Silicose

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Autor: Francisca Ribeiro Silva, Pedro Santos Sousa

Última atualização: 2018/09/23

Palavras-chave: Silicose; Tratamento; Prevenção; Exposição inalatória; Doença ocupacional



Resumo


A silicose é uma doença pulmonar resultante da inalação de poeira de sílica, que condiciona alterações estruturais e funcionais nos pulmões. Em Portugal, a doença é uma causa importante de absentismo no trabalho, nomeadamente nas regiões com elevada indústria de construção. A gravidade da doença é variável e depende muito do tempo e intensidade da exposição.
Não existe um tratamento eficaz: as opções terapêuticas atualmente disponíveis permitem o alívio dos sintomas, mas não controlam a progressão da doença.
Evitar a inalação de partículas é o pilar da prevenção, permitindo diminuir o aparecimento de novos casos e limitar a progressão dos que já estão instalados. A melhoria das condições de trabalho é fundamental para poupar a vida e a saúde dos trabalhadores expostos.



Silicose


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A silicose é uma doença pulmonar que resulta da inalação de pó de sílica decorrente do corte e/ou perfuração de solo, areia, granito ou outros minerais. Trabalhadores de minas, pedreiras e da indústria do vidro, bem como o corte de tijolo, a escavação de túneis e o fabrico de próteses são atividades associadas a maior exposição ocupacional ao pó de sílica. A inalação consecutiva deste mineral promove uma destruição progressiva das células pulmonares, culminando num estado de destruição irreversível do tecido pulmonar com formação de cicatrizes.
Em Portugal, a silicose pulmonar é considerada um grave problema de saúde pública, sendo a principal causa de invalidez entre as doenças respiratórias ocupacionais. Está associada a diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade. As atitudes preventivas permitem diminuir a sua incidência e minimizar os efeitos nocivos da exposição ambiental.

Como se classifica?


A doença pode ser classificada de acordo com a sua apresentação clínica:

  • silicose aguda resulta da exposição por curtos períodos de tempo (meses ou poucos anos) a quantidades muito elevadas de sílica;
  • silicose acelerada nos casos de exposição mediana (5 a 10 anos);
  • silicose crónica como resultado de exposição de longo prazo (10 a 15 anos) a quantidades mais baixas de poeira de sílica.



Sinais e Sintomas


Na maioria dos casos a doença não dá sintomas durante vários anos até ao aparecimento dos primeiros sintomas:

  • Falta de ar com o esforço
  • Tosse
  • Perda de peso

Mesmo sem sintomas, uma radiografia pulmonar evidencia acumulações dispersas de poeira de sílica. Com a progressão da silicose, essas acumulações aumentam de tamanho, podendo conglomerar e danificar extensamente os pulmões. Nos casos mais graves, a doença atinge a sua fase complicada com formação de cicatrizes de grandes dimensões, levando a um estado de insuficiência respiratória e cardíaca, e eventualmente à morte.

Diagnóstico


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A caracterização da história ocupacional é fundamental, explorando detalhadamente a exposição às poeiras e o uso de medidas de proteção no contexto laboral.

A confirmação diagnóstica dos micronódulos pulmonares deve ser realizada com radiografia do tórax, podendo ser complementada com TAC.

A biópsia pulmonar pode estar indicada nos casos duvidosos e as provas de função respiratória são indispensáveis na avaliação da incapacidade e monitorização da evolução da doença.

Tratamento


Não existe um tratamento eficaz para a silicose.
O uso de corticoides procura diminuir a progressão da doença para fases mais complicadas e, em alguns casos, pode aliviar os sintomas. A terapêutica de suporte, através da suplementação com oxigénio, broncodilatadores e diuréticos, pode dar algum alívio dos sintomas e melhorar a qualidade de vida. Em casos selecionados pode haver indicação para transplante pulmonar.
Estudos científicos recentes parecem mostrar a emergência de novas abordagens farmacológicas no tratamento da silicose, no entanto, são necessários mais testes confirmatórios do seu eventual benefício ao nível da inflamação pulmonar.

Prevenção


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Embora as novas abordagens terapêuticas adivinhem uma mudança no paradigma da doença, a prevenção é a melhor estratégia.
As medidas preventivas podem levar à diminuição da incidência da doença e da degradação da função pulmonar, sobretudo as que levam à evicção/limitação do contato com as poeiras.

  • É recomendado o uso de máscara com filtro mecânico capaz de reter a fração respirável do material particulado/em pó.
  • Manter um estilo de vida saudável: cessação tabágica, boas condições em casa e vacinação adequada.

A Medicina do Trabalho assume um papel primordial no acompanhamento dos trabalhadores expostos à sílica, prevendo-se a sua vigilância periódica e incentivo ao uso de máscara protetora.

Conclusão


A silicose é uma doença progressiva e responsável pela incapacidade de muitos trabalhadores.
Atualmente não existe tratamento eficaz e, por isso, a aposta deverá manter-se ao nível da prevenção ocupacional.

Referências recomendadas



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