Autor: Fátima Santos, Sara Leite
Última atualização: 2017/04/26
Palavras-chave: Ataque Epilético, Convulsão, Crise Epilética, Epilepsia
Resumo
A Epilepsia constitui uma das patologias neurológicas crónicas mais frequentes, com pico de manifestação nos primeiros anos de vida e na terceira idade. Cerca de 1% da população mundial tem epilepsia. As suas formas de apresentação são múltiplas bem como as suas repercussões físicas e cognitivas.
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O que é a Epilepsia?
A epilepsia é uma doença do sistema nervoso que se manifesta por crises epiléticas, que são descargas anormais e excessivas das células cerebrais.
Existem dois tipos de apresentação:
- Crise epilética generalizada: envolve todo o cérebro e provoca perturbação do estado de consciência.
- Crise epilética focal ou parcial: afeta apenas uma parte do cérebro e há, normalmente, consciência para o evento.
Muitas situações podem desencadear a epilepsia:
- Malformações do cérebro ou dos vasos cerebrais
- Falta de oxigénio durante o parto (Ex: Asfixia ou trauma durante o parto, baixo peso ao nascer)
- Predisposição genética
- Doenças neurológicas (Ex: Doença alzheimer, AVC)
- Ferimentos graves na cabeça com traumatismo ou hemorragia cerebral
- Infeções cerebrais (Ex: Meningite, Encefalite)
- Tumores cerebrais
- Intoxicações (Ex: Álcool, Drogas, Chumbo)
- Febre alta
Como se faz o diagnóstico?
Sintomas
Na maioria das vezes, a descrição das crises pelo doente ou por alguém que as tenha testemunhado é suficiente para estabelecer o diagnóstico e a respetiva classificação.
A crise generalizada pode durar entre 30 segundos e 5 minutos, e cursa com:
- Contrações descontroladas e involuntárias
- Virar olhos e cabeça
- Salivação espumosa
- Dificuldade em respirar
- Fala incompreensível
- Agressividade, podendo resistir à ajuda
- Perda de consciência com consequente amnesia para o episódio
- Pode haver mordedura da língua
- Pode ocorrer incontinência de urina e/ou fezes.
As crises parciais, são mais rápidas (10 a 30 segundos), menos intensas, normalmente não dão perda de consciência e apresentam-se com:
- Movimentos involuntários na face, membros ou espalhados pelo corpo
- Formigueiro nos braços, nas pernas, nas mãos ou na boca
- Pequena rigidez dos músculos
- Mal-estar, palpitação, salivação, suor, ou rubor na face
Eletroencefalograma
É um exame essencial no diagnóstico para avaliar a atividade cerebral
TAC ou ressonância magnética
Podem ser importantes para despistar algumas das causas de epilepsia
Cuidados Gerais:
- Uso de uma identificação médica (Ex: Pulseira) que descreva a sua doença. Isto irá proporcionar informações importantes numa situação de emergência.
- Epilepsia e Condução automóvel, segundo Decreto-Lei n.º 138/2012, de 5 de julho:
- Condutores do Grupo 1: “É emitido ou revalidado título de condução a quem sofra de epilepsia, após um período de um ano sem novas crises”
- Condutores de Grupo 2: “É emitido ou revalidado título de condução a quem sofra de epilepsia, desde que esteja, há pelo menos dez anos, livre de crises e sem terapêutica específica”
- Não há nenhum inconveniente que impeça a mulher com epilepsia de ter filhos saudáveis. Contudo, esta deve planear a sua gravidez e ajustar a terapêutica. Em caso de gravidez não planeada deve contactar logo que possível o seu médico assistente.
- Os traumatismos cranianos podem provocar epilepsia e são muitas vezes evitáveis com o uso de cinto de segurança durante a condução e o uso de proteções para a cabeça em atividades ou desporto de contato (Ex: Mergulho, Artes marciais, Boxe, entre outros)
Os portadores de epilepsia, quando bem controlados podem e devem fazer uma vida normal (trabalhar, praticar desporto, casar, ter filhos, etc…).
Tratamento
Existem vários tratamentos disponíveis para a epilepsia como os medicamentos, a electroestimulação e até a cirurgia. Em cada caso ponderar-se-á a melhor estratégia no sentido de alcançar o objetivo de viver o dia a dia sem crises epiléticas.
A falta de sono é um fator precipitante de crises, pelo que é essencial uma boa higiene de sono, com períodos de sono regulares. Importante evitar estímulos visuais (Ex: equipamentos eletrónicos, televisão) 30 a 60 min antes de adormecer.
Prognóstico
Favorável, sendo fortemente influenciado pela causa subjacente.
Em algumas pessoas a epilepsia entra em remissão, apesar de uma proporção substancial manter a condição para o resto da vida.
Se testemunhar uma crise epilética?
- Mantenha-se calmo
- Observe atentamente a crise: duração, características
- Coloque algo mole sob a cabeça da vítima
- Quando a convulsão acabar, deite a vítima de lado voltada para a esquerda (posição lateral de segurança) de modo a que a saliva ou vómito possam escorrer para fora da boca
- Desaperte a roupa à volta do pescoço para facilitar a respiração
- Não introduza objetos na boca pelo risco de lesões dentárias e gengivais
- Não tente puxar a língua pelo risco de lesão grave dos seus próprios dedos
- Não tentar forçar a pessoa a ficar quieta e não lhe dê de beber nem comer até recuperar completamente o estado de consciência, pelo risco de engasgamento.
- Permaneça com a vítima até que recupere os sentidos
- Peça ajuda qualificada: ligue 112 (número nacional de emergência)
Conclusão
A Epilepsia não tem cura definitiva, mas é passível de estabilização com terapêutica dirigida, levando a que a maioria dos epiléticos possa levar uma vida normal.
Referências recomendadas