Litíase biliar

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Autor: Miguel Alves; Maria Sousa Ferreira; Isabel Carvalho

Última atualização: 2018/07/10

Palavras-chave: vesícula biliar, litíase, cálculos



Resumo


A vesícula biliar é um órgão do sistema digestivo, de pequena dimensão e em formato de “pêra”, que se localiza junto ao fígado e tem como principal função armazenar a bílis, que é importante para a digestão de gorduras.
Litíase Biliar é uma expressão que significa que existem “pedras” (cálculos) no interior da vesícula. Em condições normais, estes cálculos não existem.
É uma situação frequente atingindo, na Europa, cerca de 10 a 15% da população adulta. A maioria dos cálculos são de colesterol e não causam sintomas. No entanto, quando ocorre encravamento do cálculo na saída da vesícula biliar, pode surgir uma cólica biliar ou uma colecistite aguda.
O tratamento, que consiste em cirurgia para remoção da vesícula, está indicado se sintomas recorrentes ou risco de complicações.




Litíase Biliar (“Pedra” na Vesícula)


A vesícula biliar é um órgão do sistema digestivo, de pequena dimensão e em formato de “pêra”, que se localiza junto ao fígado e tem como principal função armazenar a bílis, que é importante para a digestão de gorduras.
Normalmente, não existem “pedras” (cálculos) na vesícula. Contudo, em determinadas situações, surgem pequenas acumulações de detritos na vesícula que vão continuamente aumentando, contribuindo, mais tarde, para a formação de cálculos.

Fatores de Risco


Os fatores de risco para a formação de cálculos na vesícula biliar são:

  • Sexo feminino
  • Gravidez
  • Idade avançada (> 65 anos)
  • Obesidade
  • Rápida perda de peso
  • Dieta ocidental (rica em alimentos gordurosos)
  • Certas doenças do fígado (ex: Cirrose), do intestino (ex: Doença de Chron) ou do sangue (ex: Anemia por deficiência de ferro)
  • História familiar de cálculos na vesícula
  • Medicamentos (ex: anticontracetivos hormonais, terapêutica hormonal na pós-menopausa)



Processo de formação dos cálculos


A maioria dos cálculos são constituídos por colesterol. Normalmente, estes cálculos formam-se pela presença de colesterol em excesso, que precipita e dá origem a microcristais. A diminuição da contractilidade da vesícula (estase biliar) pode contribuir para a formação de microcristais. Estes podem agregar-se e formar cristais de colesterol de dimensões cada vez maiores, com risco de obstruir a saída da bílis para o intestino delgado.
Existem outros tipos de cálculos menos comuns constituídos por pigmentos da bílis e cálcio.

Sinais e Sintomas


A maioria das pessoas com cálculos na vesícula biliar nunca vai ter sintomas. Por vezes, a presença de cálculos só é detetada por acaso, quando se realiza uma ecografia abdominal por outra razão.

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No entanto, algumas pessoas podem ter uma Cólica Biliar que surge quando ocorre um bloqueio temporário da saída da vesícula ou do canal que liga a vesícula biliar ao intestino delgado. Quando o cálculo bloqueia a saída da bílis da vesícula biliar ocorre um aumento da pressão dentro da vesícula. Esta vai contrair-se para tentar expulsar o cálculo, originando um quadro de dor intensa e indisposição associada. Quando, associado a este quadro, ocorre inflamação da vesícula estamos perante uma Colecistite Aguda.
A Cólica Biliar manifesta-se pela presença de dor “forte” na região superior direita do abdómen, logo por baixo das últimas costelas, que pode irradiar para as costas (principalmente para a omoplata direita). Normalmente existe uma sensação de mal-estar geral, com náuseas e/ou vómitos associados. A dor dura habitualmente cerca de 30 minutos, estabilizando em 1 hora. Depois disso, a dor diminui de intensidade acabando por desaparecer. Normalmente, o quadro de cólica biliar tem uma duração inferior a 6 horas.
A Colecistite Aguda pode ter uma apresentação semelhante à Cólica Biliar, mas normalmente com dor mais constante e intensa, com duração superior a 4 a 6 horas e com febre associada. Alguns doentes podem apresentar uma coloração amarelada da pele e/ou mucosas (icterícia).
Se a Colecistite Aguda não for tratada pode provocar algumas complicações:

  • Se ocorrer inflamação do canal que se estende desde a vesícula biliar até ao intestino delgado, podemos ter um quadro de Colangite Aguda.
  • Por outro lado, se a inflamação ocorrer na porção do canal que atravessa o Pâncreas, podemos ter um quadro de Pancreatite Aguda.

Na Colangite Aguda pode existir dor abdominal, febre e icterícia. Normalmente, os parâmetros inflamatórios estão elevados.
A Pancreatite Aguda costuma cursar com dor na região superior e central do abdómen, por vezes irradiando para as costas (dor tipo “cinturão”). Também pode estar associada a náuseas e/ou vómitos e icterícia.
O Íleo Biliar é uma situação mais rara e consiste na obstrução do intestino por um cálculo biliar.

Diagnóstico


O diagnóstico de Cólica Biliar ou Colecistite Aguda é feito com base nos sintomas. A ecografia abdominal é importante para confirmar o diagnóstico.

Tratamento


O tratamento está indicado se existirem sintomas recorrentes ou complicações associadas à presença de cálculos na vesícula. O tratamento cirúrgico é o mais indicado e normalmente consiste na remoção da vesícula através de uma colecistectomia laparoscópica. Esta consiste numa cirurgia habitualmente simples e com baixo risco de complicações.
Após a remoção da vesícula, o doente pode e deve ter uma vida completamente normal, sem necessidade de medicação ou de restrições alimentares.
Os cuidados alimentares são sempre recomendados antes da cirurgia e no período de convalescença, evitando alimentos ricos em gorduras.

Conclusão


A Litíase Biliar é uma situação comum, mas que normalmente não está associada a sintomas. O tratamento está indicado em situações em que existem sintomas recorrentes ou risco de complicações.

Referências recomendadas




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