Fibromialgia

Autor: Débora Fonseca, Joana Cirne

Última atualização: 2016/05/24

Palavras-chave: Fibromialgia, Dor músculo-esquelética, Stress, Tratamento não farmacológico



Resumo


A fibromialgia é uma patologia crónica de natureza não-inflamatória, que se caracteriza por dor generalizada e difusa nos músculos e articulações. O frio, as alterações do sono, períodos de maior stress, preocupações ou angústia podem desencadear a sintomatologia da fibromialgia.
O diagnóstico da doença é feito com a história clínica do doente e os sintomas que este apresenta.
Os objetivos do tratamento são, fundamentalmente, o alívio da dor, redução da ansiedade, melhoria do sono e, com tudo isto, a melhoria da qualidade de vida.




O que é a Fibromialgia?


A fibromialgia é uma patologia crónica de natureza não-inflamatória, caracterizada por dor generalizada e difusa nos músculos e articulações, muitas vezes migratória. Associa-se a um aumento da sensibilidade em pontos específicos no corpo e a fatores desencadeantes, tais como frio, alterações do sono, períodos de maior stress, preocupações ou angústia.

É frequente?


Afeta cerca de 2-8% dos adultos, sendo mais frequente em mulheres, com idade compreendida entre os 30-50 anos. No entanto, a fibromialgia pode desenvolver-se em qualquer idade, inclusive na infância.

Como se manifesta?


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O sintoma que predomina na fibromialgia é a dor nos músculos e articulações, de forma generalizada, acompanhada frequentemente de rigidez matinal. Porém, a dor pode ser localizada, afectando regiões de maior tensão muscular como os ombros, costas e pescoço.
Outras manifestações frequentes nos doentes com fibromialgia são:

  • O cansaço, que se pode manter durante quase todo o dia, havendo pouca tolerância ao esforço físico;
  • Perturbação do sono (como dificuldade em adormecer, ou acordar frequentemente durante a noite), que ocorre em cerca de 70% dos doentes com fibromialgia, agravando as queixas dolorosas nos dias que dormem pior;
  • Distúrbios emocionais, nomeadamente ansiedade, irritabilidade ou sintomas depressivos;
  • Problemas de memória e concentração;
  • Sensação de edema (inchaço) das mãos e pés.

A fibromialgia pode ainda estar associada a síndrome do intestino irritável e outros sintomas como mal-estar abdominal, dificuldade na digestão, dores de estômago(em cerca de 60% dos doentes).
É comum os sintomas serem mais intensos de manhã e agravarem-se com a atividade física, com as mudanças climáticas, com a falta de sono e o stress, etc.

Como se faz o diagnóstico?


Dado que não existem exames ou análises que permitam a confirmação do diagnóstico, este é fundamentalmente clínico, realizado através do conjunto de sintomas, da observação médica e exclusão de outras doenças.
Além disso, é critério diagnóstico a evidência de, pelo menos 12 pontos dolorosos em 18 possíveis, associados à fadiga, às perturbações do sono e às alterações emocionais.

Como se previne?


Dado a causa da doença não estar esclarecida, não existe uma forma objectiva de a prevenir.
Porém, existem fatores de risco potencialmente modificáveis para a sintomatologia da fibromialgia, nomeadamente, a privação de sono, a obesidade, a inatividade física, e a baixa satisfação com a vida. Estes fatores favorecem o aparecimento mas não são, de forma nenhuma, a causa.

Como se trata?


Os objetivos do tratamento são, fundamentalmente, o alívio da dor, a redução da ansiedade, a melhoria do sono e a melhoria da qualidade de vida.
É fundamental a pessoa com fibromialgia ter consciência da importância que o stress, as preocupações e a angústia têm como fatores desencadeantes e de agravamento da doença. Pode ajudar a criação de rotinas em que os deveres profissionais, sociais e familiares causadores de stress sejam compensados por momentos de prazer.
O tratamento passa inevitavelmente por:

  • Regularizar o sono: deitar-se a horas regulares, mantendo o quarto escuro e tranquilo; evitar estimulantes como o café, chás ou tabaco ao final do dia.
  • Praticar exercício físico regular: aconselhar os doentes a "começar de baixo e devagar", concentrando-se primeiro em ir aumentando a "atividade" diária antes de começar o exercício. A atividade física regular reduz a intensidade da dor e da fadiga, sintomas que os doentes consideram mais incapacitantes, assim como diminui a tensão muscular, o stress e a ansiedade, facilita o sono, favorece a coordenação motora para as atividades diárias, promove uma postura adequada, ajuda no controlo do peso e, assim, melhora a autoestima e a qualidade de vida. O exercício deve ser individualizado, procurando as atividades mais prazerosas para cada um, criando uma rotina diária.
  • Fazer uma alimentação saudável e divertida, variando cores, texturas e sabores nos alimentos incluídos. Ajuda a controlar o peso e pode facilitar o relaxamento.
  • Procurar o relaxamento psicológico: arranjando tempo para si próprio, para descansar, relaxar e realizar atividades, de forma regular, que tragam satisfação e bem-estar ao doente (exemplos: jardinagem, pintura, cantar no coro, cinema…).
  • Ser feliz. Encontrar nos momentos da vida a alegria e juntar forças para ultrapassar os que não são bons.
  • Tratamento farmacológico: os medicamentos são utilizados com base nos sintomas e ajudam a reduzir a dor, a melhorar o sono, a fadiga, o cansaço, a ansiedade e a depressão. São usados vários tipos de fármacos no tratamento da fibromialgia, nomeadamente, analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e antidepressivos. O médico assistente é um aliado disponível para ajudar a adequar a melhor opção terapêutica.

Conclusão


A fibromialgia é uma doença crónica caracterizada por cansaço e dor generalizada nos músculos e articulações. Por vezes também pode causar rigidez, dores de cabeça, mal-estar digestivo, ansiedade, depressão e perturbações do sono.
Está associada um aumento da sensibilidade com vários fatores desencadeantes.
Deve-se incentivar a modificações de estilo de vida de forma a contribuir para uma melhor qualidade de vida do doente com fibromialgia.

Referências recomendadas



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