Diferenças entre edições de "Convulsão febril na criança"

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Edição atual desde as 01h00min de 22 de dezembro de 2017

Autor: Joana Ferreira, Bárbara Prucha, Odete Pinto

Última atualização: 2017/12/21

Palavras-chave: Febre, Convulsão, Criança



Resumo


As convulsões febris são crises convulsivas que surgem em crianças saudáveis no início de uma doença febril, mais frequentemente durante a subida térmica. Na maioria dos casos os episódios são breves e param sem qualquer intervenção.
Apesar de serem situações autolimitadas e que desaparecem com o crescimento da criança, constituem uma causa importante de sofrimento e angústia para os pais, pelo que é fundamental conhecer a benignidade do quadro, as circunstâncias em que ocorre, a possibilidade de recorrência, bem como a ausência de relação direta com epilepsia, atraso mental ou lesão cerebral.




Convulsão febril na criança


As convulsões febris são contrações musculares involuntárias repetidas e/ou sustentadas, associadas a perda transitória de consciência. Acompanham a febre (temperatura axilar ou retal ≥ 38ºC), e ocorrem na ausência de doença neurológica subjacente ou outra causa de convulsão (por exemplo epilepsia). Caracteristicamente atingem crianças entre os 6 meses e os 5 anos de idade. São a causa mais frequente de convulsão em idade pediátrica e acontecem por uma tendência familiar, a idade mais jovem da criança e a subida rápida da temperatura num cérebro imaturo.
Nos países ocidentais, 2 a 5% das crianças saudáveis até aos 6 anos, apresenta, pelo menos, uma convulsão febril.

Como são as convulsões?


Na maioria dos casos a criança perde os sentidos, revira os olhos, fica com o corpo contraído e logo a seguir os braços e pernas começam a tremer. Depois de alguns segundos a minutos os movimentos param, o corpo fica mole e a criança adormece e acorda bem. Durante a crise pode ficar com os lábios roxos, espumar pela boca ou urinar.
Habitualmente as convulsões febris são classificadas em simples (duração inferior a 30 minutos, envolvem os dois lados do corpo e não se repetem nas 24 horas seguintes no mesmo episódio febril) e complexas (com duração superior a 30 minutos envolvendo apenas um lado do corpo e repetidas no mesmo episódio febril). As convulsões febris simples representam cerca de 85% dos casos.

O que se deve fazer se uma criança tiver uma convulsão febril?


O mais difícil e o mais importante é não entrar em pânico.

Numa crise convulsiva, recomenda-se:

  • Não colocar nada na boca da criança;
  • Deitar a criança de lado, num local seguro onde ela não se possa magoar;
  • Colocar o termómetro para avaliar a temperatura;
  • Despir a criança e baixar a temperatura corporal com um antipirético (do tipo do paracetamol ou ibuprofeno). Enquanto a criança estiver inconsciente, não administrar xarope para a febre, pelo risco de aspiração de vómito, preferindo os supositórios;
  • Se a criança já teve outras crises anteriormente, procurar o medicamento que lhe foi receitado para parar a convulsão (mas este só deve ser administrado se a convulsão ainda não tiver parado);
  • Controlar o tempo;
  • Dirigir-se ao serviço de urgência mais próximo ou telefonar para o 112.



Quando procurar ajuda médica?


Uma observação médica está sempre indicada, pois é muito importante assegurar que a febre associada à convulsão não é causada por uma doença grave.

Na primeira convulsão febril habitualmente é necessário a criança ficar em observação durante algumas horas. Se não for a primeira convulsão, e se a criança acordar bem, pode não ser preciso recorrer à Urgência Hospitalar de imediato, mas deve-se consultar o médico para averiguar e tratar a causa da febre.

É sempre preciso fazer exames?


Na maioria dos casos não é necessário fazer exames. Não está provado que uma convulsão febril simples possa causar “cicatrizes” (sequelas) no cérebro.

A criança pode voltar a ter convulsões quando tiver febre?


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Cerca de 1/3 das crianças volta a ter, pelo menos, mais uma crise com febre. No entanto, não significa que a criança tenha convulsão febril sempre que tem febre. O risco de uma recidiva parece ser maior nas seguintes situações:

  • Nos 6 a 12 meses após a primeira crise;
  • Se a convulsão surgiu com febre baixa;
  • Se a convulsão surgiu no primeiro ano de vida;
  • Se há história familiar de convulsões.



O que se deve fazer para evitar as crises?


Ao contrário do que muitos julgam, os medicamentos para baixar a febre (como o paracetamol ou o ibuprofeno) não evitam as convulsões febris. Mas perante uma convulsão febril, deve-se utilizar sempre um antipirético com o intuito de aliviar o desconforto da criança. O uso de medicamentos anti-epilépticos também não está recomendado em crianças com convulsões febris.

A criança pode ficar com epilepsia?


Epilepsia e convulsão febril são patologias diferentes. Cerca de 97% das crianças com convulsões febris não tem nem virá a ter epilepsia. O risco de epilepsia é maior quando há atrasos de desenvolvimento, história familiar de epilepsia ou crises febris complexas.

Conclusão


As convulsões febris são frequentes e podem ocorrer em crianças saudáveis.
Apesar de assustadoras, não causam problemas a longo prazo (lesões cerebrais ou epilepsia), cursando com uma evolução benigna e desaparecendo normalmente antes dos 6 anos.

Referências recomendadas



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