Autor: Nuno Teles Pinto; Ana Cláudia Almeida; Hélder Sousa
Última atualização: 2021/05/03
Palavras-chave: zumbidos, audição, ruído
ÍndiceResumoOs zumbidos, também conhecidos por tinnitus ou acufenos são uma condição frequente, geralmente benigna e transitória, afetando cerca de 20% das pessoas, especialmente com idades superiores a 60 anos e caracterizam-se pela perceção de sons nos ouvidos ou cabeça sem uma fonte externa emissora. |
---|
Os zumbidos, também conhecidos por tinnitus ou acufenos, são uma situação frequente, afetando cerca de 20% das pessoas, especialmente com idades superiores a 60 anos. Caracterizam-se pela perceção de sons nos ouvidos ou cabeça sem uma fonte externa emissora. Não são uma doença mas podem ser um sintoma de uma patologia subjacente. Na maioria dos casos têm um carácter benigno e desaparece com o tempo.
Podem assumir diversas formas, como sons em assobio, em campainha, murmúrios, sons semelhantes a uma cigarra ou a ruído de estática. Geralmente este som apenas é percecionado pelo indivíduo (zumbido subjetivo) mas também pode ser escutado pelo médico (zumbido objetivo, como, por exemplo, nos aneurismas da artéria carótida).
A causa mais frequente dos zumbidos é a diminuição da capacidade auditiva, geralmente associada a trauma acústico. A exposição a volumes sonoros altos, por breves períodos de tempo, pode causar um zumbido geralmente transitório. Já a exposição crónica ao ruído, quer em ambiente laboral quer pelo uso de auscultadores em alto volume por períodos prolongados causa frequentemente diminuição da capacidade auditiva e zumbidos crónicos.
Também é comum a acumulação de cerúmen no ouvido, as infeções do ouvido e a congestão nasal geralmente em contexto de sinusites, constipações ou gripes.
Outras causas menos comuns são:
Há situações em que o aparecimento de zumbidos deve levar rapidamente a uma observação médica:
A avaliação médica também será necessária quando os zumbidos interferem com a qualidade de vida ou causam marcada ansiedade, insónia, dificuldades na concentração, dificuldade na audição dos sons ou depressão.
O diagnóstico é geralmente efetuado através dos sintomas e da avaliação médica. Em alguns casos poderá ser necessária a realização de exames como o audiograma ou eventualmente uma TAC.
Na grande maioria dos casos os zumbidos desaparecem ou diminuem significativamente de intensidade e muitas vezes resolvem numa questão de horas ou dias. Esta evolução benigna leva a que nos primeiros 6 meses, desde que afastadas as causas mais graves, se opte por uma atitude de tranquilização, e esperar para ver.
Na persistência dos zumbidos por mais de 6 meses, é pouco provável que eles venham a desaparecer totalmente.
Não existem neste momento fármacos ou substâncias comprovadamente capazes de eliminar ou diminuir diretamente a intensidade dos zumbidos. Certos fármacos podem ser úteis na insónia, ansiedade ou sintomas depressivos que acompanham os zumbidos.
Mas há algumas estratégias que podem ajudar a diminuir os zumbidos e o impacto negativo na qualidade de vida:
Certas modificações de estilos de vida podem ajudar a minorar as consequências negativas dos zumbidos, e mesmo a perceção dos mesmos:
Apesar de se registarem mais casos de zumbidos em pessoas idosas, os jovens também podem ser afetados, pelo que a prevenção deve ser realizada em todas as idades.
A prevenção mais eficaz passa por evitar a exposição prolongada a ambientes com elevados níveis de ruído, incluindo os auscultadores com volume elevado, e a utilização regular de protetores auditivos.
A evidência demonstra que hábitos de vida saudáveis, nomeadamente ao nível de uma alimentação correta e exercício físico regular podem ajudar a diminuir a probabilidade de vir a apresentar zumbidos associados às alterações vasculares, como as causadas pela diabetes, a hipertensão e a aterosclerose.
É importante evitar o consumo de cafeína, bebidas alcoólicas e tabaco, bem como controlar adequadamente a pressão arterial, e reduzir os níveis de stress.
Os zumbidos são maioritariamente um sintoma benigno e passageiro, mas muito incomodativo quando se tornam crónicos.
Não têm cura mas existem diversas estratégias que podem ser tentadas no sentido de diminuir o seu impacto negativo para o doente.