Autor: Joana Ferreira, Bárbara Prucha, Odete Pinto
Última atualização: 2017/12/21
Palavras-chave: Febre, Convulsão, Criança
Índice
ResumoAs convulsões febris são crises convulsivas que surgem em crianças saudáveis no início de uma doença febril, mais frequentemente durante a subida térmica. Na maioria dos casos os episódios são breves e param sem qualquer intervenção. |
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As convulsões febris são contrações musculares involuntárias repetidas e/ou sustentadas, associadas a perda transitória de consciência. Acompanham a febre (temperatura axilar ou retal ≥ 38ºC), e ocorrem na ausência de doença neurológica subjacente ou outra causa de convulsão (por exemplo epilepsia). Caracteristicamente atingem crianças entre os 6 meses e os 5 anos de idade. São a causa mais frequente de convulsão em idade pediátrica e acontecem por uma tendência familiar, a idade mais jovem da criança e a subida rápida da temperatura num cérebro imaturo.
Nos países ocidentais, 2 a 5% das crianças saudáveis até aos 6 anos, apresenta, pelo menos, uma convulsão febril.
Na maioria dos casos a criança perde os sentidos, revira os olhos, fica com o corpo contraído e logo a seguir os braços e pernas começam a tremer. Depois de alguns segundos a minutos os movimentos param, o corpo fica mole e a criança adormece e acorda bem. Durante a crise pode ficar com os lábios roxos, espumar pela boca ou urinar.
Habitualmente as convulsões febris são classificadas em simples (duração inferior a 30 minutos, envolvem os dois lados do corpo e não se repetem nas 24 horas seguintes no mesmo episódio febril) e complexas (com duração superior a 30 minutos envolvendo apenas um lado do corpo e repetidas no mesmo episódio febril). As convulsões febris simples representam cerca de 85% dos casos.
O mais difícil e o mais importante é não entrar em pânico.
Numa crise convulsiva, recomenda-se:
Uma observação médica está sempre indicada, pois é muito importante assegurar que a febre associada à convulsão não é causada por uma doença grave.
Na primeira convulsão febril habitualmente é necessário a criança ficar em observação durante algumas horas. Se não for a primeira convulsão, e se a criança acordar bem, pode não ser preciso recorrer à Urgência Hospitalar de imediato, mas deve-se consultar o médico para averiguar e tratar a causa da febre.
Na maioria dos casos não é necessário fazer exames. Não está provado que uma convulsão febril simples possa causar “cicatrizes” (sequelas) no cérebro.
Cerca de 1/3 das crianças volta a ter, pelo menos, mais uma crise com febre. No entanto, não significa que a criança tenha convulsão febril sempre que tem febre. O risco de uma recidiva parece ser maior nas seguintes situações:
Ao contrário do que muitos julgam, os medicamentos para baixar a febre (como o paracetamol ou o ibuprofeno) não evitam as convulsões febris. Mas perante uma convulsão febril, deve-se utilizar sempre um antipirético com o intuito de aliviar o desconforto da criança. O uso de medicamentos anti-epilépticos também não está recomendado em crianças com convulsões febris.
Epilepsia e convulsão febril são patologias diferentes. Cerca de 97% das crianças com convulsões febris não tem nem virá a ter epilepsia. O risco de epilepsia é maior quando há atrasos de desenvolvimento, história familiar de epilepsia ou crises febris complexas.
As convulsões febris são frequentes e podem ocorrer em crianças saudáveis.
Apesar de assustadoras, não causam problemas a longo prazo (lesões cerebrais ou epilepsia), cursando com uma evolução benigna e desaparecendo normalmente antes dos 6 anos.