Autor: Helena Sofia Marques
Última atualização: 2016/06/14
Palavras-chave: Incontinência urinária, Incontinência urinária de esforço, Incontinência urinária de urgência, Trato urinário, Doenças da bexiga
Resumo
A incontinência urinária carateriza-se pela perda involuntária de urina. Afeta cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos, mais frequentemente no sexo feminino. Existem diferentes tipos, sendo as mais comuns a Incontinência urinária de esforço, de urgência ou mista.
Os exercícios de Kegel, a diminuição do peso, resolução da obstipação e não fumar são algumas das medidas protetoras. Atualmente existem fármacos e técnicas cirúrgicas que permitem a cura em mais de 90% dos casos.
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Incontinência urinária
A incontinência urinária é uma doença que resulta da incapacidade de controlar a saída de urina.
Pode manifestar-se em qualquer idade, mas é mais comum à medida que a idade avança.
Epidemiologia
A incontinência urinária afeta 20% da população portuguesa com mais de 40 anos.
Entre os 45 e os 60 anos a proporção de casos é de 1 homem afetado para cada 3 mulheres.
Mais de metade das pessoas internadas em lares sofre de algum tipo de incontinência urinária.
Fatores de risco
- Idade, predisposição familiar e a etnia.
- Obesidade, prisão de ventre (obstipação), tabagismo, café e bebidas alcoólicas
- Nas mulheres, a menopausa, os fatores obstétricos e ginecológicos como gravidezes múltiplas, paridade, recém-nascidos muito pesados (> 4Kg), prolapsos genitais (descida de órgãos pélvicos como o útero, bexiga ou reto) são potenciais fatores de risco.
- Ter sido submetido a cirurgia pélvica, ou radioterapia
- Apresentar anormalidades anatómicas e neurológicas (AVC, doença de Parkinson, mielopatias, …)
- Alguns medicamentos - diuréticos, sedativos, relaxantes musculares
Tipos de incontinência urinária
Existem diferentes tipos de incontinência urinária, que se podem manifestar de uma forma ligeira, ocasional ou de forma mais grave e persistente.
De uma forma geral, podemos dizer que existem 3 grandes grupos principais de incontinência urinária (IU): Esforço, Urgência ou Mista.
No entanto, existem outros tipos como a incontinência por extravasamento, total, funcional, noturna (enurese), psicogénica, entre outros.
IU esforço
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IU mista
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IU urgência
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Perda de urina desencadeada por esforços Exemplos: Tossir, espirrar, saltar, correr, pegar em pesos Mais frequente nas mulheres pós menopausa e nos homens submetidos a cirurgia da próstata
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Caracteriza-se pela combinação de sintomas de esforço e de urgência
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Incapacidade de adiar a micção após sentir vontade súbita de urinar Mais frequente aparecer com o envelhecimento Pode estar associada a doenças neurológicas A bexiga hiperativa pode dar sintomas semelhantes
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Interferência na qualidade de vida
A incontinência afeta significativamente o bem-estar da pessoa.
Além dos sintomas físicos incomodativos, poderá ter repercussão sobre as relações sociais e comportamentais, gerando receio e desconforto em frequentar locais públicos ou mesmo em sair de casa.
Atualmente existem tratamentos eficazes: É importante comentar os sintomas com o médico assistente.
Diagnóstico
O diagnóstico faz-se essencialmente pelos sintomas, mediante a colheita de uma história clinica completa e exame físico.
Em alguns casos poderá ser necessário solicitar outros exames, em função da sintomatologia, como análises de sangue e urina, ecografia pélvica, ginecológica, prostática, entre outros.
Tratamento
- As alterações comportamentais, como a evicção de alimentos irritantes para a bexiga como o álcool, café e tabaco, resolução da prisão de ventre, controlar o peso, micção temporizada, isto é, programar intervalo de tempo fixo para urinar (por exemplo, de 2/2 horas), são alguns dos conselhos gerais.
- Nas mulheres pós-menopáusicas, o médico assistente poderá propor a aplicação de um creme vaginal com estrogénios.
- Os exercícios de Kegel são exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica.
- Consistem na contração seriada dos músculos que contraem a vagina e o ânus. Para perceber quais os músculos que contraem, poderá experimentar interromper a micção. Este procedimento não deverá ser prática constante, apenas serve para perceber quais os músculos que deve contrair.
- Os exercícios de Kegel devem ser iniciados com a bexiga vazia. Deve começar por contrair os músculos durante 5 seg e relaxar 10 seg. Deverá repetir este exercício 10 vezes. Para obter melhores resultados, deverá ser feito 3 vezes ao dia. Podem ser feitos durante a execução das tarefas do dia-a-dia, no seu local de trabalho.
- São Importantes na prevenção e no tratamento na incontinência.
- Para os casos de incontinência de urgência existem diferentes medicamentos com eficácia que podem resolver o problema.
- Na incontinência de esforço também há medicação que poderá ajudar, como os cremes vaginais e alguns antidepressivos. No entanto, a cirurgia apresenta melhores resultados. Existem diferentes métodos cirúrgicos, sendo a colocação de uma rede sintética debaixo da uretra, o procedimento mais frequente. Em último recurso existe a possibilidade de colocação de esfíncteres urinários artificiais, sendo este procedimento reservado a casos particulares.
- Em última análise, a utilização de pensos ou cueca absorvente ou mesmo fralda pode ser uma solução útil para muitas pessoas. Para os homens existem sistemas coletores adaptáveis ao pénis que permitem a recolha da urina.
- Estes sistemas são uma possibilidade em algumas situações mas não devem ser encarados como a melhor solução e muito menos como a única solução para a incontinência.
Conclusão
A incontinência urinária têm elevado impacto na qualidade de vida.
Os tratamentos disponíveis podem curar mais de 90% dos casos.
Não hesite em contactar o seu médico assistente.
Referências recomendadas
- FRAGA, Avelino. Urologia em medicina familiar – Incontinência urinária. 2010
- Incontinência urinária. Associação Portuguesa de Urologia (APU) e Associação Portuguesa de neurorradiologia e uroginecologia (APNUG). 2013
- SILVA, Ana Isabel, ALMEIDA, Carla, AGUIAR, Helder, NEVES, Margarida, TELES, Maria João. Prevalência e impacto da incontinência urinária na qualidade de vida da mulher. 2013. RPMGF. 29(6): 364-76