Autor: Tatiana Neves, Ana Teixeira
Última atualização: 2020/12/17
Palavras-chave: Diabetes, Vacinação, Gripe, Doença invasiva pneumocócica, Streptococcus pneumoniae
ÍndiceResumoA Diabetes mellitus apresenta uma maior predisposição para as doenças infeciosas, que são mais frequentes e estão associadas a mais complicações, por diminuição da resposta imunitária. |
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A vacinação mudou por completo o panorama das doenças infeciosas e permitiu que várias doenças, antes responsáveis por epidemias e grande mortalidade, fossem controladas, e algumas até erradicadas.
Nas pessoas com Diabetes mellitus, há um maior risco de desenvolver infeções respiratórias, principalmente as causadas pelo vírus Influenza (Gripe) e pela bactéria Streptococcus pneumoniae, responsável pela maior parte das Pneumonias, com aumento de complicações, maior necessidade de hospitalização e maior mortalidade associada.
Diversos mecanismos podem explicar a maior suscetibilidade à infeção, tais como a hiperglicemia (aumento dos níveis de açúcar no sangue) que propicia alterações no sistema imunitário, as complicações secundárias à diabetes, como, por exemplo, as alterações a nível do sistema nervoso periférico (neuropatia), vasculares (das veias e artérias) ou do sistema gastrointestinal e urinário, e o maior número de intervenções médicas a que estes doentes estão sujeitos.
A vacinação contra estas infeções está disponível e é fundamental na pessoa com Diabetes.
Tal como a todas as pessoas em Portugal, são recomendadas as 13 vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação: contra hepatite B, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos, doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B e do grupo C, sarampo, parotidite epidémica, rubéola e ainda a vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano.
A gripe é uma doença aguda viral, que afeta predominantemente as vias respiratórias. Na maioria dos casos cura espontaneamente, apenas com medidas gerais de controlo da febre, das dores e da hidratação, mas podem ocorrer complicações, particularmente em pessoas com doenças crónicas, como a Diabetes.
A vacinação antigripal é a principal medida de prevenção, útil na proteção contra as formas mais agressivas da doença.
Todos os anos há recomendações específicas internacionais para a composição da vacina antigripal. Atualmente, é uma vacina tetravalente que inclui quatro tipos (estirpes) do vírus influenza inativado, tendo em conta a sua prevalência. Não contém vírus vivos, pelo que não pode provocar a doença. Em Portugal, tem sido distribuída às pessoas com Diabetes gratuitamente nos Centro de Saúde.
A vacina não protege contra outros vírus respiratórios muito comuns durante os meses de outono e inverno, que continuam a provocar doença respiratória. Também pode ocorrer gripe por outras estirpes que não estão incluídas na vacina, mas tende a ser mais ligeira do que nas pessoas que não estão vacinadas.
A época de vacinação inicia-se em outubro e estende-se durante o Outono, devendo ser feita preferencialmente até ao fim do ano, de modo a conferir proteção aquando do pico de incidência da infeção, que normalmente se verifica no mês de janeiro.
A vacina é administrada todos os anos, dado que o vírus da gripe está em constante alteração e a imunidade provocada pela vacina não é duradoura.
O Streptococcus Pneumoniae provoca a Doença invasiva pneumocócica, que para além da pneumonia, inclui a bacteriemia (presença de bactérias no sangue) e a meningite (infeção das meninges que é a membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal).
A vacinação previne as formas invasivas de doença pneumocócica causada pelos serotipos incluídos na vacina e, tendo em conta os potenciais benefícios, riscos limitados e baixo custo, é recomendada quando há risco aumentado de infeção, tal como nas pessoas com Diabetes mellitus.
Atualmente, em Portugal, as vacinas pneumocócicas aprovadas para a prevenção da doença pneumocócica na população adulta são a vacina pneumocócica polissacárida 23-valente (VPP-23) e a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC-13).
Recomenda-se que sejam inoculadas sequencialmente ambas as vacinas com 6 a 12 meses de intervalo de acordo com esquemas que são adaptados a cada situação. Algumas pessoas com risco aumentado de doença podem beneficiar da administração de reforços ao longo da vida.
Na prevenção das infeções respiratórias na Diabetes mellitus é importante, para além do controlo da doença, a vacinação antipneumocócica e a vacinação anual contra a Gripe.