Autor: Maria João Camões, Bárbara Amorim
Última atualização: 2022/03/28
Palavras-chave: Hidradenite supurativa; Acne Inversa; Pele
ÍndiceResumoA hidradenite supurativa é uma doença crónica da pele que se caracteriza pelo aparecimento recorrente de nódulos inflamatórios dolorosos. Afetam predominantemente as axilas, as virilhas, a região inframamária, os glúteos e os genitais. Esta doença não é contagiosa nem está associada à falta de higiene. |
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A hidradenite supurativa, também conhecida como acne inversa, é uma doença crónica da pele, de carácter inflamatório. Caracteristicamente, aparecem nódulos e abcessos dolorosos predominantemente nas zonas da pele ricas em glândulas sudoríparas (designadas como glândulas apócrinas) e nas áreas de maior atrito cutâneo (axilas, virilhas, região inframamária, glúteos e genitais).
Estima-se que a hidradenite supurativa atinja 1 a 4% da população, no entanto o número de pessoas diagnosticadas é muito inferior. Alguns trabalhos estimaram uma média de sete anos desde o aparecimento dos primeiros sintomas até ao diagnóstico, porque os sintomas são inespecíficos, tornando difícil a sua interpretação e porque muitas vezes os doentes têm dificuldade em expor o seu problema e procurar ajuda.
É importante salientar que a hidradenite supurativa não é contagiosa, não é provocada por uma infeção nem está associada à falta de higiene pessoal. Na verdade, a pessoa afetada pela doença não tem culpa de a ter.
A hidradenite supurativa afeta ambos os sexos, mas é três vezes mais frequente no sexo feminino.
Os primeiros sintomas aparecem habitualmente após a puberdade, entre os 18 e os 29 anos.
Além disso, existe um componente genético associado à doença, sendo que cerca de 40% das pessoas com hidradenite supurativa apresentam um familiar de primeiro grau afetado.
A hidradenite supurativa apresenta-se tipicamente com nódulos e abcessos recorrentes, com períodos de exacerbação dolorosos e associados à eliminação de conteúdo purulento. Progressivamente, a doença adquire um componente irreversível com a formação de cicatrizes e fístulas, sobretudo, quando não tratada.
Apesar de não existir uma cura definitiva para a hidradenite supurativa, a maioria dos casos pode ser tratada eficazmente, sobretudo, quando diagnosticada em fase inicial, antes do aparecimento das fístulas e da cicatrizes definitivas.
Os tratamentos disponíveis permitem controlar os sintomas, prevenir o aparecimento de novas lesões cutâneas e limitar a progressão da doença
As opções de tratamento vão depender da gravidade da doença e do se impacto individual. Podem ser utilizados antibióticos de aplicação tópica, antibióticos orais que são tomados durante alguns meses ou outros tipos de medicamentos. Nos casos mais graves, pode ser necessário realizar pequenos procedimentos cirúrgicos.
A cessação tabágica é importante, uma vez que o tabaco parece despoletar e agravar a doença.
Visto que a hidradenite supurativa é mais frequente e mais grave em pessoas com excesso de peso/obesidade e a gravidade da doença aumenta com o grau da obesidade é indispensável apostar na redução ponderal.
A hidradenite supurativa é uma doença crónica e recorrente, tendencialmente progressiva, que evolui com fases de agravamento intercaladas com fases de estabilidade das lesões.
Esta doença condiciona um elevado sofrimento físico e psicológico, com impacto importante ao nível social, profissional, financeiro, sexual e familiar. As pessoas afetadas apresentam uma diminuição da qualidade de vida e um maior risco de desenvolverem perturbações relacionadas com o stress, a ansiedade e a depressão.
A hidradenite supurativa evolui de forma crónica e tendencialmente progressiva. O início precoce do seu tratamento minimiza os sintomas e previne a evolução da doença.