Diferenças entre edições de "Programa Nacional de Vacinação"

(História)
 
(Há 27 revisões intermédias de 2 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
 
{{Artigos
 
{{Artigos
 
|Autor=Paulo Santos
 
|Autor=Paulo Santos
|Última atualização=2016/01/29
+
|Última atualização=2020/10/01
 
|Palavras-chave=Vacinação, Programa Nacional de Vacinação, Esquema de vacinação
 
|Palavras-chave=Vacinação, Programa Nacional de Vacinação, Esquema de vacinação
 +
|Sigla da Doença=A45
 
}}
 
}}
 +
<br><br>
 +
{|border=1
 +
! style="background:#F8F8FF;"|
 
===Resumo===
 
===Resumo===
 
+
----
 
O Programa Nacional de Vacinação é um elemento fundamental da defesa da saúde das populações.<br>
 
O Programa Nacional de Vacinação é um elemento fundamental da defesa da saúde das populações.<br>
 
Em Portugal, inclui recomendações para 13 vacinas distribuídas ao longo da vida, sobretudo na infância.<br>
 
Em Portugal, inclui recomendações para 13 vacinas distribuídas ao longo da vida, sobretudo na infância.<br>
A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.<br>
+
A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.
 +
|}
 +
<br>
 
<br>
 
<br>
<br><br>
 
 
----
 
----
 
 
===Programa Nacional de Vacinação===
 
===Programa Nacional de Vacinação===
 
+
----
 
A vacinação é o processo pelo qual a inoculação de um agente no corpo, seja um microrganismo ou uma substância, produz imunidade (defesas) para uma determinada doença.<br>
 
A vacinação é o processo pelo qual a inoculação de um agente no corpo, seja um microrganismo ou uma substância, produz imunidade (defesas) para uma determinada doença.<br>
 
<br>
 
<br>
----
 
  
 
===História===
 
===História===
 
+
----
 
A sua origem histórica perde-se nos primórdios do segundo milénio com relatos chineses de inoculações variólicas para prevenção da varíola, o mesmo acontecendo em África e na Turquia, onde aliás teve origem a técnica que em 1720 ''Lady Montagu'' introduziu em Inglaterra. Foi no entanto ''Edward Jenner'' quem trouxe uma abordagem de experimentação científica e em 1798 publicou os resultados da eficácia da inoculação do vírus da ''vaccinia'' (varíola bovina) na prevenção da varíola humana em 23 indivíduos, dando início à era moderna da vacinação.<br>
 
A sua origem histórica perde-se nos primórdios do segundo milénio com relatos chineses de inoculações variólicas para prevenção da varíola, o mesmo acontecendo em África e na Turquia, onde aliás teve origem a técnica que em 1720 ''Lady Montagu'' introduziu em Inglaterra. Foi no entanto ''Edward Jenner'' quem trouxe uma abordagem de experimentação científica e em 1798 publicou os resultados da eficácia da inoculação do vírus da ''vaccinia'' (varíola bovina) na prevenção da varíola humana em 23 indivíduos, dando início à era moderna da vacinação.<br>
 
Mais tarde, ''Louis Pasteur'' trouxe novidades com a descoberta da atenuação da virulência do agente, levando a uma explosão de conhecimento, traduzida pela descrição das vacinas contra a raiva e contra o antraz.<br>
 
Mais tarde, ''Louis Pasteur'' trouxe novidades com a descoberta da atenuação da virulência do agente, levando a uma explosão de conhecimento, traduzida pela descrição das vacinas contra a raiva e contra o antraz.<br>
Linha 26: Linha 29:
 
Na atualidade o número de vacinas é de vinte e cinco. A maioria dos países representados na OMS apresenta programas nacionais de vacinação estruturados, mais ou menos abrangentes, estimando-se uma redução mundial da mortalidade de cerca de 2,5 milhões de crianças por ano.<br>
 
Na atualidade o número de vacinas é de vinte e cinco. A maioria dos países representados na OMS apresenta programas nacionais de vacinação estruturados, mais ou menos abrangentes, estimando-se uma redução mundial da mortalidade de cerca de 2,5 milhões de crianças por ano.<br>
 
<br>
 
<br>
----
 
 
 
===Em Portugal===
 
===Em Portugal===
 
----
 
----
 
Em Portugal, a vacinação variólica inicia-se em 1894 e permanece obrigatória até 1977, e as vacinas do tétano e da difteria iniciaram-se com carácter obrigatório em 1962, sendo atualmente as únicas vacinas de administração obrigatória. <br>
 
