Autor: Catarina Pinto Nogueira, Maria João Serra
Última atualização: 2017/09/05
Palavras-chave: doença arterial periférica, claudicação intermitente, aterosclerose, índice tornozelo-braço
ResumoA doença arterial periférica é causada pela aterosclerose (deposição de gordura que condiciona um estreitamento do interior das artérias), e manifesta-se por dor nas pernas durante o exercício. A este sintoma dá-se o nome de claudicação intermitente. É frequente que os doentes tenham de parar após caminhar alguns metros. |
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As artérias são vasos sanguíneos que transportam o sangue rico em oxigénio desde o coração a todas as partes do corpo. Com a idade a gordura presente no sangue vai-se acumulando nas paredes das artérias e reduzindo o espaço disponível para a circulação (aterosclerose), dificultando o transporte do oxigénio e restantes nutrientes às células.
Falamos em doença arterial periférica quando este processo acontece nas artérias dos membros inferiores.
Estima-se que cerca de 6% da população em Portugal tenha doença arterial periférica.
Sabe-se que algumas condições ou doenças aumentam o risco de vir a sofrer desta doença: a idade avançada, fumar, a diabetes, a pressão arterial elevada, o colesterol alto, doença dos rins e a disfunção eréctil.
No início, a maior parte dos doentes não tem qualquer sintoma ou sente apenas algum desconforto.
A claudicação intermitente corresponde a uma dor nos músculos das pernas que aparece durante o esforço, numa altura em que o músculo necessita de maior quantidade de sangue e oxigénio, mas o estreitamento do interior das artérias não permite que este seja suficiente.
Caracteristicamente alivia com o repouso.
Localiza-se mais frequentemente nos músculos das pernas (os gémeos) mas também pode causar dor ao nível dos músculos das nádegas e das coxas. Pode ainda manifestar-se como disfunção eréctil (impotência sexual) nos homens. Pode apresentar-se de forma diferente de pessoa para pessoa.
Os sinais e sintomas apresentados pelo doente bem como o exame físico podem fazer o diagnóstico.
Na suspeita de Doença Arterial Periférica, uma ecografia das pernas com doppler permite medir a velocidade de condução do sangue e confirmar o diagnóstico.
Poderá ainda realizar-se a avaliação da pressão arterial dos braços e tornozelos (direitos e esquerdos), com o doente deitado, utilizando os normais estetoscópio e esfigmomanómetro. A razão entre as duas medições permite calcular o Índice Tornozelo-Braço, que é um indicador da doença.
Doenças dos ossos e das articulações, bem como do sistema nervoso, podem ter características idênticas. A dor das artroses habitualmente apresenta características mecânicas, ou seja, agrava com o movimento e melhora com o repouso. Se a origem da dor for dos vasos, não há queixas em repouso mas sim com o movimento.
É fundamental tratar todas as condições que aumentam o risco de vir a ter a doença: deixar de fumar, controlar o peso e a diabetes mellitus, o colesterol e a pressão arterial. Está ainda indicado o treino de caminhadas.
A medicação não cura o problema mas pode ajudar a estabilizar as placas de ateroma e a reduzir o risco de trombose. A cirurgia destina-se aos casos de maior gravidade com atingimento significativo da autonomia e funcionalidade do doente.
A Doença Arterial Periférica é um marcador de doença das artérias.
A grande maioria dos doentes tem sintomas nas pernas, e cerca de 10 a 20% vão ter complicações. A consequência mais grave é a ausência de circulação de sangue nas artérias, que se não for resolvida em tempo útil pode levar à amputação dos membros inferiores. Sabe-se também que as pessoas que têm esta doença têm maior risco de Enfarte Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A dor nas pernas produzida pelo exercício é o sintoma mais frequente da Doença Arterial Periférica. Para além dos medicamentos é fundamental controlar os fatores de risco desta patologia, nomeadamente controlo da tensão arterial, colesterol e diabetes mellitus, não fumar e manter um peso adequado.