Autor: Sara Fernandes, Sofia Melo, Ângela Fernandes
Última atualização: 2020/02/26
Palavras-chave: dor, dor crónica, tratamento da dor
ÍndiceResumoA dor é uma das principais causas de sofrimento humano, estando associada a absentismo, incapacidade temporária e aumento dos encargos com a saúde. Afeta a qualidade de vida das pessoas e das suas famílias. A dor pode ser classificada como aguda (se duração inferior a 30 dias) ou crónica (quando duração superior a 30 dias). |
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A dor é definida pela International Association for the Study of Pain (IASP), como “uma experiência multidimensional desagradável, envolvendo um componente sensorial, e também, um componente emocional e que se associa a uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita em função dessa lesão”. É uma das principais causas de sofrimento humano, afetando a qualidade de vida das pessoas, e interferindo no seu bem-estar físico e emocional.
Pode ser classificada em função da sua duração: uma dor aguda dura menos de 30 dias; a dor crónica dura mais de 30 dias.
A dor que surge imediatamente a seguir a uma lesão é uma dor que, até certo ponto, é benéfica para o organismo. É um sinal de alarme, que serve para nos proteger. A dor crónica é uma dor persistente ou recorrente que dura para além da cura da lesão que lhe deu origem, ou que existe mesmo sem lesão aparente.
A dor crónica está associada a morbilidade, absentismo e incapacidade temporária ou permanente. Leva a elevados encargos com a saúde, tanto para o doente como para os sistemas de saúde, e tem impacto significativo na qualidade de vida do doente e das famílias. Estima-se que afete mais de 30% da população em Portugal.
O objetivo principal do tratamento da dor crónica é diminuir a intensidade e a duração da dor.
No entanto nem sempre isto é possível.
A dor é uma experiência subjetiva que depende de muitos fatores e não apenas da biologia e da química dos neurónios que transportam a informação. Os aspetos psicológicos, sociais e espirituais são fundamentais na forma como um estímulo é interpretado como positivo (prazer) ou negativo (dor), pelo que se entende que só uma intervenção holística poderá ajudar a viver com a dor, sobretudo na dor crónica.
Mais do que aliviar completamente a dor, devemos pensar em de que forma será possível ter uma boa qualidade de vida apesar de ter alguma dor, voltando a realizar tarefas do dia-a-dia que deixou de fazer como algumas atividades profissionais, as atividades de tempos livres, a higiene pessoal, ou passear com a família e brincar com os netos.
Em cada caso interessa valorizar o que é realmente importante para cada um.
O tratamento engloba medidas farmacológicas e medidas não farmacológicas.
A terapêutica farmacológica é fundamental no controlo da dor, na melhoria da capacidade funcional e da qualidade de vida. Neste grupo estão englobados vários medicamentos com ações diferentes, mas que se potenciam, como os analgésicos e os medicamentos adjuvantes. Os analgésicos incluem os anti-inflamatórios não esteroides, os anestésicos, e os opióides e destinam-se a aliviar a dor por ação direta sobre a condução nervosa. Os medicamentos ditos adjuvantes incluem os antidepressivos e os anticonvulsivantes e vão modelar as vias da dor e potenciar a ação dos analgésicos. Uns e outros obrigam a uma avaliação médica cuidada para adequar a melhor prescrição a cada caso em concreto.
A terapêutica não farmacológica faz parte do plano global de tratamento e tem poucos efeitos adversos. Quando realizada em conjunto com os fármacos, leva a uma potenciação do efeito terapêutico:
A dor é inevitável, mas controlável. Os medicamentos ajudam, mas não resolvem completamente. O doente tem um papel fundamental na implementação de ações para o controlo da dor, reduzindo o sofrimento.
É possível melhorar a sua qualidade de vida!