Malária

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Autor: Ana Sousa Oliveira

Última atualização: 2018/01/12

Palavras-chave: Malária, Paludismo, Plasmodium spp, Mosquito


Resumo


A malária é uma doença causada por diferentes espécies do parasita Plasmodium. Pode ser transmitida através do contacto com sangue infetado, sendo o principal meio de transmissão a picada pelo mosquito Anopheles em certas regiões quentes, perto da linha do equador.
Há tratamento disponível.
No entanto, a principal estratégia para o seu controlo passa pela prevenção através de regimes profiláticos com medicamentos específicos e pela adoção de medidas de proteção contra a picada do inseto.
Todas as pessoas que se desloquem para locais onde existe probabilidade de haver transmissão de malária devem consultar o seu médico para se informar nesse sentido e iniciar o processo profilático que ocorre antes, durante e após a viagem.




Malária


A malária é uma doença infeciosa causada por parasitas do género Plasmodium: Plasmodium falciparum (o mais comum), Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium malariae e Plasmodium knowlesi.

Transmissão


Anopheles gambiae.jpg

A transmissão de malária ocorre através do contacto com sangue infetado, sendo exemplos disso:

  • picada pela fêmea infetada do mosquito Anopheles (meio de transmissão mais frequente);
  • transfusões sanguíneas;
  • transplante de órgãos;
  • partilha de agulhas;
  • mãe infetada para o feto (durante a gravidez).



Onde ocorre a transmissão


Estima-se que a malária tenha atingido 216 milhões de pessoas em todo o mundo em 2016: 90% na África sub-Sariana, 7% no sudeste asiático, e 2% no Mediterrâneo Oriental. Geralmente a transmissão é mais intensa nas regiões mais quentes perto do Equador, estando reportados maior número de casos em África (a sul do Sahara) e em algumas regiões da Oceânia (como Papua Nova Guiné).
A transmissão da malária não ocorre a altitudes elevadas, durante as estações frias (em algumas zonas), nos desertos (exceto nos oásis) e em alguns países com programas eficazes de controlo/eliminação.

Manifestações clínicas


Quando o Plasmodium entra na corrente sanguínea, cresce e multiplica-se dentro dos glóbulos vermelhos, provocando o seu rebentamento a cada 48-72h. Esta periodicidade justifica o aparecimento dos sintomas como febre, calafrios e suores de forma cíclica.
Desde o contacto até ao aparecimento da doença vai demorar entre 7 a 15 dias, correspondentes ao período de incubação. Em algumas pessoas e dependendo da espécie do Plasmodium envolvido, pode-se prolongar até vários meses.
A malária apresenta sintomas geralmente idênticos aos de uma gripe comum, incluindo a febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vómitos. A infeções causadas por Plasmodium falciparum podem estar associadas a confusão mental, falência renal, coma e eventualmente morte, sobretudo em crianças.
Qualquer pessoa que apresente este tipo de sintomas depois de ter estado recentemente num país endémico deve procurar apoio médico.

Diagnóstico


Perante a suspeita de malária, o médico poderá fazer uma observação ao microscópio de uma gota de sangue do doente, que confirma o diagnóstico. Raramente poderão ser necessários outros testes de confirmação.

Grupos de Risco


As populações com maior risco de apresentar casos severos de malária são as grávidas e as crianças com menos de 5 anos de idade. Estão também reportados muitos casos associados a descendentes de emigrantes provenientes de zonas endémicas, quando regressam à região para visitar família e amigos. Este maior risco poderá estar sobretudo associado à falsa ideia de que poderão estar imunizados por terem crescido em regiões endémicas. Assim, é importante referir que qualquer imunidade parcial adquirida durante o crescimento num país endémico facilmente se perde e torna as pessoas tão vulneráveis como qualquer outra que cresceu em regiões não endémicas.

Prevenção


A prevenção da malária pode ser feita através da profilaxia com medicamentos específicos e da adoção de medidas preventivas das picadas de mosquitos.
A profilaxia medicamentosa faz-se através da toma de medicamentos contra a malária. Estes medicamentos devem ser tomados antes, durante e depois da viagem. As alternativas existentes em Portugal são a cloroquina, a mefloquina, a hidroxicloroquina e a associação de atovaquona + proguanilo. A escolha do medicamento mais indicado para cada caso é feita pelo médico, de acordo com o país destino e com as recomendações que a Organização Mundial de Saúde (OMS) publica regularmente.
Quanto à prevenção de picadas do mosquito, existem algumas estratégias que devem ser adotadas quando alguém se desloca para países endémicos, nomeadamente:

  • evitar ter a pele exposta utilizando roupa comprida (camisolas e calças) e chapéus.
  • aplicar um repelente adequado. Ter em atenção que os repelentes são colocados após o protetor solar e devem ser repetidos de cada vez que se lava a pele ou que se reforça o protetor solar.
  • repousar em locais com ar condicionado ou com janelas devidamente protegidas e com redes mosquiteiras.

Caso seja picado por um mosquito deve evitar coçar e aplicar um creme calmante (exemplo: contendo calamina).

Tratamento


O controlo eficaz da malária passa pelo diagnóstico e tratamento precoces. O objetivo do tratamento é eliminar o parasita do sangue de forma a evitar a progressão da doença, possíveis complicações e a sua transmissão. Não existe um esquema terapêutico universal para o tratamento, existem sim algumas alternativas que devem ser ponderadas e ajustadas em função da resistência da espécie e outros aspetos clínicos individuais do doente.

Conclusão


A malária é uma doença endémica sobretudo de países tropicais sendo que devem ser adotadas medidas para a sua prevenção. Antes de viajar, recomenda-se que se aconselhe junto do seu médico, e numa Consulta de Saúde do Viajante.

Referências recomendadas


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