Em Portugal, a vacinação variólica inicia-se em 1894 e permanece obrigatória até 1977, e as vacinas do tétano e da difteria iniciaram-se com carácter obrigatório em 1962, sendo atualmente as únicas vacinas de administração obrigatória. <br>
 
O primeiro Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi publicado em 1965 e caracterizou-se pela distribuição universal e gratuita de vacinas à população de acordo com um calendário definido e seguindo as orientações técnicas estabelecidas. Foi criado nesta altura o Boletim Individual de Saúde que faria prova da vacinação. A primeira vacina foi a da poliomielite, seguida em 1966 pelas do tétano, da difteria, da tosse convulsa e da varíola, notando-se nos anos seguintes uma notável redução da mortalidade e morbilidade pelas doenças infeciosas alvo de vacinação.<br>
 
O primeiro Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi publicado em 1965 e caracterizou-se pela distribuição universal e gratuita de vacinas à população de acordo com um calendário definido e seguindo as orientações técnicas estabelecidas. Foi criado nesta altura o Boletim Individual de Saúde que faria prova da vacinação. A primeira vacina foi a da poliomielite, seguida em 1966 pelas do tétano, da difteria, da tosse convulsa e da varíola, notando-se nos anos seguintes uma notável redução da mortalidade e morbilidade pelas doenças infeciosas alvo de vacinação.<br>
O programa tem sido atualizado regularmente e, desde 2015, inclui recomendações para um conjunto de 13 vacinas estrategicamente distribuídas de forma a maximizar a proteção conferida na idade mais adequada e o mais precocemente possível.<br>
+
O programa tem sido atualizado regularmente e, desde 2015, inclui recomendações para um conjunto de 13 vacinas estrategicamente distribuídas de forma a maximizar a proteção conferida na idade mais adequada e o mais precocemente possível:<br><br>
 +
 
 +
{| border=1
 +
|-
 +
| [[Tuberculose|Tuberculose]] || Hepatite B || Infeções do Haemophilus influenzae b
 +
|-
 +
| Difteria || [[Tétano|Tétano]] || [[Tosse convulsa|Tosse convulsa]]
 +
|-
 +
| [[Poliomielite|Poliomielite]] || Infeções por St pneumoniae || Infeções por Neisseria meningitidis C
 +
|-
 +
| [[Sarampo|Sarampo]] || [[Rubéola e gravidez|Rubéola]] || [[Papeira (Parotidite Epidémica)|Parotidite epidémica]]
 +
|-
 +
| [[Infeção por Papilomavírus Humano|Infeções por papilomavírus humano]] ||Infeção por meningococos do grupo B || [[Gripe|Gripe]]
 +
|}
 +
 
 
As vacinas do PNV são distribuídas e administradas gratuitamente nos Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiares.<br><br>
 
As vacinas do PNV são distribuídas e administradas gratuitamente nos Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiares.<br><br>
[[File:PNV 2015.png|center|Esquema recomendado no Programa Nacional de Vacinação, 2015]]
+
[[File:PNV_2020.jpg|center|Esquema recomendado no Programa Nacional de Vacinação, 2020]]
 
<br>
 
<br>
Na avaliação de 2012 do PNV, promovida pela Direção Geral da Saúde, a taxa de cobertura na infância era superior a 95%, mas a vacinação contra o tétano e difteria abrangia apenas 70% das pessoas aos 65 anos. A vacina contra as infeções pelo vírus do papiloma humano apresentava taxas de cobertura superiores a 85% para as 3 doses administradas. No entanto reconhece-se que o enorme sucesso dos programas de vacinação pode levar à perceção de que o risco associado à vacina seja superior ao da própria doença, diminuindo a adesão e assim comprometer esse mesmo sucesso.<br>
+
Na avaliação de 2012 do PNV, promovida pela Direção Geral da Saúde, a taxa de cobertura na infância era superior a 95%, mas a vacinação contra o tétano e difteria abrangia apenas 70% das pessoas aos 65 anos. A vacina contra as infeções pelo vírus do papiloma humano apresentava taxas de cobertura superiores a 85% para as 3 doses administradas. No entanto reconhece-se que o enorme sucesso dos programas de vacinação pode levar à perceção de que o risco associado à vacina seja superior ao da própria doença, diminuindo a adesão e assim comprometer esse mesmo sucesso.<br><br>
A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.<br>
+
'''''A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.'''''<br>
 
