente e de facilidade de acesso, e de ordem económica.

Quem tratar?


O Colégio Americano de Gastroenterologia recomenda o diagnóstico e tratamento em indivíduos com:

  1. Dispepsia inespecífica (indigestão);
  2. Úlcera péptica ativa (gástrica ou duodenal);
  3. Antecedentes pessoais bem documentados de úlcera péptica (sem erradicação prévia do Hp);
  4. Linfoma MALT gástrico;
  5. Biópsia gástrica positiva para cancro gástrico inicial.


Outras situações poderão beneficiar do tratamento mas terão de ser ponderadas caso a caso como a doença do refluxo gastro-esofágico, a anemia ferropénica inexplicada, as pessoas que utilizam cronicamente medicamentos anti-inflamatórios, ou populações com elevado risco de cancro gástrico).

Como é feito o tratamento?


O tratamento de erradicação do Hp deverá ser prescrito pelo médico, a quem cabe escolher o melhor regime terapêutico, tendo em conta a exposição prévia a antibióticos, as taxas de resistência antibiótica da região e a adesão do doente.
O tratamento consiste habitualmente na associação de um inibidor da bomba de protões (IBP) e 2 ou mais antibióticos, consoante o regime escolhido, durante 10 a 14 dias. A eficácia é, em geral, superior a 80%.
No adulto, uma vez confirmada a erradicação da bactéria, a reinfeção é pouco comum.

Complicações


A infeção por Hp constitui um fator de risco para o aparecimento de gastrite crónica, úlcera péptica e cancro gástrico. A persistência do Hp no estômago pode complicar a evolução destas patologias, com maior ou menor gravidade:

  • Gastrite crónica: inflamação da parede do estômago que pode evoluir para atrofia gástrica ou para úlcera;
  • Úlcera Péptica: ferida aberta na parede do estômago ou duodeno que pode complicar com:
    • Hemorragia: Complicação mais comum (15%); Risco aumentado com toma de anti-inflamatórios não esteroides (aspirina, ibuprofeno, diclofenac, etc)
    • Perfuração: Pouco frequente – 1/10000 pessoas; Complicação grave que origina peritonite, com uma taxa de mortalidade de cerca de 6-14%.
    • Obstrução do esvaziamento gástrico: Complicação rara; A contínua inflamação e cicatrização da região ulcerada pode originar uma massa capaz de obstruir a saída gástrica que se manifesta por vómitos intensos eventualmente com sangue.
  • Cancro do estômago: De dois tipos: adenocarcinoma gástrico e linfoma gástrico tipo MALT, este último com melhor prognóstico, pode evoluir para obstrução do esvaziamento gástrico ou mesmo ser fatal.
  • Púrpura Trombocitopénica Idiopática: É uma doença em que as plaquetas sanguíneas estão diminuídas, podendo ocorrer hemorragias. Embora ainda não seja claro o mecanismo sabe-se que desempenha um papel importante dado que a sua erradicação induz a recuperação da contagem das plaquetas numa percentagem elevada de doentes.

Conclusão


A infeção por Helicobacter pylori é muito prevalente em Portugal. Está na origem de múltiplas patologias do estômago e tubo digestivo, algumas com gravidade, mas nem todas as pessoas beneficiam de se tratar esta infeção.
O médico assistente ajudá-lo-á a decidir a melhor opção para cada caso concreto.

Referências recomendadas






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