Autor: Magda Durães
Última atualização: 2019/09/12
Palavras-chave: plagiocefalia posicional, tratamento, prevenção
ÍndiceResumoA plagiocefalia posicional refere-se à assimetria da cabeça do bebé decorrente de alterações posturais quer no período intrauterino quer no período neonatal. O seu diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para a resolução do caso. |
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A plagiocefalia posicional ou postural, também chamada plagiocefalia deformacional ou plagiocefalia não-sinostótica refere-se ao formato assimétrico da cabeça – do grego plagio (oblíqua) + kephale (cabeça) – decorrente de alterações posturais.
A sua prevalência varia com a idade (16-22,1% às 6-7 semanas de vida; 19,7-46,6% entre as 7 semanas e os 4 meses e 3,3% aos 2 anos).
Nas últimas décadas, tem-se verificado um aumento do número de casos. Alguns autores atribuem este facto ao lançamento da campanha «Back to Sleep» pela Academia Americana de Pediatria, em 1992, que passou a recomendar que os bebés sejam deitados de barriga para cima (“decúbito dorsal”), de forma a prevenir a Síndrome da Morte Súbita do Lactente. Esta posição aumenta a pressão exercida sobre a zona occipital do crânio quando os bebés estão deitados de barriga para cima e, consequentemente, pode levar ao aparecimento de deformidades. Outros autores advogam que o aumento do número de casos se deve a uma maior consciencialização para esta situação e, consequentemente, a um maior número de diagnósticos.
A maioria dos casos manifesta-se no sexo masculino, geralmente 4 a 8 semanas após o nascimento. Outros fatores de risco são:
Todo o bebé que apresente uma deformidade craniana deve ser observado por um médico logo que seja detetada a deformidade, com o objetivo de descartar precocemente outras doenças mais graves.
A rapidez de procura de observação médica deve ser maior quando o bebé apresenta a deformidade craniana logo desde o nascimento, quando não há uma posição preferencial evidente e estão presentes outros sinais como saliências ósseas ao longo das suturas cranianas ou saliência da mastóide. Nesse caso, pode tratar-se de uma plagiocefalia causada não pelas atitudes posturais, mas pela fusão prematura das suturas cranianas (plagiocefalia sinostótica) e cujo tratamento passa por uma intervenção cirúrgica.
Uma vez estabelecido o diagnóstico de plagiocefalia posicional, e dependendo da gravidade da situação e da idade do bebé, o tratamento pode passar por alterações posturais ou uso de capacete (ortótese). A indicação de cirurgia na plagiocefalia posicional é muito rara, limitando-se aos casos extremos onde todas as outras medidas falharam.
As alterações posturais e a correção precoce de um torcicolo congénito são a chave do sucesso. No caso de torcicolo congénito, os pais são convidados a colaborar no tratamento, em complemento da fisioterapia.
O uso de capacete está indicado apenas nos casos graves. Atua através de uma contraposição de forças, direcionando o crescimento do crânio do bebé: realiza um apoio nas áreas proeminentes, contendo o seu crescimento, deixando as áreas achatadas livres para crescerem.
Logo após o nascimento, é possível adotar medidas para prevenir a plagiocefalia posicional. Uma vez que a atitude postural é a causa mais frequente de plagiocefalia, é aí que devemos atuar. O bebé deve “dormir de barriga para cima” mas também “brincar de barriga para baixo”, por pequenos períodos de tempo, e sempre sob vigilância.
Também é recomendável que, durante o sono, o bebé alterne o lado de posição da cabeça ou até mesmo lateralizar um pouco, evitando assim forças de pressão sempre sobre o mesmo lado. Se o bebé tem tendência a olhar sempre para um dos lados quando está deitado, tanto porque a mãe dorme desse lado como por gostar de olhar para a janela ou algum detalhe em particular, é possível alterar a posição do berço, por exemplo, para alternar a orientação da cabeça.
A plagiocefalia é um motivo de procura de observação médica quer pela evidente questão estética quer pela preocupação com possíveis problemas de saúde associados.
É uma condição benigna em que a deteção precoce e o controlo dos fatores que a condicionam (como é o caso do torcicolo congénito) são fundamentais.
Os pais devem ter um papel ativo no seu tratamento, aderindo às recomendações que os profissionais de saúde forem dando.