Autor: Ana Luísa Rodrigues Pereira, Joana Rita Soutinho Lopes Pereira, Joana Silva Alegria
Última atualização: 2021/10/25
Palavras-chave: Paralisia de Bell; Paralisia Facial; Paralisia Facial Periférica
ÍndiceResumoA paralisia de Bell está associada a uma disfunção do nervo facial e manifesta-se como uma diminuição da força dos músculos da face. Um dos lados da face apresenta-se como se estivesse “descaído” e a expressão facial dos doentes fica comprometida. |
---|
A paralisia de Bell (ou paralisia facial periférica) é uma doença do foro neurológico com compromisso parcial ou completo do nervo facial, responsável pelos movimentos dos músculos da face (expressão facial), pela formação de lágrimas e também pelo paladar ao nível da língua.
A paralisia de Bell manifesta-se como uma diminuição de força nos músculos da face, como se todo um lado da face se encontrasse “descaído”. Há um desvio da boca para o lado saudável, uma dificuldade em encerrar totalmente o olho, em mobilizar a sobrancelha e uma diminuição ou mesmo ausência das rugas da testa. Todos os gestos que envolvam a mímica facial podem estar comprometidos, nomeadamente assobiar, encher as bochechas com ar, sorrir, mostrar os dentes, entre outros como a salivação excessiva, o olho seco, a sensação de dor junto do ouvido do lado afetado, a diminuição do paladar, a intolerância ao ruído, dificuldades na alimentação (sólidos e/ou líquidos – parecem “escorregar” pelo canto da boca), diminuição da clareza da fala e stress psicológico marcado pelo impacto na imagem corporal e pela restrição das atividades sociais e laborais.
Em 75% dos casos não existe uma causa que justifique o seu aparecimento (paralisia primária), ainda que muitas vezes exista uma infeção vírica nas 3-4 semanas anteriores ao início dos sintomas.
Um quarto dos casos deriva de causas secundárias como um traumatismo, infeções (Herpes simplex, Varicela, Infeção por VIH / SIDA, doença de Lyme e sífilis), alguns tumores (tumores da glândula parótida e linfomas), certos medicamentos (como o linezolide), a gravidez e a Diabetes mellitus.
A paralisia de Bell é na maior parte dos casos uma doença autolimitada. Isto significa que resolve totalmente e de forma espontânea, geralmente num período de 3-4 semanas, embora possa prolongar-se por vários meses em alguns doentes.
Ainda assim, pode estar indicada a terapêutica farmacológica pelo impacto na prevenção das possíveis sequelas. A corticoterapia, de prescrição médica obrigatória, é o tratamento mais consensual e com melhor evidência científica, devendo ser iniciada o mais precocemente possível. O benefício da utilização dos antivíricos, quer isoladamente, quer em associação com os corticóides, é ainda alvo de discussão entre a comunidade científica, reservando-se para casos graves. A fisioterapia pode estar indicada nos casos mais prolongados no tempo e naqueles em que não se verifique uma recuperação total da mímica facial.
Outros cuidados incluem:
Observa-se uma recuperação total em cerca de 80-85% dos casos. Em algumas situações podem permanecer sequelas, tais como:
É também importante destacar que pode haver recorrência da doença.
A paralisia de Bell é na maioria dos casos uma doença benigna e autolimitada. Com tratamento adequado, a maior parte dos doentes recupera totalmente em cerca de 3-4 semanas.