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Autor: Liliana Beirão
Última atualização: 2017/05/06
Palavras-chave: Redes Sociais; Depressão; Isolamento Social; Suicídio; Adolescente
ÍndiceResumoA utilização das redes sociais pelos adolescentes é um facto consumado na evolução dos últimos anos. É um importante aliado no seu componente informativo e comunicativo, mas transporta inúmeros riscos, que convém conhecer. |
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As redes sociais são atores críticos no jogo da prevenção do suicídio, tanto nos adultos como nos adolescentes. No entanto, nem sempre aparecem do mesmo lado da barreira, apresentando efeitos ora positivos, ora negativos, na influência que exercem sobre os utilizadores.
Por um lado, surgem como fatores protetores, facilitando a identificação de pensamentos potencialmente depressivos e criando um espírito de auto-ajuda que permite ultrapassar com sucesso fases menos positivas da vida.
Por outro, facilitam a transmissão de muita informação, real ou ficcional, sem qualquer tipo de filtro, expondo indivíduos mais vulneráveis a uma espécie de contágio com consequências muitas vezes nefastas.
O jogo Baleia Azul, ou Sini Kit, como é conhecido em Russo, ou Blue Whale, em Inglês, está na mira atual das redes sociais. Já terá sido responsável por mais de 150 mortes na Rússia, e está a alastrar-se para outros países, incluindo Portugal, onde se contam já várias vítimas.
Este jogo é composto por um total de 50 desafios diários, focados na automutilação e que deve ser completado ao final de 50 dias. O nome atribuído surge de um dos desafios, onde é pedido ao jogador que se automutile e desenhe uma baleia azul no braço - acreditando na crença de que as baleias azuis dão à costa voluntariamente com o objetivo final de perderem a vida.
Cada desafio é enviado diariamente por um “administrador” que pede provas (fotografia ou vídeo) da sua resolução. O alvo incide sobretudo sobre adolescentes, destacando-se os que estão particularmente vulneráveis, deprimidos ou em situação de isolamento social. Uma das “regras” do jogo baseia-se no silêncio sobre todos os desafios, a maior parte envolvendo automutilação como cortes na pele com desenhos específicos, ou atirar-se abaixo de pontes e viadutos. Outra “regra” tem a ver com o compromisso de levar o jogo até ao fim, sem desistir, onde vai culminar com um incentivo ao suicídio.
Dados oficiais em Portugal mostram que o suicídio é a 3.ª causa de morte entre os 15 e os 34 anos e a 2.ª causa de morte entre os 15 e os 19 anos. É um problema de saúde pública que tem preocupado as autoridades de saúde, e levado à sua inclusão no Plano Nacional de Prevenção do Suicídio 2013-17, da Direção Geral da Saúde.
Sabe-se, porém, que a maioria destes jovens não procura a morte, mas sim aliviar o sofrimento que naquele momento parece disruptivo, desproporcionado e sem solução possível.
Ora quando temos dificuldade em sair de um determinado problema nada como procurar conselho noutra pessoa que, afastando-se da emotividade do momento, consiga ajudar a uma clarividência que nos está a faltar. Essa ajuda pode ser encontrada num familiar, num amigo ou num profissional.
Mas nem sempre é fácil ao próprio reconhecer que precisa de ajuda, o que torna necessário que outros à sua volta estejam atentos aos sinais de alarme:
As redes sociais estão para ficar e uma abordagem proibicionista, apesar de tentadora, é provavelmente ineficaz.
Aproveitar o que é bom e ensinar a lidar com o que não presta é uma estratégia mais racional, e promotora da eficiência, ao incluir as famílias, as associações de cidadãos, as organizações não governamentais de intervenção em grupos vulneráveis, e as instituições públicas e privadas com intervenção na área da saúde, ensino, segurança, justiça e segurança social.
O jogo da “Baleia Azul” vem sublinhar a importância do papel dos pais e da sociedade em geral, na promoção do diálogo e na supervisão dos comportamentos dos adolescentes.