Autor: Ana Catarina Pinheiro, Cláudia Pinto, Helena Duarte, Jânia Silva, Joana Sousa, Joana Maia, Junjie Lin, Marta Dias, Patrícia Ribeiro, Pedro Silva, Rita Martins, Rui Rodrigues, Sérgio Paiva, Sofia Neves, Luísa Sá
Última atualização: 2016/12/11
Palavras-chave: Suplementos Alimentares, Automedicação, Vitamina
ÍndiceResumoOs suplementos alimentares (em particular, os mais mediatizados) são bastante utilizados hoje em dia, frequentemente sem qualquer aconselhamento de um profissional de saúde. |
---|
Os suplementos alimentares são considerados produtos alimentares, ainda que apresentem algumas especificidades, como a forma doseada e destinarem-se a complementar ou suplementar uma alimentação normal. Não são medicamentos e, por isso, não podem, em rigor, alegar propriedades profiláticas, de prevenção ou cura de doenças, nem fazer referência a essas propriedades.
Suplementos Alimentares são produtos que contêm certas substâncias em quantidades elevadas e cujo objetivo é colmatar a sua ingestão insuficiente na alimentação. Estes nutrientes, numa situação normal, chegam-nos em quantidades suficientes através da alimentação.
Assim, os suplementos alimentares não são considerados medicamentos, mas produtos alimentares, pelo que são regulamentados pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária do Ministério da Agricultura, ao invés da instituição responsável pelo controlo dos medicamentos (Ministério da Saúde através do INFARMED).
Tal significa que os suplementos podem ser postos no mercado com poucos, ou até nenhuns estudos, e apenas com um rótulo de informação nutricional, e não chegamos a saber concretamente se há realmente algum benefício na sua toma, nem os riscos que podem acarretar.
Um dos riscos da toma de suplementos alimentares é a sua introdução em simultâneo com outro tipo de substâncias (como medicamentos). Nestes casos, podem surgir interações medicamentosas, que são interferências entre duas ou mais substâncias quando tomadas em conjunto. De facto, esta combinação pode, não só impedir que o medicamento funcione, como também alterar o seu efeito, que pode passar a ser prejudicial ao organismo.
Outro dos efeitos a ter em conta é a possível crença / sensação ilusória de efeitos benéficos (efeito placebo) da toma dos suplementos, que leva muitas vezes a que os doentes deixem de cumprir a medicação recomendada para os seus problemas de saúde.
É comum a dose diária recomendada do suplemento nem sempre ser cumprida. Como consequência, podemos estar perante uma toma exagerada de determinados compostos que, em excesso, se podem acarretar risco para a saúde.
Outro dos perigos passa por atingimento de determinados órgãos (fígado, rim, …), especialmente em pessoas já portadoras de patologias e/ou idosos.
Apesar de ser atraente a ideia de podermos complementar a nossa alimentação do dia-a-dia com substratos eventualmente em falta, e que isso possa beneficiar a nossa saúde presente ou futura, a realidade é que se vende muita “banha da cobra”. Anunciam-se efeitos fantásticos, mas não apresentam quaisquer estudos que os demonstrem inequivocamente.
A alternativa passa por estilos de vida saudáveis e não pela toma de cápsulas de suplementos altamente publicitados. Uma alimentação adequada e equilibrada, que contenha os nutrientes necessários a uma boa saúde, e a prática de atividade física regular e ajustada às possibilidades de cada um, apresentam benefícios a longo prazo se forem mantidos com regularidade, mas é necessário ter a noção de que os resultados não aparecem de imediato.
Cabe a cada um decidir entre uma verdadeira melhoria dos níveis de saúde ou uma ilusão mediatizada mas sem evidência científica.
A toma livre de suplementos alimentares não está cientificamente validada nem nos benefícios que pode oferecer nem nos riscos que pode acarretar. Se tiver duvidas é mais sensato que fale primeiro com o seu médico ou farmacêutico.
O mais importante é adotar um estilo de vida ativo e alimentar saudável evitando assim, naturalmente, carências nutricionais.