Autor: Filipa Ribeiro, Ângela Teixeira
Última atualização: 2018/07/10
Palavras-chave: Leite artificial; Biberão; Esterilização; Manipulação; Lactente
Resumo
O leite materno, um alimento vivo, é a referência de alimentação do recém-nascido e do lactente, suprindo em exclusivo todas as necessidades nutricionais até aos 6 meses de idade. Recomenda-se que constitua a fonte láctea preferencial até ao final do 1º ano de vida.
Há inúmeras vantagens no aleitamento materno para a mãe e para o bebé, nomeadamente a nível afetivo/cognitivo para ambos e nutricionais para o bebé.
No entanto, há situações em que não é possível administrar o leite materno, tornando-se necessário recorrer ao leite artificial.
Os leites adaptados não são estéreis, e podem estar contaminados com microrganismos patogénicos suscetíveis de provocar infeção grave. É fundamental conhecer e aplicar as boas práticas relativas à manipulação e preparação do biberão, de modo a reduzir ao máximo o risco de infeção.
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Preparação do biberão com leite artificial
O leite humano é um alimento vivo, completo e natural e o reconhecimento das suas múltiplas vantagens reuniu o consenso mundial, defendendo-se a amamentação exclusiva até aos 6 meses de vida e, complementada com outros alimentos, até aos 2 anos ou mais.
Constitui a melhor forma de alimentar as crianças. O leite humano é melhor digerido, protege o bebé de infeções e alergias, facilita o contato afetivo com a mãe, é mais fácil de administrar e mais barato.
No entanto, há situações em que não é possível o aleitamento materno. Conhecer as melhores práticas com os leites adaptados pode diminuir o risco de complicações.
Lavagem e esterilização dos utensílios
O leite artificial não é um produto estéril, podendo estar contaminado com microrganismos patogénicos, como o Chronobacter sakazakii e a Salmonella, suscetíveis de provocar infeção grave.
Para reduzir este risco, devem ser adotados alguns cuidados em casa quanto à preparação, conservação e manipulação do leite artificial e aos utensílios a utilizar:
- Lavar as mãos com água e sabão;
- Lavar os utensílios (por ex. biberões, copos de alimentação, tetinas e colheres) em água quente com detergente. Os biberões e as tetinas devem ser esfregados com escovilhões no interior e exterior de modo a remover os resíduos de alimento remanescentes;
- Enxaguar os utensílios em água potável;
- Esterilizar os utensílios:
- Caso se utilize um esterilizador comercial doméstico, devem-se seguir as instruções do fabricante.
- Caso se opte pela fervura, devem-se submergir totalmente os utensílios, já previamente lavados numa panela cheia de água, garantindo que não ficam bolhas de ar presas no interior dos utensílios e que a panela não fica sem água. Deve-se manter a panela tapada até à utilização dos utensílios. As mãos devem ser novamente lavadas antes de os retirar do esterilizador ou da panela.
- Recomenda-se o uso de pinças esterilizadas para manipular os utensílios esterilizados.
Técnica de preparação
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Limpar e desinfetar a superfície onde vai ser preparado o biberão;
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Lavar as mãos com água e sabão e secar com papel ou com um pano limpo de uso único;
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Ferver um volume suficiente de água potável. Se utilizar uma chaleira automática, aguardar até que esta se desligue. Os micro-ondas não devem ser utilizados – podem produzir “hot spots” que podem queimar a boca do bebé;
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Verter a água fervida, ligeiramente arrefecida até aos 70ºC, para um biberão lavado e esterilizado, e verificar a quantidade apropriada pela graduação do biberão, ao nível dos olhos. A recomendação da temperatura mínima de 70ºC, defendida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras entidades, deve-se ao propósito de eliminar C. sakasakii e outras enterobacteriáceas que podem contaminar as fórmulas lácteas. No entanto, outras sociedades contestam esta recomendação por considerarem que a alta temperatura pode alterar a qualidade nutricional do leite;
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Observar a data de validade da embalagem da fórmula infantil e garantir que está aberta há menos de um mês;
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Acrescentar a quantidade exata do pó à água de acordo com as instruções indicadas no rótulo (30ml de água por 1 colher de pó). Encher a colher (que vem dentro da embalagem de leite), sem pressionar o pó, retirando o excesso com uma espátula de modo a que a colher fique rasa;
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Encaixar o biberão e a tetina, limpos e esterilizados. Agitar suavemente até os conteúdos estarem bem misturados;
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Arrefecer o biberão até à temperatura adequada, imediatamente após a preparação, mantendo-o debaixo de água corrente ou colocando-o num recipiente com água fria ou gelada, certificando que o nível da água está abaixo da tampa do biberão;
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Secar o exterior do biberão com um pano limpo ou descartável;
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Verter algumas gotas no pulso ou no dorso da mão para verificar a temperatura do leite, que deverá estar morno, pronto a administrar. Ao dar o biberão, este deve estar inclinado para baixo, com a tetina totalmente preenchida com leite, para o bebé não engolir ar e reduzir assim a probabilidade de cólica. Adicionalmente deve-se verificar que o leite cai gota a gota e não em jato;
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Devem ser eliminadas quaisquer sobras de tomas que não tenham sido consumidas no intervalo de duas horas.
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Preparação com antecedência
É sempre preferível consumir imediatamente, uma vez que as fórmulas infantis reconstituídas possuem condições ideais para o desenvolvimento de bactérias nocivas. Mas na prática pode ser necessário preparar biberões/porções com antecedência.
O biberão deve ser arrefecido e colocado no frigorífico, sem exceder os 5 °C de temperatura, até ao máximo de 24 horas. Só deverá ser retirado do frigorífico imediatamente antes de ser consumido e aquecido em “banho-maria” (40-42ºC), não excedendo os 15 minutos, ou num aquecedor de biberões.
O leite só deverá ser refrigerado e aquecido uma única vez.
Conclusão
É fundamental usar as boas práticas na manipulação e preparação do biberão com leite adaptado por forma a minimizar o risco de infeção.
Referências recomendadas