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Autor: Teresa Raquel Vaz; Vitor Nogueira Rego; Inês Dias Almeida
Última atualização: 2021/11/29
Palavras-chave: separação; divórcio; crianças; adolescentes
ÍndiceResumoO divórcio é um processo complexo, consequência de instabilidade na dinâmica familiar. Constitui um evento de vida marcante, pois ocorre disrupção de rotinas e da estrutura familiar. |
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A separação ou o divórcio, e todos os acontecimentos que conduzem a uma rutura, interrompem a estabilidade que as crianças precisam. São eventos perturbadores na sua vida, podendo acompanhar-se de sentimentos de perda, ansiedade, medo, tristeza ou raiva. O mundo em família muda radicalmente e, tal como os pais, também os filhos vão passar por um processo de reformulação da sua vida e das suas rotinas. É importante que os pais estejam em sintonia para que possam ajudar os filhos a compreender a situação e a ultrapassá-la da melhor forma.
O divórcio não deixa de ser um processo complexo, angustiante e potencialmente doloroso para todos os intervenientes. Mas podemos considerar alguns fatores para facilitar o mesmo, nomeadamente a forma como os pais comunicam a decisão aos filhos e como gerem as reações e emoções das crianças.
Quando os pais tomam a decisão de se separarem ou divorciarem, a convivência na mesma casa, a partilha do mesmo espaço, da rotina e das tarefas podem transformar-se em momentos de tensão e conflito. Por isso, estando a decisão tomada, devem comunicá-la aos filhos tão depressa quanto possível. O ideal é que os pais consigam colocar de parte as divergências na hora de transmitir a notícia e que esta seja explicada aos filhos na presença de ambos os progenitores. Se possível, façam-no a um fim de semana ou numa altura em que estejam mais tempo presentes, de forma a garantir o apoio e amparo que a criança possa precisar da parte dos pais nessa altura.
É fundamental evitar utilizar os filhos como argumento de discórdia, garantindo-lhes que a decisão nada tem a ver com eles mas simplesmente com os pais e a relação entre ambos.
De uma forma geral, a partir dos 2 anos a criança já adquiriu capacidade de compreender a linguagem verbal e, por isso, deve haver uma explicação ajustada à sua idade. Importa explicar que os pais já não vão viver na mesma casa, deixando claro que a criança não tem qualquer culpa em relação ao que está a acontecer. O que difere é a forma de transmitir a mensagem, que deve ser adequada à faixa etária:
Há vários estudos que mostram que as crianças conseguem lidar melhor com a separação dos pais, e com toda a mudança de vida que isso implica, quando têm um adulto com quem possam desabafar. Um psicólogo, pela distância e ausência de envolvimento emocional na situação, pode ser uma ajuda valiosa. Há casos em que, além de útil, a ajuda de um profissional é mesmo essencial. Quando as crianças estão expostas ao conflito entre os pais, podem ter dificuldade em lidar com a instabilidade familiar, demonstrando-o através de alguns sinais a que devem estar atentos: comportamentos desafiantes, birras intensas e recorrentes, alterações no comportamento alimentar e no sono, medo excessivo, conflitos com o grupo de pares ou queixas somáticas (por exemplo, dores de barriga), queda no rendimento escolar.
A separação e o divórcio não têm de ser sinónimo de destabilização severa para as crianças. A forma como os pais gerem o processo é fundamental para garantir o seu bem-estar físico, psicológico e cognitivo.