<br>
 
<br>
 +
====Principais alterações do programa de vacinação de 2017====
 +
----
 +
* À nascença a vacina '''BCG''' (vacina contra a tuberculose) '''deixou de ser recomendada''' de forma universal desde junho de 2016, passando para uma estratégia de vacinação de grupos de risco.
 +
* Aos 2 e aos 6 meses de idade a VHB (vacina contra hepatite B), a Hib (vacina contra a doença invasiva por Haemophilus influenzae b), a DTPa (vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa) e a VIP (vacina contra a poliomielite), são administradas com uma vacina '''hexavalente''' (DTPaHibVIPVHB).
 +
* Aos 18 meses de idade os reforços da DTPa, da Hib e da VIP fazem-se com uma '''vacina combinada pentavalente''' (DTPaHibVIP).
 +
* '''Aos 5 anos''' de idade faz-se a 2ª dose de vacina combinada contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR 2).
 +
* '''Aos 5 anos''' de idade fazem-se os reforços da DTPa e da VIP que se mantêm com uma vacina combinada tetravalente (DTPaVIP).
 +
* Aos 10 anos de idade, as raparigas fazem a 1ª dose de '''HPV9''' (vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano de 9 genótipos). Mantém-se o esquema de duas doses (0, 6 meses).
 +
* As '''mulheres grávidas''', entre as 20 e as 36 semanas de gestação, são '''vacinadas contra a tosse convulsa''' com a vacina Tdpa (vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa, doses reduzidas)
 +
* Os '''reforços com Td''' (vacina contra o tétano e difteria, doses reduzidas) em adolescentes e adultos, ao longo da vida, são alterados:
 +
** Primeira dose de Td aos 10 anos de idade;
 +
** Continuação com reforços aos 25, 45, 65 anos de idade, e posteriormente, de 10 em 10 anos.
 +
* Aos ≥7 e <10 anos de idade, no esquema vacinal tardio recomenda-se a vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa (Tdpa, doses reduzidas).
 +
* Às pessoas com risco acrescido para determinadas doenças, recomendam-se ainda as vacinas: contra tuberculose (BCG), infeções por Streptococus pneumoniae (Pn13 e Pn23) e doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B (MenB).
 +
<br><br>
 +
====Principais alterações ao PNV em 2020====
 +
----
 +
* Alargamento a todas as crianças, aos 2, 4 e 12 meses de idade, da vacinação contra
 +
doença invasiva por ''Neisseria meningitidis'' do grupo B ('''vacina MenB''').<br>
 +
* Alargamento ao sexo masculino, aos 10 anos de idade, da vacinação contra infeções por vírus do Papiloma humano ('''vacina HPV'''), incluindo os genótipos causadores de condilomas ano-genitais.<br>
 +
* A vacina contra rotavírus será administrada a grupos de risco a partir de dezembro de 2020, aguardando-se a atualização oficial do plano. <br><br>
 +
 
===Conclusão===
 
===Conclusão===
 
----
 
----
Linha 49: Linha 86:
 
===Referências recomendadas===
 
===Referências recomendadas===
 
----
 
----
[https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/programa-nacional-de-vacinacao/programa-nacional-de-vacinacao.aspx DGS – Programa Nacional de Vacinação]
+
* [https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0182020-de-27092020-pdf.aspx DGS – Programa Nacional de Vacinação]
  
[http://www.who.int/topics/immunization/en/ Organização Mundial da Saúde – Immunization]
+
* [http://www.who.int/topics/immunization/en/ Organização Mundial da Saúde – Immunization]
  
[http://ec.europa.eu/health/vaccination/policy/index_en.htm European Commission – Vaccination]
+
* [http://ec.europa.eu/health/vaccination/policy/index_en.htm European Commission – Vaccination]
  
[http://www.cdc.gov/vaccines/ CDC - Vaccines & Immunizations]
+
* [http://www.cdc.gov/vaccines/ CDC - Vaccines & Immunizations]
  
[http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732013000500008&lng=pt Paulo Santos et al. RPMGF. 2013..29(5): 328-33]
+
* [http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732013000500008&lng=pt Paulo Santos et al. RPMGF. 2013..29(5): 328-33]
 +
<br>
 +
<br>
  
  
  
