Autor: Ana Luísa Ribeiro, Marta Pires Ribeiro, Carlos Santos
Última atualização: 2020/02/24
Palavras-chave: Cigarro eletrónico, produtos de tabaco aquecido, fumar, vapear, prevenção primária
ÍndiceResumoO cigarro eletrónico é uma invenção chinesa comercializada desde 2004, que em vez de queimar tabaco, aquece os ingredientes, gerando vapor. Face ao crescente consumo e apelativa publicidade, é fundamental estar corretamente informado antes de utilizar. |
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O cigarro eletrónico foi inventado pelo farmacêutico Hon Lik, com o objetivo de criar uma alternativa segura ao cigarro convencional o que, até à data não se verificou. Em vez de queimar o tabaco, o dispositivo aquece a nicotina e outros ingredientes contidos num cartucho/cigarro, formando um vapor de partículas tão pequenas que são capazes de penetrar mais profundamente nas vias respiratórias e atingir áreas não habitualmente acessíveis ao fumo do cigarro convencional. A sua eficácia e segurança estão ainda em estudo.
Atualmente existem 3 categorias de produtos:
Nos sistemas eletrónicos de entrega, a pessoa inala, gerando um fluxo de ar detetado por um sensor, que por sua vez está ligado a uma pilha de lítio, ativando um microprocessador que aquece o conteúdo do cartucho contendo líquido e o transforma no vapor que entra nos pulmões.
No tabaco aquecido, em vez do líquido há um mini cigarro, cujas folhas de tabaco são igualmente impregnadas numa solução com químicos, aromatizantes e corantes, durante o fabrico.
Ambos os sistemas contêm na sua composição e no aerossol gerado, produtos tóxicos além de nicotina, alguns dos quais detetados por estudos independentes de vigilância pós comercialização e não previamente listados pelos fabricantes, sobretudo em dispositivos adquiridos fora do mercado regulado. Portanto, o fumo não é apenas vapor de água.
Não se conhece a totalidade dos constituintes do cigarro eletrónico devido às lacunas existentes na legislação que regulamenta a sua produção.
Sabe-se que apesar de não incluir monóxido de carbono ou alcatrão, e possuir menor quantidade de outras substâncias que o cigarro convencional, como a nicotina, o cigarro eletrónico contém propilenoglicol (anticongelante), glicerina vegetal, metais pesados (níquel e chumbo) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (responsáveis pelo cheiro e sabor). Estas substâncias têm efeitos tóxicos, cancerígenos e provavelmente outros riscos para a saúde ainda não conhecidos.
Os danos causados pelo cigarro eletrónico a longo prazo, vão sendo descobertos à medida que o tempo passa e aumenta o número de consumidores.
Até à data foram reportados os seguintes problemas:
Em modelos animais verificou-se estar também associado ao cancro do pulmão, carecendo ainda de comprovação em humanos.
Os riscos são maiores quando são adicionadas substâncias aos cartuchos, como canábis, e quando os dispositivos são indevidamente utilizados e limpos.
Empresas tradicionalmente associadas à produção do tabaco são os principais investidores no desenvolvimento e comercialização do cigarro eletrónico, o que pode ser uma tentativa de tornar novamente aceitável o ato de fumar e de subsistência da indústria do tabaco a longo prazo, ao apelar a novos consumidores, incluindo jovens.
Apesar de existirem restrições de idade à sua comercialização, o cigarro eletrónico é vendido na internet e a publicidade é altamente apelativa a menores, com várias cores, luzes e sabores (chocolate, caramelo, etc.). O aspeto dos dispositivos é muito elegante e tecnológico, e a presença de figuras públicas a publicitar o produto, tornam popular o seu consumo (ex. Johnny Depp no filme “O Turista”).
Todas as formas de fumar têm riscos graves para a saúde, incluindo o cigarro eletrónico. Não fume e se pretende deixar de fumar, consulte um profissional de saúde.