Autor: Cristina Ramos Silva, Daniela Ferreira da Costa, Carla Morna
Última atualização: 2021/12/08
Palavras-chave: Pandemia, SARS-CoV-2, testes COVID-19, teste serológico COVID-19, teste ácidos nucleicos COVID-19
ÍndiceResumoA COVID-19 é uma doença causada pelo vírus SARS-COV-2. Foi declarada como pandemia em março de 2020. |
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A COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-COV-2, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde em março de 2020. Sendo uma doença infeciosa e de fácil transmissão entre pessoas, é recomendado o isolamento dos casos positivos, independentemente dos sintomas que apresentem. Os testes para SARS-Cov-2 procuram identificar estes casos.
Em Portugal, existem três tipos de testes laboratoriais disponíveis para o vírus SARS-COV-2:
Os Testes Moleculares de Amplificação de Ácidos Nucleicos e os Testes Rápidos de Antigénio são utilizados para o diagnóstico da infeção por SARS-COV-2. Os Testes Serológicos avaliam a resposta imunológica à infeção ou à vacina.
Com exceção de determinadas situações, que deverão ser avaliadas pelo médico, os testes laboratoriais para a identificação de SARS-CoV-2 (TAAN e TRAg) não devem ser realizados em pessoas com história de infeção por SARS-CoV-2, confirmada laboratorialmente, nos últimos 180 dias a contar desde o fim do isolamento.
Os Testes moleculares de amplificação de ácidos nucleicos (TANN) , também conhecidos como testes RT-PCR devido à tecnologia utilizada, detetam o material genético do vírus, o RNA. São considerados os testes de referência para o diagnóstico e rastreio da infeção por SARS-COV-2.
As amostras normalmente utilizadas são colhidas, através de zaragatoa, na região do nariz e/ou da garganta, e o resultado demora cerca de 24 horas a estar disponível. Existem testes rápidos de amplificação de ácidos nucleicos, com obtenção do resultado num período de tempo mais curto, reservados para situações de urgência.
Os TANN são altamente específicos e se realizados nas condições ideais, têm uma alta sensibilidade (são capazes de detetar com precisão baixos níveis de RNA viral), dependendo do tipo e qualidade da amostra, do tempo decorrido desde o início da infeção e da qualidade do teste utilizado.
Um teste TANN positivo para o SARS-COV-2 normalmente confirma o diagnóstico de infeção, não sendo necessário nenhum outro teste adicional. Os testes falso-positivos estão descritos, mas são raros (testes positivos em pessoas não infetadas com SARS-COV2).
Um teste TANN negativo normalmente é suficiente para excluir a infeção por SARS-COV-2, porém, nem sempre indica que a pessoa não está infetada. Isto pode acontecer, por exemplo, no início da infeção, aquando da incubação do vírus.
Se o teste TANN for negativo e existir uma elevada suspeita de COVID-19, sugere-se a repetição do teste.
Os testes rápidos de antigénio (TRAg) detetam proteínas específicas do vírus SARS-COV-2 no trato respiratório.
Para a realização dos TRAg de uso profissional, normalmente são utilizadas amostras colhidas, através de zaragatoa, na região do nariz e/ou da garganta. Estes testes permitem a obtenção de resultados num período de tempo curto (15-30 minutos).
Os TRAg de uso profissional têm uma sensibilidade menor que os testes RT-PCR, ou seja, encontramos mais testes negativos em pessoas que estão efetivamente infetadas. Em Portugal são aceites TRAg de uso profissional que apresentem valores de sensibilidade igual ou superior a 90%, o que significa que em 100 pessoas com infeção por SARS-COV2, 90 irão ter teste positivo, e de especificidade igual ou superior a 97%, o que significa que em 100 pessoas não infetadas, 97 irão ter o teste negativo.
Os TRAg de uso profissional devem ser efetuados nos primeiros cinco dias de sintomas, de modo a diminuir a probabilidade de obtenção de resultados falsos negativos (testes negativos em pessoas infetadas com SARS-COV2). Nas situações de elevada suspeita clínica de COVID-19, que obtiveram um teste rápido de antigénio negativo, deve ser realizado um teste RT-PCR.
Os autotestes são testes rápidos de antigénio, de baixa complexidade técnica de execução, que podem ser utilizados por pessoas que não tenham grande prática. A colheita é feita pelo próprio através de zaragatoa, utilizando amostras nasais, de acordo com as instruções do produto. Estes testes têm uma sensibilidade igual ou superior a 80% (em 100 pessoas com infeção por SARS-COV2, 80 irão ter teste positivo) e uma especificidade igual ou superior a 97% (em 100 pessoas não infetadas por SARS-COV2, 97 irão ter o teste negativo).
Estes testes não devem ser utilizados como testes de diagnóstico em pessoas com suspeita de infeção por SARS-CoV-2 (pessoas sintomáticas) ou pessoas com contactos com casos confirmados COVID-19, onde se recomenda uma avaliação personalizada e orientação específica.
Os testes serológicos avaliam se a pessoa tem anticorpos no sangue para o vírus SARS-COV-2. Os anticorpos são proteínas criadas pelo sistema imunitário para ajudar a combater as infeções e surgem após uma infeção ou após a toma de uma vacina contra uma infeção.
Normalmente é utilizada uma amostra de sangue, e dependendo da complexidade do teste, os resultados podem ser obtidos em 10-30 minutos ou até algumas horas. Os anticorpos normalmente são detetados uma a três semanas após a infeção ou a realização da vacina, e por isso, os anticorpos não são utilizados para o diagnóstico de COVID-19.
Um teste serológico positivo significa que, a pessoa pode ter anticorpos contra o SARS-COV 2, que surgiram após uma infeção por este vírus ou pela vacinação contra a COVID-19.
Pessoas que desconheçam ter sido infetadas e não estão vacinadas para a COVID-19, o teste pode ser positivo caso tenha ocorrido uma infeção assintomática.
Ocasionalmente o teste também pode ser positivo para os anticorpos SARS-CoV-2, quando a pessoa não tem esses anticorpos específicos, tratando-se de um teste falso positivo.
Um teste serológico negativo significa que, provavelmente, a pessoa não esteve infetada com o vírus SARS-COV-2 ou não recebeu a vacina contra a COVID-19.
Um teste serológico negativo também pode ocorrer em pessoas com história de infeção por SARS-COV-2 ou vacinação contra a COVID-19:
Testes Moleculares de Amplificação de Ácidos Nucleicos | RNA do vírus SARS-COV-2 | Diagnóstico (Teste de referência) | Através de zaragatoa, normalmente na região do nariz e/ou da garganta | No prazo de 24 horas (RT-PCR convencional) |
Testes Rápidos de Antigénio – uso profissional | Proteínas do vírus SARS-COV-2 | Diagnóstico | Através de zaragatoa, normalmente na região do nariz e/ou da garganta | 15-30 minutos |
Testes Rápidos de Antigénio – Autotestes | Proteínas do vírus SARS-COV-2 | Diagnóstico (Não utilizar se suspeita de infeção por SARS-CoV-2 ou em pessoas com contactos com casos confirmados de COVID-19) | Através de zaragatoa, na área nasal interna | 10 –30 minutos |
Testes Serológicos | Anticorpos (anti-SARS-COV-2) | Avaliar a resposta imunológica | Sangue | 10-30 min (testes rápidos) / horas |
O diagnóstico precoce da infeção por SARS-COV-2 contribui para limitar a propagação da COVID-19. Contudo, o aspeto central no controlo da pandemia passa pela prevenção da doença, sendo imprescindíveis a vacinação e a manutenção das medidas de segurança.