Autor: Maria Sousa Ferreira, Mafalda Oliveira
Última atualização: 2017/04/07
Palavras-chave: Criança, Adolescente, Medo, Perturbação da Ansiedade, Fobia
Índice[esconder]ResumoO medo faz parte do desenvolvimento normal de qualquer criança ou adolescente. É uma resposta emocional a um acontecimento, real ou imaginário, interpretado como ameaçador e traduz-se por um “estado de alerta”, que pode ser benéfico para agir em situações de perigo. |
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De uma forma geral, sabe-se que as crianças são particularmente suscetíveis a apreenderem os medos dos seus pais/cuidadores. As meninas relatam mais frequentemente os seus medos do que os meninos e, quase todas as crianças, exibem uma reação de evitamento face ao objeto ou situação temida.
Os pais/cuidadores adotam, muitas vezes, posições extremas. Por um lado, desvalorizam a situação, interpretando-a como normal e passageira, independentemente do grau de sofrimento associado. No outro extremo, reforçam a importância do medo, contribuindo para a sua amplificação e manutenção.
O alvo do medo geralmente varia de acordo com a etapa do desenvolvimento. No quadro abaixo identificam-se alguns medos considerados normais na infância e na adolescência. São passageiros e sem repercussão importante na vida pessoal, familiar e sócio-cultural, surgindo e desaparecendo de acordo com o crescimento.
0-6 meses | Perda de apoio; Quedas; Barulhos intensos |
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7-12 meses | Estranhos; Separação |
1 ano | Estranhos; Separação; Casa de banho |
2 anos | Separação; Barulhos estranhos; Animais; Escuro; Mudança ambiental; Objetos grandes |
3 anos | Separação; Barulhos estranhos; Escuro; Máscaras |
4-5 anos | Separação; Animais; Lesões corporais |
6 anos | Seres sobrenaturais; Lesões corporais; Escuro; Estar sozinho; Trovoada |
7-8 anos | Seres sobrenaturais; Lesões corporais; Escuro; Estar sozinho; Ladrões |
9-12 anos | Desempenho escolar; Lesões corporais; Aparência física; Trovoada; Escuro; Morte; Futuro |
13-18 anos | Falha social; Sexualidade |
Existem medos que poderão traduzir a presença de patologia, sendo importante identificá-los. São caracterizados por:
É importante ter presente que quanto mais marcada a interferência do medo na vida da criança ou adolescente e o grau de ansiedade associado, mais provável será a sua duração ao longo do tempo, com possível repercussão na vida adulta.
A abordagem do medo “patológico” tem como objetivo principal ajudar a criança a encontrar formas positivas para superá-lo. Passa pela tranquilização, firme e segura; pela educação e explicação acerca do medo; e por estratégias para o desconstruir, como sejam jogos que incluam o alvo do medo.
A educação parental é fundamental e inclui as seguintes atitudes:
É aconselhável procurar ajuda médica, nas seguintes situações:
Os medos são comuns e muitas vezes não têm significado de maior.
É fundamental uma abordagem integrada, entre pais/cuidadores e profissionais de saúde, adequada e atempada, que permita a resolução do medo, de modo a permitir um desenvolvimento saudável e feliz.
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