Autor: Carolina Oliveira, Joana Carvalho
Última atualização: 2019/02/04
Palavras-chave: Adolescente, Sexualidade, Comportamento Sexual, Saúde Sexual, Medicina Preventiva
Índice
ResumoA adolescência é uma fase transitória caraterizada por um enorme desenvolvimento físico e psicológico nas raparigas e nos rapazes, e também da sexualidade. |
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A adolescência caracteriza-se por um enorme desenvolvimento físico e psicológico. Nesta fase, há uma aceleração da progressiva autonomização, com maturação dos diferentes aspetos da vida, incluindo o desenvolvimento sexual. O aparecimento dos carateres sexuais é a face visível do ponto de vista anatómico e fisiológico. Mas a sexualidade não é apenas genitalidade e envolve a procura de amor, contacto, ternura e intimidade, e que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados. É uma experiência subjetiva de pensamentos, expectativas, sentimentos, ações e interações, de vivência do eu comigo mesmo e com o outro.
Na adolescência, como na vida, a aprendizagem faz-se por experiências felizes e compensadoras e outras não tão conseguidas ou mesmo geradoras de grande desconforto. No comportamento sexual importa desmistificar e perceber que há muitas formas de expressar a sexualidade e que esta é evolutiva no tempo e nos contextos. As experiências de hoje poderão não ser as de amanhã.
A orientação sexual refere-se ao que cada pessoa pensa e sente sobre si própria, assim como, por quem se sente atraído afetiva e sexualmente.
Alfred Kinsey, um biólogo e sexólogo americano do início do século XX, definiu orientação sexual como um “espectro que pode variar desde exclusivamente heterossexual até exclusivamente homossexual”.
Assim, considera-se que alguém é:
Existem outros tipos de orientação sexual para além das listadas, como as pessoas heterossexuais que têm interesse ocasional pelo mesmo sexo (designadas de heteroflexíveis) ou pessoas homossexuais com interesse ocasional pelo sexo oposto (designadas como homoflexíveis). Também existem pessoas que preferem não definir a sua orientação sexual.
O sexo biológico é o sexo que nos é atribuído ao nascimento, baseado na definição inicial dos carateres sexuais (pénis ou vagina) e que tem a ver com características cromossómicas, genitais e hormonais masculinas ou femininas, pressupondo a capacidade reprodutiva.
A identidade de género surge mais tardiamente. Refere-se ao sentimento pessoal de ser do género feminino ou do género masculino. O padrão mais comum é a pessoa identificar-se com o sexo biológico, feminino nas mulheres e masculino nos homens, independentemente dos comportamentos sexuais e relacionais assumidos.
Uma pessoa transgénero é alguém que não se identifica com seu sexo biológico. Por exemplo, alguém que nasceu rapariga mas que se identifica como rapaz ou vice-versa.
Ser homofóbico ou transfóbico é sentir ódio, desprezo e/ou desconforto por pessoas homossexuais ou transgénero, respetivamente.
A homofobia/transfobia é frequentemente baseada em mitos pré-concebidos de atitudes negativas face a vivências não heterossexuais da sexualidade.
O estigma homofóbico e transfóbico levam à descriminação. Em 2017, o Observatório da Discriminação, da ILGA, recolheu 188 relatos de casos de discriminação, afetando sobretudo os jovens (média de 29 anos) e homossexuais masculinos. A grande maioria das situações denunciadas ocorreram na forma de insultos verbais, violência doméstica ou bullying.
O bullying homofóbico nas escolas é frequente e particularmente preocupante pelas consequências negativas associadas, como a baixa autoestima, dificuldade de concentração, tristeza, isolamento, fobia à escola e eventual abandono, e tentativas de suicídio. A depressão é 3 a 5 vezes mais comum nas vítimas de discriminação.
Numa área em que pode ser difícil verbalizar as dúvidas e as ideias num contacto personalizado, as linhas de apoio podem ser particularmente importantes. Em Portugal, existem diversos serviços de apoio e informação:
A adolescência é uma fase de grandes mudanças. É importante que o adolescente esteja suficientemente informado sobre esta temática, de modo a que viva uma sexualidade satisfatória e protegida.
Catarina Ramos Rodrigues • Fernando Diogo Milheiro • Francisca Castro Lopes • Manuel Pedro Guedes • Carolina Oliveira • Joana Carvalho