Autor: Susana Vasques, Joana Máximo
Última atualização: 2020/01/17
Palavras-chave: Neoplasia do endométrio; fatores de risco; prevenção; hemorragia uterina
ResumoO endométrio é o tecido que reveste internamente o útero. O cancro do endométrio é o quinto cancro mais frequente nas mulheres em todo o mundo. |
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O útero é um órgão em forma de pera constituído por duas camadas: Uma camada interna mais fina, o endométrio, e uma camada externa constituída por músculo e designada miométrio.
Nas mulheres em idade fértil, mensalmente o endométrio torna-se espesso para preparar uma possível gravidez. Caso a mulher não engravide, o endométrio descama sob a forma de período menstrual. Após a menopausa, os períodos deixam de ocorrer e o endométrio deixa de crescer e descamar.
O cancro do endométrio é um tumor maligno com origem no endométrio.
A maioria das mulheres são diagnosticadas numa fase inicial, quando a doença apenas se encontra no útero. Nesta fase ainda é curável apenas com cirurgia.
É o quinto cancro mais frequente nas mulheres em todo o mundo. Em Portugal, em 2010, registaram-se 17,8 novos casos por cada 100.000 mulheres, sendo o 5º cancro mais frequente também nas mulheres portuguesas. A mortalidade deste cancro é baixa. Em 2014 ocorreram 207 mortes por este tipo de cancro.
Surge mais frequentemente em mulheres após a menopausa, mas até 25% dos casos ocorrem antes da menopausa.
O principal fator de risco é a exposição prolongada do endométrio aos estrogénios (principal hormona responsável por estimular o crescimento das células do endométrio) sem a ação opositora da progesterona.
• Hiperplasia (aumento do número de células) do endométrio.
Os fatores que aumentam a exposição à progesterona (por exemplo uso de métodos contracetivos progestativos) têm um efeito protetor no desenvolvimento deste tipo de cancro.
O principal sintoma de alarme é a hemorragia uterina anormal, que consiste numa perda de sangue anormal em duração, volume, frequência e/ou regularidade, excluindo-se uma gravidez.
Após a menopausa qualquer hemorragia genital deve ser valorizada pela mulher, necessitando de avaliação médica.
Em fases mais avançadas da doença pode surgir dor abdominal ou pélvica.
Perante esta suspeita poderá ser necessário a realização de uma ecografia, uma biópsia (colheita de tecido do endométrio) e eventualmente outros exames para estabelecer o diagnóstico.
A prevenção primária (atuar antes da doença aparecer) assenta na adoção de um estilo de vida saudável através da prática regular de exercício físico e do controlo de peso. Doenças crónicas como hipertensão arterial e a diabetes mellitus também devem ser controladas.
Atualmente, não existe nenhum rastreio recomendado para detetar este cancro em mulheres sem sintomas.
O tratamento irá depender da fase em que a doença é detetada.
Caso haja indicação para realizar cirurgia será removido o útero, os ovários e as trompas de Falópio. A cirurgia isolada é curativa nos casos de baixo risco. Poderá ser necessária a realização de outras formas de tratamento como a radioterapia e/ou a quimioterapia. A maioria dos casos é detetada numa fase inicial, sendo as taxas de sobrevivência aos 5 anos superiores a 95%.
O tipo de tratamento efetuado poderá ter efeitos laterais com repercussão na qualidade de vida da mulher.
O cancro do endométrio pode surgir não só em mulheres em idade reprodutiva mas também após a menopausa, pelo que perante hemorragia uterina anormal deve consultar o seu médico.