Autor: Albino Martins
Última atualização: 2017/09/03
Palavras-chave: Eczema desidrótico; Pele; Exantema; Doença crónica; Emolientes
ÍndiceResumoA disidrose é uma doença de pele frequente, crónica e recidivante, cuja causa não esta completamente esclarecida. Manifesta-se pela presença de pequenas vesículas (semelhantes a gotas de água), localizadas geralmente na região lateral dos dedos das mãos ou pés, podendo evoluir para formação de bolhas e para descamação, normalmente acompanhadas de comichão. |
---|
A disidrose, também chamada de eczema disidrótico, é uma doença da pele frequente, crónica e recidivante.
A prevalência do eczema das mãos estima-se entre 2-8.9% na população geral. O eczema desidrótico corresponde a 5-20% dos casos.
A causa é desconhecida e provavelmente multifatorial, podendo ter relação com alergénios ambientais, atopia (tendência alérgica) ou fatores emocionais, entre outros. Não tem predomínio de género. É mais comum no adulto jovem, com um pico de incidência entre os 20-40 anos de idade, e pouco comum na criança.
Esta doença caracteriza-se pela presença de pequenas vesículas semelhantes a gotas de orvalho, habitualmente localizadas no bordo lateral ou dorsal dos dedos das mãos (em 70 a 80 % dos casos), que podem confluir e formar bolhas, com progressão para descamação. Menos frequentemente podem aparecer também nos pés.
Os episódios evoluem habitualmente em dias a semanas, e podem ocorrer com intervalos variáveis. São mais frequentes nos meses quentes, na primavera e no verão. É muito frequente aparecer também prurido (comichão) e secura da pele.
Não há uma causa estabelecida para esta doença.
Entre os fatores de risco, destacam-se a pele atópica (presente em cerca de metade dos doentes), a exposição a alguns alergénios (como o cromo ou o níquel) ou substâncias irritantes (detergentes, solventes ou líquidos ácidos como citrinos), e os fatores ambientais (como variações da temperatura ou da humidade relativa). Parece haver também uma maior recorrência da disidrose nas alturas de maior ansiedade ou instabilidade emocional.
Normalmente a presença de sintomas complementada pela observação das lesões é suficiente para fazer o diagnóstico. Testes de alergia ou outros meios complementares de diagnóstico geralmente são desnecessários.
Todavia, em alguns casos poderão ser necessários a realização de um exame cultural para excluir infecção bacteriana/fúngica ou de testes cutâneos para excluir dermatite de contacto.
A gravidade da doença pode ser muito variável. Em alguns casos as lesões podem ser severas o suficiente para interferir com o trabalho ou com as atividades diárias.
As recidivas frequentes podem progredir para inflamação crónica da pele, caracterizada por um aspeto liquidificado (seco) ou pelo aparecimento de fissuras. Pode ainda ocorrer infeção geralmente por bactérias que residem na pele.
A opção de tratamento é orientada pela gravidade da doença. Nas pessoas com disidrose os cuidados no dia-a-dia são fundamentais para espaçar as crises:
A disidrose é uma doença crónica de evolução recorrente. Geralmente observam-se crises episódicas durante vários anos, que tendem a ser menos frequentes ou até desaparecerem com o avançar da idade.
As lesões cicatrizam em algumas semanas (duração habitual de cerca de 3 semanas).
A disidrose é uma doença de pele, frequente, crónica, e com evolução recorrente. O uso de hidratante e a evicção de irritantes é importante no tratamento e prevenção da doença.