Autor: Teresa Raquel Vaz, Catarina Sofia Pinto
Última atualização: 2021/07/19
Palavras-chave: alergia alimentar; alergia à proteína do leite de vaca; Alergia a Proteínas do Leite de Vaca
Índice
ResumoA alergia a proteínas do leite de vaca é a alergia alimentar mais comum durante a infância. |
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A alergia a proteínas do leite de vaca é uma alergia alimentar que ocorre nas crianças. Geralmente manifesta-se nos primeiros meses de vida, quando se inicia a alimentação com leite adaptado (“leite de lata/artificial”). Surge quando o sistema imune do bebé reage de forma anómala contra certas proteínas presentes no leite.
Quando está a amamentar, se consumir lacticínios ou outros alimentos contendo leite, as proteínas do leite de vaca ingeridas podem passar para o seu leite. O bebé, ao ingerir o leite materno com essas proteínas, pode reagir contra elas.
Não precisa de deixar de amamentar. Aliás, o aleitamento materno exclusivo até aos 4-6 meses é um fator protetor das alergias alimentares. Caso esteja a amamentar e o bebé apresente uma alergia a proteínas do leite de vaca, é necessário que exclua da sua alimentação o leite de vaca e derivados, para evitar a passagem das proteínas para o leite materno. É fundamental manter uma alimentação diversificada para não haver prejuízo nutricional, nem para si, nem para o bebé.
Normalmente, a presença de sintomas e a sua relação com a ingestão de leite de vaca ou derivados é muito sugestiva do diagnóstico.
Perante a suspeita, pode ser necessário realizar alguns testes, nomeadamente:
O único tratamento que provou ser eficaz é a evicção total dos laticínios. Além destes, outros alimentos contêm leite na sua composição, assim como alguns cosméticos e medicamentos, sendo, por isso, importante saber ler os rótulos destes produtos.
No caso de uma reação alérgica por ingestão acidental, pode ser necessário usar medicação de urgência consoante as manifestações, com o objetivo de aliviar os sintomas e reverter a reação.
Em casos selecionados pode ser introduzida a indução de tolerância alimentar. Esta abordagem é planeada e realizada em ambiente hospitalar e consiste na ingestão de doses crescentes do alimento, neste caso o leite, até alcançar a dose máxima tolerada. O objetivo é permitir que a criança alérgica passe a tolerar o alimento em causa.
Quando termina o aleitamento materno, existem leites de substituição seguros: as fórmulas extensamente hidrolisadas. A eficácia destas fórmulas ronda os 90-95% e são recomendadas por todas as sociedades científicas internacionais.
O leite de soja é uma boa alternativa ao leite vaca mas deve ser utilizado com prudência: não deve ser usado em crianças com idade inferior a 6 meses nem nos casos graves de alergia a proteínas do leite de vaca. Por isso, a sua introdução deve ser ponderada caso a caso, pelo médico.
Quase todas as crianças com alergia a proteínas do leite de vaca podem comer carne de vaca: o risco de reação cruzada é muito baixo, sobretudo se a carne estiver bem passada.
A criança pode comer quaisquer alimentos que não apresentem a proteína do leite de vaca ou risco de contaminação cruzada, nomeadamente carne, vegetais, frutas, leguminosas, cereais, grãos, etc…
Tanto o leite sem lactose como o de outros animais (cabra, ovelha) não são uma opção, pois pode ocorrer reação cruzada a proteínas neles presentes.
Habitualmente a alergia a proteínas do leite de vaca é transitória. Com o tempo, os sintomas tendem a desaparecer e a alergia resolve-se espontaneamente nos primeiros anos de vida. A cura vai depender do tipo de reação e da forma como o organismo da criança reage. É aconselhável o acompanhamento em consulta com o Médico Assistente ou, em alternativa, em consulta de Alergologia ou Gastroenterologia Pediátrica, para avaliar a evolução e reconhecer se a cura foi alcançada.
É muito importante informar os familiares, os cuidadores, os professores e restantes conviventes da criança da sua condição para garantir a sua segurança. O melhor tratamento é evitar o contacto com o alergénio.
A alergia a proteínas do leite de vaca é comum e, apesar de transitória, pode ser grave. Evitar o alergénio é a chave do tratamento. Saber ler rótulos é fundamental para a segurança da criança.