Autor: Beatriz Soares, Mágui Neto
Última atualização: 2016/05/13
Palavras-chave: Anticoncepção, Fertilidade, Sexualidade, Saúde Reprodutiva, Fármacos para a fertilidade feminina
A pílula é o método contracetivo mais utilizado pelas mulheres em todo o mundo.
No entanto, existem diversos conceitos errados sobre a utilização deste meio de prevenir uma gravidez.
Este artigo procura melhorar o conhecimento deste método contracetivo, esclarecendo mitos comuns que lhe estão associados.
Em Portugal, 85,4% da população feminina em idade fértil usa algum tipo de método contracetivo segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 2009.
A pílula é de longe o método mais utilizado.
Método | % de mulheres que utilizam | % gravidezes não planeadas | % mulheres que mantém o método após 1 ano | ||
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1997 | 2005-06 | Uso correto | Uso habitual | ||
Pílula | 62,3% | 65,9% | 0,3% | 8,0% | 68% |
Preservativo | 14,6% | 13,4% | 2,0% | 15,0% | 53% |
DIU (cobre) | 9,7% | 8,8% | 0,6% | 0,8% | 78% |
Todas as pílulas evitam a gravidez, mesmo as designadas “pílulas fracas” ou “pílulas de amamentação”. A diferença entre as diversas pílulas reside no tipo e na concentração das hormonas que as constituem, o que lhes confere diferentes propriedades para além da sua função contracetiva.
A escolha de uma pílula deve ser feita numa conversa entre a mulher e o seu médico, de forma individualizada, considerando:
De uma forma muito geral, existem 2 tipos de pílulas, cada qual com as suas vantagens, desvantagens e contraindicações:
As pílulas também diferem quanto ao esquema de toma. Há pílulas que devem ser tomadas durante uns dias consecutivos com uma pausa (o mais comum é 21 dias com uma pausa de 7 dias), e outras que devem ser tomadas continuamente durante 28 dias, sem pausas.
A tão conhecida “pílula de amamentação” é uma pílula apenas com progestativos. Está indicada para as mulheres que estão a amamentar, pois os estrogénios das pílulas combinadas interferem com a produção de leite materno, estando contraindicados nos primeiros 6 meses de amamentação.
As designadas “pílulas fracas”, ou de baixa dosagem, são pílulas com menor quantidade de estrogénios, o que poderá ter vantagens para algumas mulheres.
As hormonas das diferentes pílulas atuam por diversos mecanismos, sendo um dos mais importantes a inibição da ovulação. Estas hormonas têm um efeito variável sobre o ciclo menstrual. Consequentemente, algumas pílulas regularizam o ciclo, enquanto outras (as progestativas) podem induzir ciclos irregulares, ou mesmo ausência de menstruação, o que pode ser vantajoso para algumas mulheres. É importante saber que a presença ou ausência de menstruação não se relaciona com a eficácia da pílula.
A eficácia da pílula contracetiva é de 99,7% se utilizada corretamente e sem esquecimentos. O dia-a-dia, porém, diz-nos que o mundo real não é perfeito e na prática pode haver até 8% de falhas a maior parte das vezes por esquecimento da toma, mas também por outros motivos como ter vomitado logo após a toma, interações com outros medicamentos, e algumas doenças da mulher.
O balanço entre os riscos e os benefícios de tomar uma determinada pílula deve ser ponderado individualmente.
Existem casos em que as mulheres não podem tomar a pílula (contraindicações absolutas):
Algumas mulheres apresentam problemas de saúde que obrigam a ponderar muito bem se podem ou não tomar a pílula (contraindicações relativas):
A maioria das mulheres acredita que a toma dos antibióticos mais comuns reduz o efeito da pílula, o que não é verdade. A lista de medicamentos que reduz o efeito da pílula e, portanto, se associa a maior risco de engravidar, é curta, sendo que os únicos antibióticos que a integram são a Rifampicina e Rifabutina, utilizados no tratamento da Tuberculose.
A maioria dos anticonvulsivantes (“antiepiléticos”) também reduz o efeito da pílula e, por outro lado, os antirretrovirais (utilizados no tratamento do VIH/SIDA) podem reduzir ou aumentar a concentração das hormonas da pílula.
Se tomada corretamente, a pílula tem uma eficácia de 99,7%, o que significa que, mesmo assim, existe uma probabilidade muito baixa, de 0,3%, de surgir uma gravidez não planeada. No entanto, sabe-se que a maioria dos casos de gravidez em mulheres a tomar a pílula se deve à toma irregular (esquecimentos).
Assim, em caso de esquecimento:
Em caso de dúvidas, pode sempre aconselhar-se junto do seu médico assistente ou através da Linha Saúde 24.
É importante considerar que, se a mulher efetivamente tem dificuldade em manter uma toma diária regular, deverá optar por outro método contracetivo:
Todas as pílulas evitam a gravidez desde que tomadas corretamente. Cada pílula tem as suas vantagens e desvantagens.
A escolha deve obedecer a uma lógica personalizada em termos da perspetiva das condicionantes de saúde de cada mulher, mas também do contexto familiar, social, cultural e religioso, e da sua vontade e expectativa enquanto pessoa.
Não há receitas universais. Cada caso é único. A informação é a base para uma escolha livre e esclarecida.