 +
{| border="0"
 +
|-
 +
! style="background: #efefef;" | <div style="float:left; font-size:x-large" class="small-12 medium-1 columns">[http://metis.med.up.pt '''Voltar à página inicial''']</div>
 +
! style="background: #efefef;" | <div style="float:right; font-size:x-large" class="small-12 medium-1 columns">[http://metis.med.up.pt/index.php/Mensagens '''Tem alguma dúvida? Fale connosco''']</div>
 +
! style="background: #efefef;" |[[file:Fb metis.png|30px|link=http://www.facebook.com/sharer/sharer.php?u=http://metis.med.up.pt/index.php/Programa_Nacional_de_Vacinação|alt=Alt text|Partilha no facebook]]
 +
! style="background: #efefef;" |[[file:Google_plus.png|30px|link=https://plus.google.com/share?url=http://metis.med.up.pt/index.php/Programa_Nacional_de_Vacinação|alt=Alt text|Partilha no google +]]
 +
! style="background: #efefef;" |[[file:TWT_METIS.png|30px|link=https://twitter.com/intent/tweet?text=Metis&url=http://metis.med.up.pt/index.php/Programa_Nacional_de_Vacinação|alt=Alt text|Partilha no twitter]]
 +
! style="background: #efefef;" |[[file:In_metis.png|30px|link=http://www.linkedin.com/cws/share?isFramed=false&url=http://metis.med.up.pt/index.php/Programa_Nacional_de_Vacinação|alt=Alt text|Partilha no LinkedIn]]
 +
! style="background: #efefef;"|[[file:PRINT_METIS.jpg|30px|link=http://metis.med.up.pt/index.php?title=Especial:Exportar_em_PDF&page=Programa_Nacional_de_Vacinação|alt=Alt text|Imprimir como pdf]]
 +
|}
  
<div style="float:center" class="small-12 medium-6 columns">
 
====[http://metis.med.up.pt Voltar à página inicial]====
 
</div>
 
  
 +
 +
<br>
 +
<div style="text-align: center; margin: auto; font-size: 90%; margin-top: -18px; margin-bottom: -20px;">
 +
[[Utilizador:Prof._Doutor_Paulo_Santos|Paulo Santos]]
 +
</div>
 +
<br>
  
  
Linha 71: Linha 123:
 
[[Categoria:Doenças Infecciosas]]
 
[[Categoria:Doenças Infecciosas]]
 
[[Categoria:Vacinação]]
 
[[Categoria:Vacinação]]
 +
[[Categoria:Prevenção primária]]

Edição atual desde as 13h07min de 17 de dezembro de 2020

Autor: Paulo Santos

Última atualização: 2020/10/01

Palavras-chave: Vacinação, Programa Nacional de Vacinação, Esquema de vacinação



Resumo


O Programa Nacional de Vacinação é um elemento fundamental da defesa da saúde das populações.
Em Portugal, inclui recomendações para 13 vacinas distribuídas ao longo da vida, sobretudo na infância.
A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.




Programa Nacional de Vacinação


A vacinação é o processo pelo qual a inoculação de um agente no corpo, seja um microrganismo ou uma substância, produz imunidade (defesas) para uma determinada doença.

História


A sua origem histórica perde-se nos primórdios do segundo milénio com relatos chineses de inoculações variólicas para prevenção da varíola, o mesmo acontecendo em África e na Turquia, onde aliás teve origem a técnica que em 1720 Lady Montagu introduziu em Inglaterra. Foi no entanto Edward Jenner quem trouxe uma abordagem de experimentação científica e em 1798 publicou os resultados da eficácia da inoculação do vírus da vaccinia (varíola bovina) na prevenção da varíola humana em 23 indivíduos, dando início à era moderna da vacinação.
Mais tarde, Louis Pasteur trouxe novidades com a descoberta da atenuação da virulência do agente, levando a uma explosão de conhecimento, traduzida pela descrição das vacinas contra a raiva e contra o antraz.
A evolução ditou a erradicação da varíola, com o último caso descrito em 1977 na Somália, e a quase erradicação da poliomielite prevista agora para 2020.
Na atualidade o número de vacinas é de vinte e cinco. A maioria dos países representados na OMS apresenta programas nacionais de vacinação estruturados, mais ou menos abrangentes, estimando-se uma redução mundial da mortalidade de cerca de 2,5 milhões de crianças por ano.

Em Portugal


Em Portugal, a vacinação variólica inicia-se em 1894 e permanece obrigatória até 1977, e as vacinas do tétano e da difteria iniciaram-se com carácter obrigatório em 1962, sendo atualmente as únicas vacinas de administração obrigatória.
O primeiro Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi publicado em 1965 e caracterizou-se pela distribuição universal e gratuita de vacinas à população de acordo com um calendário definido e seguindo as orientações técnicas estabelecidas. Foi criado nesta altura o Boletim Individual de Saúde que faria prova da vacinação. A primeira vacina foi a da poliomielite, seguida em 1966 pelas do tétano, da difteria, da tosse convulsa e da varíola, notando-se nos anos seguintes uma notável redução da mortalidade e morbilidade pelas doenças infeciosas alvo de vacinação.
O programa tem sido atualizado regularmente e, desde 2015, inclui recomendações para um conjunto de 13 vacinas estrategicamente distribuídas de forma a maximizar a proteção conferida na idade mais adequada e o mais precocemente possível:

