Autor: Tiago Sousa, Ana Domingues, Diogo Beirão
Última atualização: 2019/12/20
Palavras-chave: Luxação congénita da anca; Articulação coxofemoral; Rastreio neonatal; Recém-nascido
ÍndiceResumoA doença displásica da anca é um problema que afeta uma das articulações da anca da criança. |
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A doença displásica da anca é um problema do desenvolvimento que afeta uma das articulações da anca da criança. A malformação deste encaixe dificulta a contenção da cabeça do fémur, prejudicando o movimento e favorecendo o seu envelhecimento (artrose) precoce.
Estão implicados alguns fatores de risco para esta condição, nomeadamente:
Está indicado o rastreio sistemático da doença displásica da anca nas consultas de saúde infantil até aos 6 meses de idade.
A diferença de comprimento dos membros inferiores pode ser vista pelos pais desde o nascimento, esticando os membros lado a lado; à medida que começa a caminhar, torna-se óbvio um “mancar”, ou até a “marcha de pato” nos casos bilaterais.
O médico assistente irá realizar manobras (de Barlow e de Ortolani) que lhe permitem avaliar a articulação no primeiro mês de vida, à procura de um ressalto, muito característico desta doença. A partir do 1.º mês de vida, podem ser evidentes a assimetria no nível dos joelhos fletidos (sinal de Galeazzi) e a limitação do grau de abertura da anca.
O diagnóstico é confirmado através da requisição de exames (ecografia nos bebés mais novos e radiografia nos mais velhos). Não há evidência de que seja útil a realização de exames de imagem para rastreio.
A resolução deste problema passa por manter a cabeça do fémur no local correto, durante um período de tempo, para que o desenvolvimento do osso ocorra de forma adequada.
Até às 4 semanas de idade, é lícito aguardar antes de intervir. Nesta fase, muitos bebés têm os ligamentos e as articulações ligeiramente imaturas, pelo que o problema pode resolver-se espontaneamente através da maturação com o tempo.
Entre as 4 semanas e os 6 meses de idade, o bebé deve ser orientado numa consulta de especialidade, onde serão usados aparelhos de abdução das ancas. Os aparelhos mais frequentemente utilizados são a tala de Von Rosen e o aparelho de Pavlik. Este último deve ser utilizado durante 23 horas diárias, exceto durante o banho, durante as primeiras 6 semanas ou até estabilização da anca. Após estabilização, este deve ser utilizado à noite durante 6 semanas adicionais. O tratamento dura pelo menos 2 a 3 meses, podendo ser prolongado conforme a idade de início e a reposta à terapêutica.
É muito comum a ideia de utilizar 2 ou 3 fraldas para obrigar as ancas à posição de encaixe, mas não está demonstrado o valor terapêutico e pode até ser prejudicial.
Caso não ocorra melhoria com ortótese ou a criança apresente mais de 6 meses de idade, está indicada intervenção cirúrgica no bloco operatório.
De uma forma geral, quando detetados e orientados precocemente, os casos de doença displásica da anca têm evolução favorável e boa recuperação funcional. A precocidade é fundamental.
A doença displásica da anca é um problema potencialmente grave, identificável na consulta infantil de rotina. Quanto mais precoce a deteção, mais fácil e melhor sucedido será o tratamento.