Autor: Ana Campos de Sousa, Duarte Figueiredo Pinto
Última atualização: 2018/11/22
Palavras-chave: Esquizofrenia; Saúde mental; Antipsicóticos; Psicoterapia; Suicídio
ÍndiceResumoA esquizofrenia é uma doença mental complexa e grave, estando entre as 10 principais causas de incapacidade a nível mundial, com uma prevalência entre 0,6 – 1,9%. |
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A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica grave e crónica que afeta a forma de pensar da pessoa, bem como a sua vida emocional e comportamentos.
A etimologia da palavra significa fragmentação da mente (frenia = mente; esquizo = fragmentada/dividida).
Atinge 0,6 – 1,9% da população, mais nos homens do que nas mulheres. Frequentemente os primeiros sintomas aparecem entre os 15 e os 24 anos de idade, embora as mulheres possam apresentar um início de doença mais tardio, entre os 55 e os 64 anos.
A causa da esquizofrenia não está esclarecida.
Pensa-se que a sua origem pode resultar da interação entre a genética e fatores ambientais ou consumo de drogas, como os alucinogénios ou anfetaminas, com alterações primárias do desenvolvimento do cérebro; ou pode ter origem em alterações secundárias através de um processo degenerativo contínuo.
Os sintomas são variados e podem ser divididos em 2 categorias:
Estar informado sobre a doença e sobre os tratamentos e outros apoios disponíveis, assim como estar consciente do que se pode esperar de uma pessoa com esquizofrenia é fundamental para o sucesso do tratamento.
O tratamento é essencialmente farmacológico, com medicamentos antipsicóticos que atuam em neurotransmissores cerebrais e permitem controlar os sintomas. A adesão ao tratamento é fundamental para a prevenção de recaídas, muitas vezes associadas à paragem total ou parcial da medicação.
Outros tratamentos como a psicoterapia são importantes para aconselhamento individual e de grupo, servindo de apoio e permitindo desenvolver competências que ajudam os doentes e os cuidadores.
As intervenções não farmacológicas são importantes para diminuir o impacto da doença e aumentar a qualidade de vida do doente e cuidadores:
A baixa qualidade de vida das pessoas com esquizofrenia depende de vários fatores que muitas vezes se conjugam no mesmo doente: ausência de amigos confiáveis, falta de contacto diário com a família, desemprego, pouca atividade de lazer, ansiedade, depressão, sintomas psicóticos, maior número de internamentos psiquiátricos e abuso de álcool ou drogas, mas o fator mais importante de incapacidade social é o comprometimento cognitivo crónico.
Os inquéritos em doentes apontam que as necessidades mais frequentemente indicadas como não satisfeitas são o estabelecimento de relações de trabalho e relações íntimas, integração em atividades diurnas, o suporte no sofrimento psicológico e nos sintomas psicóticos e no acesso a informação. Por sua vez, os familiares preocupam-se mais com a saúde do doente, o seu futuro, segurança e capacidade económica.
Por isso, o suporte profissional e social constituem ferramentas essenciais para o apoio ao doente e à sua família. Uma rede social pobre contribui para a falta de autonomia e para o estigma, podendo resultar em depressão e na diminuição da qualidade de vida. Por outro lado, a melhoria do suporte social reduz o estigma e melhora o desenvolvimento pessoal, reduzindo a depressão e melhorando a qualidade de vida.
Deste modo, a promoção e divulgação de informação sobre esta patologia na sociedade têm impacto positivo nos doentes e nas suas famílias, capacitando-as para lidar com os portadores desta doença.
O prognóstico desta doença não é bom, sobretudo nas pessoas com diminuição significativa da qualidade de vida, e possibilidade de múltiplas hospitalizações, recaídas, exacerbações e eventualmente tentativas de suicídio.
Há vários fatores que aumentam o risco de suicídio:
A esquizofrenia não tem cura definitiva, mas a adesão à terapêutica é fundamental para diminuir o impacto da doença e melhorar o prognóstico.
Uma atitude social inclusiva melhora a qualidade de vida das pessoas com esquizofrenia, reduz o estigma e melhora a sua perspetiva de vida.