Tuberculose Hepatite B Infeções do Haemophilus influenzae b
Difteria Tétano Tosse convulsa
Poliomielite Infeções por St pneumoniae Infeções por Neisseria meningitidis C
Sarampo Rubéola Parotidite epidémica
Infeções por papilomavírus humano Infeção por meningococos do grupo B Gripe

As vacinas do PNV são distribuídas e administradas gratuitamente nos Centros de Saúde e Unidades de Saúde Familiares.

Esquema recomendado no Programa Nacional de Vacinação, 2020


Na avaliação de 2012 do PNV, promovida pela Direção Geral da Saúde, a taxa de cobertura na infância era superior a 95%, mas a vacinação contra o tétano e difteria abrangia apenas 70% das pessoas aos 65 anos. A vacina contra as infeções pelo vírus do papiloma humano apresentava taxas de cobertura superiores a 85% para as 3 doses administradas. No entanto reconhece-se que o enorme sucesso dos programas de vacinação pode levar à perceção de que o risco associado à vacina seja superior ao da própria doença, diminuindo a adesão e assim comprometer esse mesmo sucesso.

A vacinação permite salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico.

Principais alterações do programa de vacinação de 2017


  • À nascença a vacina BCG (vacina contra a tuberculose) deixou de ser recomendada de forma universal desde junho de 2016, passando para uma estratégia de vacinação de grupos de risco.
  • Aos 2 e aos 6 meses de idade a VHB (vacina contra hepatite B), a Hib (vacina contra a doença invasiva por Haemophilus influenzae b), a DTPa (vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa) e a VIP (vacina contra a poliomielite), são administradas com uma vacina hexavalente (DTPaHibVIPVHB).
  • Aos 18 meses de idade os reforços da DTPa, da Hib e da VIP fazem-se com uma vacina combinada pentavalente (DTPaHibVIP).
  • Aos 5 anos de idade faz-se a 2ª dose de vacina combinada contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola (VASPR 2).
  • Aos 5 anos de idade fazem-se os reforços da DTPa e da VIP que se mantêm com uma vacina combinada tetravalente (DTPaVIP).
  • Aos 10 anos de idade, as raparigas fazem a 1ª dose de HPV9 (vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano de 9 genótipos). Mantém-se o esquema de duas doses (0, 6 meses).
  • As mulheres grávidas, entre as 20 e as 36 semanas de gestação, são vacinadas contra a tosse convulsa com a vacina Tdpa (vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa, doses reduzidas)
  • Os reforços com Td (vacina contra o tétano e difteria, doses reduzidas) em adolescentes e adultos, ao longo da vida, são alterados:
    • Primeira dose de Td aos 10 anos de idade;
    • Continuação com reforços aos 25, 45, 65 anos de idade, e posteriormente, de 10 em 10 anos.
  • Aos ≥7 e <10 anos de idade, no esquema vacinal tardio recomenda-se a vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa (Tdpa, doses reduzidas).
  • Às pessoas com risco acrescido para determinadas doenças, recomendam-se ainda as vacinas: contra tuberculose (BCG), infeções por Streptococus pneumoniae (Pn13 e Pn23) e doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B (MenB).



Principais alterações ao PNV em 2020


  • Alargamento a todas as crianças, aos 2, 4 e 12 meses de idade, da vacinação contra

doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B (vacina MenB).

  • Alargamento ao sexo masculino, aos 10 anos de idade, da vacinação contra infeções por vírus do Papiloma humano (vacina HPV), incluindo os genótipos causadores de condilomas ano-genitais.
  • A vacina contra rotavírus será administrada a grupos de risco a partir de dezembro de 2020, aguardando-se a atualização oficial do plano.

Conclusão


O Programa Nacional de Vacinação é o programa de saúde mais antigo em Portugal e o que demonstrou melhor benefício para as pessoas e para a sociedade em geral.
Verifique o seu Boletim Individual de Saúde (também conhecido por Boletim de Vacinas) e se não estiver atualizado dirija-se ao Centro de Saúde onde está inscrito e vacine-se.
A vacinação no âmbito do PNV é gratuita e eficaz.
E avise os amigos!

Referências recomendadas





Alt text Alt text Alt text Alt text Alt text




Banner metis 2024.jpg