Autor: Ana Luís Faria, Ana Silva Marcos, Liliana Silva Mota, Patrícia Silva
Última atualização: 2017/09/05
Palavras-chave: Novas tecnologias; Infância; Pré-escolar; Educação
ÍndiceResumoO uso das novas tecnologias está globalizado. |
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As novas tecnologias estão cada vez mais presentes na vida diária das crianças e adolescentes, sendo essencial perceber o impacto que a utilização das mesmas implica.
É uma vasta área de pesquisa, implicando muitos dispositivos tecnológicos atualmente disponíveis, onde ainda existem poucos estudos. Há muitos efeitos, uns benéficos, outros nem tanto, e outros condicionando prejuízo, que ainda não estão completamente estabelecidos, sendo necessário mais tempo de observação para conclusões definitivas. O maior conhecimento sobre o tema levará à adaptação e personalização das tecnologias com potenciação do benefício.
Nas crianças mais novas, os riscos atualmente conhecidos são superiores ao benefício, mas a avaliação deve ser enquadrada no caso concreto, como, por exemplo, as videochamadas em situações de distanciamento físico dos cuidadores/familiares.
É especialmente importante, nesta fase de intenso desenvolvimento neurológico, que as crianças possam experienciar:
Não é fácil atingir estes objetivos através dos meios digitais pela dificuldade, nesta fase de desenvolvimento, em transferir o conhecimento aí adquirido para uma perceção tridimensional.
Aos 24 meses, as crianças podem já aprender novas palavras em vídeo-chamadas com adultos ou via interface digital em jogos para escolher a resposta certa. Além disso, interagem também nas vídeo-chamadas, mas requerem explicação pelos cuidadores de forma a prevenir uma sensação de abandono no final das mesmas, que é ainda muito comum nestas idades.
A melhor forma de aprendizagem para as crianças é através da socialização e da interação pai-filho, na persistência, na criatividade, na flexibilidade do pensamento, na gestão das emoções e na construção de relações sociais.
Alguns programas de televisão, como o clássico “Rua Sésamo” (o programa infantil mais estudado) podem ajudar na cognição, literacia e aptidão social, abordando também temas relacionados com a saúde (como prevenção da obesidade).
As aplicações e jogos de computador ou tablet devem ser adaptados ao uso duplo (dos filhos em conjunto com os pais), e ter em atenção que muitos jogos que são intitulados como “educacionais” têm pouca evidência disso e não estão aptos para este tipo de utilização conjunta.
No que toca aos livros digitais (e-books), é essencial que estes sejam utilizados em leitura dialogada (como a que é feita com os livros em papel), dado que possuem aspetos interativos que podem diminuir a compreensão do seu conteúdo.
A educação pelo exemplo é muito importante, e as atitudes apenas têm impacto se forem seguidas por todos em casa. Os pais têm uma posição privilegiada para exercer esta função de forma ativa.
O uso das novas tecnologias em crianças dos 0-5 anos deve ser controlado pelos seus cuidadores, dando preferência às atividades interativas, ao seu uso em família e à explicação das mesmas pelos pais.
A boa utilização destas novas tecnologias pode (e deve) ser um instrumento de socialização e aprendizagem, reforçando os laços entre pais e filhos e uns com os outros.